Em 15 de outubro é comemorado o Dia do Professor no Brasil. A data foi escolhida em 1947, por meio de um decreto do governo de João Goulart, e não foi por acaso.

Nesse mesmo dia, em 1827, o então imperador do Brasil, Pedro I, baixou um Decreto Imperial e criou o ensino elementar no Brasil, que hoje é chamado de ensino fundamental e médio. O texto do decreto dizia que “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”, além de regulamentar questões como o salário dos professores e quais seriam as matérias básicas que todo aluno deveria aprender.

Assim como João Goulart não escolheu a data por acaso, Pedro I tinha um motivo especial para escolher o 15 de outubro. O dia é conhecido tradicionalmente como consagração à educadora Santa Teresa de Ávila, freira do século 16 famosa por espalhar a importância da reflexão.

Para celebrar a data, o Joca coletou o depoimento de alguns professores (será que o seu está aqui?), que contaram um pouco sobre sua rotina e explicaram de onde surgiu a vontade de seguir na profissão.

Saiba o que inspirou alguns professores a seguir a profissão

A professora Aretha Tagliari, que atualmente dá aulas para estudantes do ensino fundamental I na Escola Estadual Henrique Dumont Villares e do ensino infantil na Emei Jaguaré, ambas em São Paulo (SP), leciona desde 1997. Sua primeira experiência com educação foi cuidar de bebês em um berçário, quando tinha apenas 15 anos. “Ser berçarista também é uma parte da educação, porque você sempre tem que pensar em como estimular esse bebê a se desenvolver e ficar de olho caso ele não alcance algumas metas estabelecidas, que são esperadas para ele”, explica. 

Para ela, a vontade de ser professora surgiu a partir dos próprios professores. “Eu tive professores que, além de ensinar a construir conhecimento, mostraram como acreditar nos meus sonhos e que é preciso saber que a realidade é difícil, mas que desistir não é uma opção. Eles ensinavam com muito amor e vontade, era encantador”, diz.

Já para o professor Raul Silveira Junior – mais conhecido como Chambinho –, a inspiração estava dentro de casa. “Minha mãe era professora e, quando eu tinha 8 anos, fiz uma cirurgia e precisei ficar metade do ano letivo sem ir à escola. Ela foi minha professora nesse período e terminou de me alfabetizar. Acho que ali decidi que seria professor também”, conta. 

Hoje, Chambinho é professor no Colégio Santa Rosa, em Brasília (DF), e dá aulas de educação física para estudantes do ensino fundamental. Mas o profissional conta que, quando começou a trabalhar, aos 19 anos, tinha quase a mesma idade que os alunos, que estavam no ensino médio: “Foi uma experiência incrível, e aprendi muita coisa com os outros professores que trabalhavam na escola e, principalmente, os alunos”. 

O professor Raul Silveira Junior, ou Chambinho. Foto: arquivo pessoal

A profissão mudou ao longo dos anos

Nos 19 anos de carreira de Chambinho, muita coisa se alterou na forma de lecionar. Para ele, a principal mudança foi a chegada da tecnologia às escolas. “Hoje, os alunos conseguem informação com mais rapidez e praticidade, e isso faz toda a diferença no ato de ensinar. Agora, com a pandemia, isso se potencializou ainda mais, então existe uma necessidade mais intensa de a escola se alinhar com as tecnologias”, explica. 

Aretha, por outro lado, vê a relação entre alunos e professores como o que mais mudou. “Desde que eu comecei a lecionar, a estrutura das salas, como a lousa e as carteiras, manteve-se. O que eu vejo que mudou é o diálogo dentro da escola. Hoje, professores e alunos podem dialogar mais e pensar em construir um conhecimento com mais proximidade”, diz. 

Por outro lado, ela acredita que um desafio que ficou mais intenso ao longo dos anos é que alguns estudantes não veem sentido na escola. “Não é que o ensino de antigamente fosse melhor, mas porque antes a escola era só para alguns, para quem tinha casa e comida, ao contrário de hoje, que temos uma gama maior de alunos na sala de aula.” De acordo com Aretha, os alunos possuem necessidades e interesses diferentes: “Você tenta conquistá-los e consegue com alguns, mas com outros nem tanto, porque o meio que eles estão inseridos é muito difícil”, explica. 

Para incentivar os estudantes, a professora busca dialogar bastante com eles. “Gosto muito de conversar com os alunos e saber do que eles gostam e, a partir disso, propor aulas que atendam aos interesses deles”, diz.

A professora Aretha Tagliari. Foto: arquivo pessoal

Dicas para quem quer ser professor 

De acordo com Aretha, quem quer seguir a profissão precisa de três coisas: coragem, estudos constantes e saber que o trabalho do professor nunca acaba quando o sinal toca: “Não é fácil, mas vale a pena. Ser professora é ser professora durante 24 horas por dia, porque você pode estar em casa assistindo à televisão e de repente vê alguma coisa que pode transformar em algo para usar em sala de aula. Além disso, ser professora é estudar muito, o tempo todo, porque é importante você se colocar na posição do aluno, do outro lado da carteira”, defende.

Já para o professor Chambinho, é importante escolher uma profissão que o faça sentir vontade de acordar e dar o seu melhor todos os dias. “Ser professor é gratificante. Saber que está contribuindo para a formação de alguém é incrível. Ouvir e sentir o carinho dos alunos e das famílias faz bem para nossa alma”, diz. E Aretha concorda: “Passam-se os anos e as turmas, e cada grupo de alunos é único, é como se eu tivesse dando aula pela primeira vez. Por mais que você possa ter muitos anos de experiência, quando começa um novo ano é como se fosse sua primeira aula – porque, com aquela turma, é mesmo!”.

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