Uma aventura fora do país aguarda pela personagem dos Contos de Carlotas deste mês.
Você que acompanha o Joca já sabe: toda primeira sexta-feira do mês é dia de Contos de Carlotas! Para abril, a personagem é Norma, uma mulher que vive uma incrível aventura pelo mundo.
Por Carla Scheidegger
Norma é uma mulher simples, corajosa e delicada.
Ela teve a sorte de nascer num vilarejo desses de interior. Sabia as horas pela posição do sol, do cantar dos pássaros e das cigarras. Andar descalça a deixava feliz, pois podia sentir o calor do chão sob os pés. Tinha uma coleção de vestidos leves e coloridos, costurados pela avó. Seus cabelos cacheados e escuros estavam sempre presos por um galho de flamboyant.
Norma adorava aulas de história e geografia porque sonhava com o mundo além daquela vida pacata que levava. Gostava de ir ao cinema para ver filmes estrangeiros e aprender outras línguas, para poder conversar com o menino que vinha da Irlanda! “Ah, a Irlanda!”
Como seria o sol por aquelas bandas?
Foi pesquisar na internet. Descobriu que na Irlanda tem mais dias de chuva do que de sol e que a música típica vem de uma cultura milenar, a dos celtas. Adorava descobrir sobre os povos e suas tradições ao redor do mundo.
Norma concluiu os estudos, inscreveu-se em um programa de au pair, fez as malas e foi ver o sol nascer no hemisfério norte.
Logo ao chegar ao aeroporto da Inglaterra para fazer conexão, foi confrontada com o primeiro desafio. Não falava inglês o suficiente para explicar no controle de passaporte o que tinha ido fazer lá. Um momento de insegurança, pois nem seu sorriso mais maroto e sincero, que sempre garantia um descontinho na venda do seu Manoel, quebrava o gelo daquele policial federal inglês. “Os ingleses são um povo muito frio. Que má vontade!”, pensou ela.
No início, tudo era diferente e mágico. Ela estava fascinada em conhecer a história do velho continente ao vivo e em cores. Quando encontrava pessoas interessadas em conversar, já ia logo dizendo: “Sou brasileira”, e ouvia: “Que legal, o país do Carnaval…” . Ela se decepcionava, pois como nunca havia ido sequer a um baile de Carnaval, não queria ser identificada com sambalelê. Aos poucos foi percebendo que as pessoas tinham o costume de simplificar as coisas e ficar em na superficialidade. Assim como ela fizera com o policial no aeroporto. Como Norma não dominava a língua, não conseguia mostrar sua essência e ir a fundo nas ideias que a interessavam. Às vezes passava aperto, pois não conseguia nem encontrar o banheiro mais próximo.
Cobriu os vestidos leves e coloridos com casacos emborrachados e botas de chuva — sua proteção. Já não sentia mais o chão quente com os pés. Um período difícil, em que não podia contar sua história, pois tinha que escrever um novo capítulo no livro de sua vida.
No entanto, o tempo passou e, apesar dos tantos “nãos” que estava enfrentando, a vida lhe deu de presente muitos “sins”. Norma aperfeiçoou o inglês, fez amigos e experimentou novos pontos de vista. Percebeu, então, que era feliz naquele novo cenário. Trocou o som dos pássaros pelas baladas do sino da igreja para saber as horas. Adaptou-se. Aprendeu muito, principalmente sobre seus limites, suas emoções e sua capacidade de seguir em frente, apesar das barreiras no caminho. Sentia falta dos galhos para prender os cabelos, mas aprendeu a dar valor ao gorro que esquentava as orelhas.
Já não era mais a mesma. Amadureceu e deixou de ser a frágil menina do interior para se tornar uma mulher forte e vencedora, pois as normas ali eram outras.
Para conhecer outros personagens que ilustram diálogos importantes, visite carlotas.org.
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Eu gostei da história da Norma,ela me inspira a ser uma pessoa feliz,saudavel,gentil e a ser mais eu, você é demais Norma! Victor-10 anos 5o ano E
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