Essa foi a primeira vez que o gelo atingiu menos de 2 milhões de quilômetros quadrados
O gelo marinho da Antártida, ou seja, a água congelada da superfície do oceano, está diminuindo ano a ano em decorrência das mudanças climáticas provocadas pelo ser humano e por outros eventos. Em fevereiro de 2022, a extensão de gelo marinho antártico sofreu um recorde de baixa. O estudo que mostra o fenômeno foi feito por pesquisadores da Universidade Sun Yat-sen, na China, e divulgado pela revista Advances in Atmospheric Sciences, em 19 de abril.
Segundo a pesquisa, essa foi a primeira vez que o gelo atingiu menos de 2 milhões de quilômetros quadrados desde o início do monitoramento, em 1978 — está 30% menor do que a média registrada entre 1980 e 2010. Até 1970, o gelo marinho ainda crescia cerca de 1% por década. Desde então, entrou em tendência de baixa ou estabilidade.
Em 2017, foi divulgado o primeiro recorde de baixa extensão: 2,1 milhões de quilômetros quadrados. Agora, está abaixo de 2 milhões. Se nada for feito, o gelo pode derreter ainda mais ou até desaparecer. Para chegar a essa conclusão, os cientistas tiveram ajuda da organização National Snow and Ice Data Center (centro nacional de dados de neve e gelo, em tradução livre). Juntos, eles perceberam alguns eventos climáticos, como um aumento de radiação que resultou em temperaturas mais altas no verão.
Algumas das situações observadas intrigam os cientistas. Eles não entendem, por exemplo, por que as condições atmosféricas (como umidade do ar, radiação solar e ondas de calor) dessa região foram mais variáveis do que em qualquer outra parte do hemisfério sul.
A perda da camada de gelo pode impulsionar ainda mais o aquecimento global (aumento da temperatura média do planeta). A camada de gelo ajuda a rebater o calor de volta para o ar (resfriando o ambiente), enquanto áreas de terra e rocha absorvem mais calor. No Ártico, o outro polo do planeta, o derretimento de gelo também está sendo observado, além de um aquecimento médio três vezes maior do que o habitual.
Fontes: Advances in Atmospheric Sciences, Canaltech e Galileu.
Texto originalmente publicado na edição 187 do jornal Joca.
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