Entenda as razões para essa decisão e como a guerra na Ucrânia influencia a questão da energia na Europa
No dia 15 de abril, a Alemanha fechou suas últimas três usinas nucleares. Essa foi uma vitória para os ambientalistas da nação, que lutam há décadas contra esse tipo de energia e intensificaram os protestos depois do acidente nuclear em Fukushima, no Japão, em 2011. Alguns políticos, no entanto, reprovam a decisão do governo pelo fechamento.
Com a guerra na Ucrânia, países como a Alemanha aplicaram sanções (restrições) à Rússia, um dos principais fornecedores na Europa de gás natural, substância também usada para gerar energia (relembre na edição 193). Assim, a oferta de energia na região diminuiu e os valores aumentaram. Por isso, algumas lideranças acreditam que a Alemanha deveria utilizar as usinas nucleares para ter mais opções e, consequentemente, tarifas mais baratas.
Para substituir o que era produzido nas usinas fechadas, o governo alemão tem gerado mais energia com a queima de carvão (que polui o meio ambiente). Além disso, afirmou que será preciso investir em energia eólica (que usa a força do vento) para atender as necessidades da nação.
O que são usinas nucleares?
Esses locais produzem energia a partir do fenômeno químico da fissão nuclear. Nesse processo, um elemento é dividido em duas partes menores, o que causa liberação de energia. Apesar de não gerar gases poluidores, as usinas nucleares trazem outras ameaças.
Uma das principais críticas é em relação ao risco de vazamento de material radioativo (que prejudica o meio ambiente e a saúde humana), como o que aconteceu em Chernobyl, em 1986, na atual Ucrânia. Dados oficiais apontam que 31 pessoas morreram na tragédia. Já a Organização das Nações Unidas (ONU) diz que 4 mil pessoas, em várias regiões, podem ter morrido por problemas gerados pelo contato com o material vazado.
Decisão oposta na Finlândia
Enquanto a Alemanha fechou as usinas nucleares, a Finlândia começou a produzir energia no maior reator nuclear (dispositivo usado em usinas nucleares) da Europa, no dia 16 de abril.
Para entender por que a Finlândia tomou um caminho oposto ao da Alemanha, o Joca entrevistou Eduarda Zoghbi, mestre em política energética pela Universidade Columbia. “A Alemanha se organizou para não precisar mais dessa energia a longo prazo”, afirmou ela.
A especialista, porém, não acredita que a decisão alemã será seguida por outros países do continente. Para ela, as nações vão buscar diminuir a dependência que mantêm da energia produzida por outras nações. “[Por essa razão] eu vejo que a Europa vai começar a pensar mais em energia nuclear do que pensava antes da guerra da Ucrânia”, conclui Eduarda.
Correspondente internacional
“O Partido Verde [que defende causas ambientais] tem muita força aqui na Alemanha. Eu acho importante preservar a natureza, porque ela criou a humanidade e tudo o que existe. Se a natureza morre, nós também morremos, porque somos parte dela.” Nina S., 12 anos, de Hamburgo, Alemanha
Fontes: BBC, Brasil Escola, DW Brasil, Exame, G1, O Globo e UOL.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição 204 do jornal Joca.
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