O fotojornalista Joel Silva. Crédito: arquivo pessoal.
O fotojornalista Joel Silva. Crédito: arquivo pessoal

Por Clarice P., 9 anos, e Enrico A., 10 anos

Você já se imaginou no meio de uma guerra? Nosso entrevistado, Joel Silva, esteve em vários conflitos e fotografou tudo!

Fotógrafo especializado em fotos de guerra e conflitos, ele tem 52 anos e mora em Ribeirão Preto (SP). Por causa de seu trabalho, já viajou para países como Líbia, Egito e Síria.

Em entrevista aos repórteres mirins Clarice P. e Enrico A., Joel fala sobre os perigos de sua profissão.

Como foi a sua infância?
Foi uma infância normal. Tive dificuldades financeiras, é claro, como a maioria das pessoas neste país. Eu sempre fui um menino muito quieto, não era muito de agitação e morei no interior de Minas Gerais. Mudei para o norte de Minas por conta do trabalho do meu pai e passei uma parte da minha infância lá. Depois, vivi minha adolescência em Belo Horizonte [capital do estado].

Teve alguma coisa relacionada a conflitos e fotografia?
Descobri a fotografia aos 11 anos, quando um vizinho tirou uma foto da minha irmã e levou essa foto ampliada para nós. Aquilo me intrigou muito. Fiquei pensando como uma imagem poderia estar fixada no papel. Aquele primeiro contato com a fotografia me provocou. Mas não tive conflitos nesse sentido.

Como você se interessou por fotos?
Meu interesse por fotografia começou justamente com essa foto. Depois, quando eu ia para a escola, passava por bancas de jornal e comecei a ver as fotos. Talvez tenha sido aí que minha vocação para o jornalismo teve início, porque eu comecei a ver jornais na banca desde pequeno. Eu ficava olhando as fotos e imaginando quem as havia tirado e por quê.

Como você ficava sabendo dos conflitos?
Eu trabalhava em um jornal e a gente, por obrigação, precisava acompanhar o noticiário do mundo inteiro, não só regional. Então, comecei a olhar as notícias do mundo todo porque recebíamos informações das agências de notícia e tudo o mais. A gente já meio que se previne quando um país está tendo conflito urbano, manifestações, golpes militares. Como isso vai acontecendo gradualmente, dá tempo de você se preparar para ir para o local. É possível chegar ao conflito no começo ou, muitas vezes, quando ele já está acontecendo. Eu acompanho o jornalismo do mundo inteiro e isso ajuda muito a se antecipar em relação à notícia.

Qual foi a sua última viagem?
Foi para a África, onde eu trabalhei para uma Organização Não Governamental (ONG). Fiquei uns 15 ou 20 dias lá, fotografando alguns países do continente em 2016 e 2017.

Você já se machucou tirando alguma foto?
Houve uma vez, no Cairo [capital do Egito], em que eu tomei um tiro de raspão na cabeça. Foi bem de raspão, nada grave. Mas acho que essa foi a única vez que posso dizer que me machuquei mesmo. Em manifestações, normalmente, é comum o gás lacrimogêneo, mas fora isso, acho que o maior acidente que eu tive foi esse tiro.

Você já foi parar no hospital?
Não. Quando eu levei o tiro, fui tratado no hotel em que estava, que tinha um enfermeiro. Ele curou meu ferimento, colocou um curativo.

A sua família já acompanhou você em uma viagem de trabalho?
Minha família nunca me acompanhou porque nesses lugares em que a gente vai trabalhar, geralmente existe certo risco. Já foram em outras viagens comigo, mas de férias.

Você tira outras fotos além de conflitos?
Sim, já fiz várias fotos além das de conflito. A cobertura de conflitos é só uma parte do trabalho como fotojornalista. Já fiz fotos de política, de seca no Nordeste… Faço outras fotos que não são de tragédia, como trabalhos em canavial no interior de São Paulo.

Entrevista realizada durante oficina de férias do jornal Joca, em julho de 2019.

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Comentários (1)

  • Lídia dos Santos Lima

    4 anos atrás

    bem interessante

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