Por Stéphanie Habrich

Quem pensa que o jornalismo infantojuvenil tem a ver apenas com levar as notícias factuais ao público mais jovem pode se surpreender ao compreender que atividades com notícias em sala de aula são uma ferramenta educacional potente quando aliadas às disciplinas do currículo escolar. Do Português à Matemática, passando pela História e a Geografia, ou em qualquer outra disciplina, todo o conteúdo pode encontrar no jornal um verdadeiro aliado para a compreensão do mundo e a formação do senso crítico.

Elementos comuns da sala de aula, como gráficos, estatísticas e mapas também fazem parte da esfera jornalística. No entanto, talvez, você, como mãe ou pai, se pergunte: qual é a diferença entre estudar todas essas áreas de conhecimento com os materiais didáticos e vivenciar esses campos com o auxílio das notícias?

O jornalismo infantojuvenil como aliado na aprendizagem

O jornal impresso leva à sala de aula a possibilidade da criação de uma conexão entre o conteúdo escolar e a realidade. Em um exemplo prático: digamos que, na aula de Geografia, o tema seja os diferentes tipos de relevo no Brasil. O que parece mais interessante para você? Compreender cada mapa a partir de sua localização ou reconhecendo os locais por meio de fatos recentes? 

A resposta vem dos leitores do jornal Joca e educadores que promovem atividades com jornal em sala de aula e é sempre a mesma: a segunda opção faz mais sucesso.

As notícias têm o poder de transformar a escola em uma ponte entre o estudante e o mundo. A prática pode (e deve) ser continuada e incentivada da porta para fora, por meio do trabalho conjunto entre professores e pais, transitando entre as salas de aula e de casa. 

Atividades com notícias em sala de aula são aliadas do conteúdo didático

A importância de crianças conhecerem e se aproximarem dos variados tipos de leitura e das diferenças entre eles reside, também, no contato com notícias e com o jornalismo.

A especialista em ensino e aprendizagem em Língua Portuguesa e autora de livros didáticos e de literatura infantil, Maria José Nóbrega, explica que uma coisa é ler pensando no entretenimento, na fruição estética, com os textos literários, lidos por prazer ou lazer. “Outra coisa são os textos que circulam em outros componentes curriculares, com o propósito de aprender os diferentes conteúdos que a escola propõe. Já a experiência de ler notícias tem a ver com o leitor interagir com textos que o colocam em contato com os fatos. Você lê para se atualizar, poder conversar a respeito do seu tempo”, diz a especialista.

A partir disso, fica evidente que todos os tipos de leitura têm sua importância e espaço na vida da criança e do jovem. Por isso, é necessário que a escola também ofereça atividades com notícias e faça proveito dos benefícios do jornalismo infantojuvenil.  

“Só tomamos conhecimento de determinados conteúdos por meio das notícias. O que é publicado em um jornal, por exemplo, tem a ver com conteúdos da atualidade, que não estão nos livros didáticos nem na literatura – não com esse tratamento. Quando a criança vai lidando com esses conteúdos, ela vai ampliando o conhecimento sobre questões sociais, políticas, científicas… Além daquilo que a escola traz no conteúdo convencional”, complementa Maria José.

Privar nossos filhos da modalidade de leitura que engloba informações da atualidade – ou seja, o jornalismo – traz consequências a médio e longo prazos.

“O que a escola trata nos diferentes componentes curriculares das disciplinas é um conteúdo mais estável. O que o jornal apresenta é um conteúdo mais contemporâneo. Cada vez que a criança interage com esses temas, ela interage com vocabulário, áreas de conhecimento e amplia seu repertório. Quanto mais conhecimento prévio se tem, mais fácil fica enfrentar dificuldades de linguagem [na transição entre a leitura de jornais infantojuvenis e outras publicações]. Se um aluno do fim do ensino fundamental 2 nunca teve contato com notícias, ele tem dois problemas para enfrentar: a barreira da linguagem e a falta de repertório de assuntos contemporâneos. Se ele está repertoriado com os assuntos contemporâneos, terá apenas a linguagem para enfrentar”, completa a especialista.

O jornalismo infantojuvenil tem um papel fundamental não apenas na conscientização sobre temas atuais dos jovens, mas também na sua educação e capacitação como leitores. Para isso, o Joca se torna um aliado dos professores que planejam atividades com notícias em sala de aula para os alunos, bem como dos pais que querem estimular seus filhos a irem além. 

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Stéphanie Habrich, fundadora e diretora-executiva do jornal Joca, o primeiro no Brasil para crianças e adolescentes

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