Manifestantes em Nova York, nos Estados Unidos, em 2 de junho. Foto: Ira L. Black/Corbis via Getty Images

No dia 3 de junho, manifestações antirracistas entraram no nono dia em diversas regiões dos Estados Unidos. Os protestos tiveram início por causa da morte de George Floyd durante uma abordagem feita pela polícia na cidade de Minneapolis, em 25 de maio. Floyd, um homem negro e desarmado, foi acusado de usar uma suposta nota falsa de dinheiro em um supermercado naquele dia. Antes da chegada do novo coronavírus, ele trabalhava como segurança em estabelecimentos da região, mas ficou sem emprego em consequência da pandemia.

Durante a abordagem, Derek Chauvin, um policial branco, manteve Floyd no chão com um joelho em seu pescoço. Quando o oficial saiu da posição, depois de 8 minutos e 46 segundos, Floyd não reagia mais – ele perdeu a consciência após os primeiros 6 minutos. Sua declaração de morte veio cerca de uma hora depois de ele ter sido levado para o hospital.

Boa parte das manifestações acontece de maneira pacífica, com demonstrações de apoio de policiais que trabalham nas ruas durante os protestos. Mas houve alguns casos de lojas que foram saqueadas e prédios atacados. Por causa dos casos de violência, diversas cidades norte-americanas decretaram toque de recolher (medida tomada para que a população não saia às ruas em determinado período, normalmente durante a noite e a madrugada), mas isso não impediu que os manifestantes seguissem protestando.

A morte de Floyd não é a primeira a ganhar visibilidade nos Estados Unidos e levantar o debate sobre racismo (entenda o que é racismo mais ao fim deste texto) no país. Outros casos de negros que perderam a vida durante abordagens policiais já se tornaram notícia em diversos momentos.

Em 30 de maio, Donald Trump, presidente do país, disse em pronunciamento: “Entendo a dor que as pessoas sentem”. Ele continuou: “Apoiamos o direito dos manifestantes pacíficos e ouvimos seus apelos. Mas o que estamos vendo agora nas ruas de nossas cidades não tem nada a ver com justiça ou paz. A memória de George Floyd está sendo desonrada por desordeiros, saqueadores e anarquistas”.

Ao longo dos protestos, em diversos momentos os manifestantes falam juntos a frase “I can’t breathe” (eu não consigo respirar, em português), que foi repetida muitas vezes por Floyd enquanto o policial Chauvin o mantinha no chão com o joelho em seu pescoço. Na imagem, manifestação em Columbus, Ohio, Estados Unidos. Foto: Becker1999 from Grove City, OH/CC BY (https://creativecommons.org/licenses/by/2.0)

Chauvin foi demitido e está sendo processado por homicídio em segundo grau – quando a morte é intencional, mesmo que não tenha sido planejada. Outros policiais que estiveram na ação também vão ser investigados.

Protestos antirracistas aconteceram em mais regiões do mundo, como na Alemanha, Canadá, Holanda e Inglaterra.

O que eu penso sobre…
“Eu e minha mãe vimos muitas notícias sobre as manifestações. Neste momento a gente precisa se expressar, por isso as manifestações são tão importantes, mesmo com o coronavírus. Todos os anos, milhões de pessoas morrem por essa injustiça que é o racismo, então isso não pode ser algo como um ‘tanto faz’. Eu até fico abalado, mas fico muito mais pensativo, porque penso muito na sociedade, no que está acontecendo, no que vai acontecer depois dessas manifestações e se tudo isso que a gente vive vai piorar. Porque acho que depois das manifestações tem muitas pessoas que vão acabar cometendo racismo de novo e muita gente vai continuar morrendo. O racismo que temos no Brasil é muito diferente porque tem a polícia envolvida. Nas favelas, nas comunidades, policiais matam até crianças negras, como o João Pedro, quando invadiram a casa dele.” Gabriel F., 11 anos, de São Paulo (SP)

Gabriel F., 11 anos. Foto: arquivo pessoal


O caso João Pedro
O adolescente João Pedro, 14 anos, foi baleado pelas costas enquanto estava em casa, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, durante uma ação policial em 18 de maio. Ele brincava no quintal quando a operação começou. De acordo com amigos de João Pedro, que estavam com ele no momento dos tiros, o grupo correu para dentro da casa quando policiais arrombaram o portão e invadiram a residência atirando. Os agentes policiais que participaram da ação disseram ter entrado na casa atrás de traficantes de droga em fuga. Eles foram afastados e o caso está sendo investigado.

