Pesquisadores na Antártica
Pinguins na Antártica: o continente tem características únicas

Os leitores Ana Laura, Daniel, Júlia e Marina, de 9 anos, de Belo Horizonte (MG), entrevistaram a professora e pesquisadora Claudinéia Lizieri para a seção Repórter Mirim da Edição 114 do Jornal Joca.

A Antártica não tem dono nem governo, pelo menos não da forma como conhecemos. No extremo sul da Terra, o continente tem essas e outras características únicas. Durante seis meses faz sol o tempo todo e, na outra metade do ano, só há escuridão. Lá não há casas, muito menos internet. O mar é tão gelado que, se você cair nele, tem apenas 90 segundos para escapar! Nunca foram encontrados vestígios de vida humana que habitaram o lugar, mas ele é fundamental para os cientistas porque contém fósseis que ajudam a contar a história do planeta. Além disso, ali os estudiosos observam a mudança no clima da Terra.

Interessados no assunto, os repórteres Ana Laura, Daniel, Júlia e Marina, de Belo Horizonte, entrevistaram a professora e pesquisadora Claudinéia Lizieri, que já esteve três vezes no continente gelado. Ela viajou pelo Programa Antártico Brasileiro, pelo Programa Antártico da Nova Zelândia e em navio de turismo. Atualmente, é professora do Centro Universitário de Belo Horizonte e membro da Associação de Cientistas Polares em Início de Carreira. O bate-papo aconteceu na casa da Ana Laura.

Qual é o nome correto: Antártida ou Antártica?
Os dois termos são corretos, sendo Antártida o nome mais antigo. Com o passar do tempo, achou-se mais apropriado dizer Antártica, que significa polo oposto. Isso porque nós temos o Ártico, no polo norte, e a Antártica, no polo sul.

Como a Antártica foi descoberta?
Essa é uma história muito bonita, longa e de aventura! Imagine como pessoas chegaram à Antártica sem GPS e toda a tecnologia que temos hoje? Exploradores que desbravavam os mares para caçar baleias desconfiaram que havia terra no polo sul, por causa de icebergs soltos. Em 1911, o norueguês Roald Amundsen foi o primeiro a chegar lá.

Acampamento de pesquisadores na Antártica:  é proibida a exploração de recursos minerais e o armamento no continente

A quem pertence o continente?
Na verdade, ele não tem um dono nem divisões geopolíticas, não há um governo específico da forma como conhecemos. O que existe é o chamado Tratado Antártico, que foi assinado pelos países que fazem pesquisa e trabalham ali. O acordo proíbe exploração de recursos minerais, armamento e qualquer atividade militar e diz que a Antártica é um local destinado à ciência e paz. Olha que lindo!

Quem pode ir para a Antártica?
É possível ir como pesquisador ou turista. A maioria dos cientistas, de todo o mundo, vai por meio de programas de seu país. No Brasil, o transporte é feito por um avião da Força Aérea Brasileira chamado Hércules ou em navio da Marinha. Turistas vão por meio de agências turísticas. Até crianças podem ir! Que tal férias na Antártica? Basta economizar e juntar o dinheiro para comprar a sua viagem (risos).

É verdade que há dias em que o sol não nasce e outros em que não se põe?
Sim! Há seis meses de escuridão e seis de luz, o que quer dizer que metade do ano não vemos o sol nascer e durante seis meses o sol está presente 24 horas. Isso acontece por causa do ângulo de inclinação da Terra, do movimento de rotação e do ponto do planeta em relação ao sol.

Os pesquisadores vão para lá somente na época que tem luz do sol?
Geralmente, sim, mas alguns vão também no inverno para entender o que acontece nesse período. É um trabalho muito difícil para quem vai nessa época do ano.

Pesquisadora tomando banho de sol: durante metade do ano não vemos o sol nascer e por seis meses o sol está presente 24 horas

O que os pesquisadores estão estudando na Antártica?
Os mais diversos temas. Há biólogos, geólogos, meteorologistas, profissionais da veterinária, medicina… Eles estudam biologia e comportamento dos animais, como pinguins, distribuição das espécies e o que interfere nisso. E mais: movimento e derretimento das geleiras, mudanças climáticas etc. Por ser um continente congelado, a Antártica reserva muita história do passado, coisas que não sabemos. Lá há muitos fósseis, de modo que conseguimos construir a história do passado.

Qual o tipo de vida no continente?
Como a Antártica é muito fria, seca, um local onde venta muito e há condições climáticas drásticas, não existe a quantidade de vida observada no Brasil, por exemplo. Mas são encontrados microrganismos como bactérias, cianobactérias (bactérias que obtêm energia por fotossíntese) e algas. Há também espécies de pinguins, focas, leão-marinho, elefante-marinho, que a gente encontra em terra na Antártica. Tem peixes, krill, baleias, animais que vivem exclusivamente no mar. Existem apenas duas espécies de plantas nativas na Antártica, que estão restritas a uma área chamada Antártica Peninsular, e espécies de musgos, fungos e liquens.

É realmente muito frio na Antártica?
Sim, mas o principal desafio, na verdade, é o vento. Ele dificulta a caminhada e o trabalho. Na Antártica foi registrada a menor temperatura da Terra: 89 graus negativos. Vocês podem imaginar o que é isso? A temperatura de um freezer de geladeira é de 20 graus negativos. Portanto, 80 graus negativos é a temperatura de um superfreezer. No entanto, usamos roupas adequadas para trabalhar e dormimos em barracas no acampamento que são corta-vento, em sacos de dormir especiais. Dessa forma, não passamos frio.

Qual é a principal diferença entre o polo norte e o sul?
A região do Ártico, ao norte, é basicamente um oceano congelado, que tem um ciclo de derretimento natural. Durante o verão, quase metade do gelo do Ártico derrete e vai congelar de novo somente no inverno. O local foi povoado pelos esquimós. No continente antártico, no sul, nenhum vestígio de povo indígena ainda foi descoberto como no Ártico. A região é mais fria do que a ártica e é formada por rochas, montanhas, vales e lagos cercados pelo oceano. E uma curiosidade: a maioria das pessoas pensa que ursos-polares e pinguins compartilham o mesmo habitat, mas isso não é verdade. Pinguins vivem apenas no polo sul, isto é, na Antártica, e ursos-polares no polo norte, no Ártico. Se ambos vivessem na mesma região, os ursos não teriam que se preocupar com sua fonte de alimento, não é mesmo?

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Comentários (2)

  • Pierre

    3 anos atrás

    que inveja dessa mulher

  • Felipe Vieira Coutinho Querino

    5 anos atrás

    que interessante

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