Há mais de 15 anos, o programa Imprensa Jovem está presente na vida dos estudantes da rede pública da cidade de São Paulo. O objetivo é levar os alunos ampliar os canais de comunicação da escola onde estudam com sua comunidade. Para isso são criadas agências de notícias dentro dos colégios. Ali, os jovens colocam a mão na massa para aprender e produzir conteúdos, compartilhados no YouTube, blogs, mídias sociais, rádios, entre outros meios de comunicação.

Para entender mais sobre o tema, os repórteres mirins Maria Luiza A. S. e Guilherme G. A., ambos de 12 anos e integrantes do Imprensa Jovem na Emef Des. Teodomiro Toledo Piza, na cidade de São Paulo, conversaram com Carlos Lima, coordenador do Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e líder do programa Imprensa Jovem na cidade.

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Carlos Lima esteve nas primeiras iniciativas do programa Imprensa Jovem, criado em 2005. / #pracegover: foto de Carlos Lima em frente ao computador e ao lado de equipamentos de som. Ele está sentado e veste calça e camiseta escuras . Crédito de imagem: ARQUIVO PESSOAL

Em que ano foi criado o Imprensa Jovem?
Em 2005. Surgiu durante uma reunião de um projeto de rádio que tínhamos em uma escola, quando conversávamos sobre o que os alunos gostariam de trazer para os programas. Um dos estudantes perguntou se eles poderiam fazer um programa com os “tiozinhos” da noite. Eram os alunos do EJA [Educação de Jovens e Adultos]. Esse estudante achava que o pessoal do EJA poderia ajudar a produzir notícias. Ele acreditava que, com isso, a rádio poderia virar um projeto também para fora da escola, para a comunidade ao redor. Os programas feitos pelos alunos até então tinham muita música, brincadeiras, mas não notícias. O grupo do EJA passou a entrar para contar os casos da comunidade.

E como surgiu o nome Imprensa Jovem?
Foi também em 2005, durante o Congresso Municipal de Educação, da Prefeitura de São Paulo. Equipes de escolas de diferentes lugares da cidade foram para o evento fazer entrevistas com quem estava visitando e se apresentando, como professores, especialistas e políticos. Os estudantes fizeram uma entrevista coletiva com o jornalista Paulo Henrique Amorim, que estava lançando um livro. Depois da entrevista, em que o Paulo Henrique falou sobre a educação e as crianças fazendo mídia, um dos alunos veio até mim e disse: “Isso parece imprensa jovem”. Foi aí que a ideia pegou.

Qual é o potencial do projeto?
Quando a gente envolve o estudante para produzir na escola, colocando a mão na massa, ele consegue aprender muito mais do que ficar só ouvindo os professores. Em projetos como o Imprensa Jovem, a comunicação é colocada à disposição dos alunos, com a participação deles, construindo uma nova mídia, aprendendo mais. Embora seja um projeto diferente das aulas do dia a dia, o Imprensa Jovem reúne diversos conteúdos da escola. Tem língua portuguesa, geografia (como quando se faz uma atividade sobre a região onde o aluno mora), ciência (quando a notícia é sobre vacina, por exemplo) etc. E faz muito sentido para o estudante quando ele vai transformar tudo isso em informação importante para ele mesmo e a comunidade.

#pracegover: Guilherme usa colete laranja e blusa azul-marinho. Ele faz o sinal da vitória com os dedos da mão direita. Foto: arquivo pessoal

O projeto Imprensa Jovem está bombando em nossa escola. Acontece desse jeito também nas outras escolas?
Na sua escola está dando tão certo porque vocês têm um professor muito animado, que embarcou nisso com vocês. O professor é muito importante para tornar o projeto legal. E existem muitas escolas na rede que também têm professores legais. Eles ajudam o projeto a “bombar”, fazendo os estudantes até passarem do horário para fazer as coisas do Imprensa Jovem. O professor não determina o que vocês devem fazer, mas ouve e discute com os alunos para todos chegarem a que tipo de produção de mídia vão construir. Se vocês são ouvidos e há pessoas que deixam vocês criarem e praticar a comunicação, o projeto caminha bem.

Quantas escolas têm o Imprensa Jovem ativo hoje?
Antes da pandemia, tínhamos 417 agências de notícias em toda a cidade, da educação infantil ao ensino médio. Por dois anos, em virtude da pandemia, o projeto não funcionou dentro das escolas, e sim pela internet, com algumas equipes que fizeram um trabalho remoto do Imprensa Jovem. Agora, esta- mos retomando. Em 2022, estamos prevendo mais de 400 projetos na cidade.

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#pracegover: Maria Luiza usa colete laranja e blusa preta. Ela sorri. Foto: arquivo pessoal

Alguns dos nossos colegas achavam que o Im- prensa Jovem só existia em nossa escola.
Eles têm essa impressão porque vocês de- vem gostar tanto do projeto que pode parecer que estão em um ambiente diferente dos outros. Fica a impressão de que não existe outro lugar tão legal quanto o Imprensa Jovem na sua escola. Isso é sinal de que vocês enxergam o quanto o projeto é importante.

Você tem algum sonho para o futuro do Imprensa Jovem?
O Imprensa Jovem vai ser, no futuro, o maior canal de comunicação das juventudes do mundo. Vai ser um espaço para vocês falarem, se expressarem. É um sonho. A força e a potência dos jovens existem para criar esse canal de comunicação. Eu acredito muito que isso vai acontecer um dia.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 186 do jornal Joca.

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