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Nesta primeira sexta-feira de maio, dia dos Contos de Carlotas aqui no site do Joca, o Zeca nos ajuda a refletir sobre essas primeiras semanas de quarentena por causa do novo coronavírus. E você, o que tem sentido? Compartilhe com a gente a partir da história do Zeca.


Por Fernanda Martins Gutierrez 

Zeca é um menino muito falador e adora contar histórias. Ele mora em Carlotas com a mãe, Nara, e a irmã, Tuca. Adora jogar futebol no campinho, ou em qualquer lugar, está sempre com a bola debaixo do braço e, quando começa a falar, coloca a bola no pé, para equilibrá-la, enquanto conversa. Ele e Tuca estudam na escola perto da casa deles. Zeca tem muitos amigos, Tuca só tem uma. O Zeca veio aqui conhecer você e, óbvio, contar a história! Ele quer falar sobre como ele e a família estão passando esse momento de pandemia. Leia e conheça os sentimentos do menino nesse momento difícil, lidando com uma pandemia global. Vamos à história!

Zeca:
Acordei no fim de semana sem entender o que minha mãe falava. Estava com minha avó no telefone e parecia muito preocupada. Escutei meu nome e o da Tuca. Logo pensei: “Senta que lá vem bronca!”.

Fui atrás de Tuca para tentar entender toda essa preocupação da minha mãe. Tuca tem baixa visão, então tenho que chegar bem pertinho dela para que possa me ver. Nem precisei começar a conversa com a minha irmã, pois nossa mãe entrou no quarto bem na hora que íamos começar a tentar entender o que estava acontecendo.

Ela disse que iríamos para escola somente na segunda feira e, depois, a escola iria fechar por um tempo. Na hora fiquei feliz, pois tinha um exercício de matemática para entregar na terça-feira e não ia precisar fazer, mas vendo o rosto preocupado da mamãe, minha alegria se transformou em medo: “Por que será que não vamos pra escola?”.

Segunda-feira, cheguei à escola e estava uma confusão. Cada um falava uma coisa, ouvi palavras como: vírus, doença, máscaras, corona, pandemia – que não sei o que é, mas me lembrou do Gato-mia. O que entendi mesmo é que iria ficar sem poder sair, só poderíamos ficar EM CASA. O que faço sem o campinho? Sem o Pedro e o Rafael? E o pior: a professora disse que não poderíamos ter contato com pessoas mais velhas. E agora? Achei tudo muito estranho porque passo todas as tardes com a Vó Maria.

Chegando à casa da minha avó naquele dia, ela disse que esse tal de coronavírus era muito perigoso. Não entendi. Perigoso? Eu não tinha entendido isso. Ela sempre falava que perigoso era o cachorro do vizinho, que late quando chegamos perto do portão. Como será que o vírus é perigoso? A professora falou que não podemos encostar no outro e não pode colocar a mão na boca ou nos olhos. Fiquei pensando ali com a vovó: como que algo perigoso vive em um abraço? Ela também não sabia a resposta.

Minha mãe chegou mais cedo para me pegar na casa da vovó e, desta vez, ela entrou em vez de buzinar do carro. Sentamos na sala para conversar e a mamãe contou que começaríamos uma quarentena. Quaren.. o queeeê? Ela nos explicou que quarentena é quando precisamos nos recolher, ficar em casa, sem sair. Ela disse que ela continuaria a trabalhar em casa e nos explicou que o vírus se espalha com facilidade e que, se não ficamos em casa, podemos pegar. Disse que não precisamos ficar com medo, mas devemos ser cuidadosos. Não aguentei. “Mãe, o campinho e a casa da vó estão liberados?” Ela disse um NÃO bem grande. Fiquei com muita raiva. Como fazer para encontrar meus amigos?

Tuca me acalmou em um abraço e me disse que ia ficar tudo bem, ela disse que abraço de mana pode, e minha mãe concordou. Mesmo sabendo que a Tuca é mais nova e nem sabia de nada, eu me tranquilizei, pelo menos tenho ela com quem brincar em casa. Mamãe continuou e disse que precisamos lavar bem as mãos sempre que entramos em casa. A dica dela é que, a cada lavada, cantemos “Parabéns a Você” duas vezes.

Os dias passaram. Semanas passaram. Eu e Tuca brincamos e brigamos muito também – coisa de irmãos! Assisti à TV, fiquei na janela admirando o campinho e pensando na vó Maria, ligava para ela todos os dias, às vezes mais de uma vez por dia. Tenho alguns jogos no computador. Não tenho celular. Minha mãe disse que ainda não tenho idade para ter e ela também não tem condições de comprar. Estava entediado, nada me animava. Nossa rua, que sempre foi barulhenta, estava tranquila. Nem o Cristóvão, o moço que vende pão, passou. Isso me deixava inquieto e com uma sensação pesada no peito.

Até que tive uma brilhante ideia. O Pedro mora duas casas para cima, então, com a ajuda da mamãe, que se fez de correios, mandei uma carta para ele. E ele respondeu no mesmo dia. Então começamos a nos comunicar por cartas. Eu escrevia para ele todo dia, e sempre achávamos uma carta debaixo do capacho, falávamos do nosso dia, dos desenhos a que estávamos assistindo e também como estávamos nos sentindo. Acho que nem eu nem ele sabíamos ao certo o que sentíamos. Tudo ainda estava muito confuso, tinha dias que eu chorava sem saber o porquê e outros que eu estava feliz e brincando sem lembrar da tal quarentena.

Hoje, já passou mais de um mês, estamos mais acostumados com a situação. Minha mãe está conosco desde o primeiro dia. Às vezes, ela está estressada com o trabalho, mas mantém o tom de voz tranquilo, o que sempre me acalma. Ela sempre explica que precisamos entender que esse momento é apenas uma fase e logo vai passar. Ela me explica melhor: “Sabe as fases do seu videogame? Esta é uma fase difícil, daquelas que temos que jogar muito para passar, que nos frustra e nos deixa nervosos, mas passa. Sempre passa”.

Para conhecer outros personagens que ilustram diálogos importantes, visite carlotas.org.

Clique na imagem abaixo para imprimir.

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Comentários (14)

  • Giovanna Prates

    3 anos atrás

    Achei bem legal a Historinha

  • Isabella Gíngaro Estácio

    3 anos atrás

    muito legal e interessante

  • Anna Carolina

    3 anos atrás

    Achei bem legal :D

  • lucas

    3 anos atrás

    muito legal porque esplica o que nos estamos passando Responder

  • Ana Carolina

    3 anos atrás

    muito legal porque esplica o que nos estamos passando

  • Marcella da Silva Andrade

    3 anos atrás

    Eu achei muito legal e interessante

  • Thiago

    3 anos atrás

    achei muito legal é o que estamos vivendo.

  • Breno da Costa Navarro

    3 anos atrás

    LEGAL E INTERESSANTE

  • Valentina

    3 anos atrás

    legal

  • Jenefer Pyetra

    3 anos atrás

    Oi eu achei muito legal e divertido vou endicar para meus amigos

  • alicia de souza marques

    3 anos atrás

    eu achei bem interesannte

  • MARIANA

    3 anos atrás

    muito legal vou mandar cartas para minhas amigas tb.

  • Gabriely Barbosa Magela

    3 anos atrás

    Achei interessante

  • Maria Zilma De Sousa Morais

    3 anos atrás

    Muito bom estou adorando fazer esse curso, todo material de Excelente qualidade.

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