O que é racismo?
De acordo com o Portal Geledés, do Geledés Instituto da Mulher Negra, racismo é um conjunto de práticas de determinada raça/etnia que, estando em situação de favorecimento social, coloca outra(s) raça(s) em situação desfavorável, enquanto exaltam, direta ou indiretamente, a sua própria.

O racismo acontece, por exemplo, contra os negros e contra os indígenas.

Nos Estados Unidos, a escravidão foi abolida em 1863 – para a libertação de cerca de 4 milhões de negros escravizados no país. Mas foi só dois anos depois que o Congresso norte-americano proibiu a escravidão no país oficialmente. E isso não pôs fim à questão por lá.

No início do século 20, em Minneapolis (onde George Floyd morreu), por exemplo, políticas foram adotadas para impedir que negros se mudassem para algumas áreas. E, em diversos estados norte-americanos, somente em 1967 foram anuladas leis que ainda proibiam casamentos mistos (entre brancos e negros) – proibição que existiu até 1985 na África do Sul.

Medidas como essas alimentavam a segregação racial (um tipo de separação das pessoas – e de seus direitos – a partir da cor da sua pele). Aliada ao período de escravização, a segregação racial fez crescer o racismo nos Estados Unidos.

O racismo também está presente em diversas partes do mundo e no Brasil. Nosso país foi o último do continente americano a abolir a escravidão, em 1888 (o primeiro navio trazendo negros escravizados para o Brasil chegou ao nosso território em 1531).

FIQUE DE OLHO: a edição 151 do Joca trará a cobertura completa das manifestações antirracistas e estará disponível a partir de 9 de junho.


Fontes caso George Floyd: Aventuras na História, BBC, El País, G1, Geledés, livro Casais biculturais e Monoculturais: Diferenças e Recursos (Wolfgang Lind) e O Globo.
Fonte caso João Pedro: O Globo.

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Comentários (9)

  • Maria

    3 anos atrás

    O rascimo não é uma coisa muito legal, pq se agente parar para pensar tem pessoas que estão tendo um dia bem pior do que o da gente. Então antes de vc julgar as pessoas vc precisa conhecer ela\ele primeiro!

  • Samuel

    3 anos atrás

    racismo n é uma coisa legal as pessoas devia parar com isso

  • rute

    3 anos atrás

    gostei muito

  • Thaulu Freitas

    3 anos atrás

    #naoracismo

  • Caio César, 9 anos João Pessoa-PB

    3 anos atrás

    O racismo não deveria está acontecendo

  • Mariana Mariana Railson Meira Nunes

    3 anos atrás

    Com a morte de George Floyd , muitas pessoas sairam as ruas para protestar contra o racismo !!! O policial branco Derek Chouvin asfixiou Floyd por conta que ele provavelmente tinha comprado algo em um supermercado com uma nota falsa . Derek C

  • BERNARDO

    3 anos atrás

    RASCISMO NÃO É UMA COISA BOA

  • luiza cardoso de carvalho 8 anos

    3 anos atrás

    na minha escola lemos muito o jornal joca e ´por causa do covid 19 nqaao estamos de quarentena mais gosto muitooooo do jornal joca e vcs podiam fazer uma materia sobrecomo os medicos [o super herois de 2020] estao lidando com o covid 19

  • luiza cardoso de carvalho 8 anos

    3 anos atrás

    sou a jordana como assinar o jornal joca

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