Querido leitor, o que você está prestes a ler é uma entrevista com Ana Beatriz Pádua, feita por Alice de M. O., do 6º ano do Colégio Santo Agostinho, de Belo Horizonte (MG), no dia 1º de setembro de 2021, sobre como é o trabalho de uma diretora de arte.

Ana Beatriz, de 50 anos, nasceu em Minas Gerais, mas mora atualmente na cidade de são Paulo. É formada em jornalismo e trabalha como diretora de arte no jornal Joca. Confira!

Alice-trofeu-jovem-leitor
Alice, terceira colocada no Troféu Jovem Leitor de 2021. Foto: arquivo pessoal

Qual sua relação com o Joca?
Eu sou editora de arte do Joca. Sou responsável por tudo o que diz respeito à parte visual do Joca. Então, mesmo que eu não faça diretamente, tenho que aprovar. É assim: o jornal tem essa “cara’’ porque nós fizemos um estudo chamado “projeto gráfico”, em que a gente definiu que essa é a “cara’’ que ele deveria ter. Eu e uma colega diagramamos o jornal: pegamos as matérias que vêm da redação, aplicamos o texto e colocamos imagens e gráficos na matéria.

Qual é a sua rotina no Joca?

Não tem uma rotina muito determinada, mas a mais estabelecida é assim: o Joca fecha a cada 15 dias, que é o dia em que acabamos de colocar tudo em todas as páginas, então transformamos tudo em um tipo de imagem. Essa imagem vai para uma gráfica, para ser impressa.

Ana Beatriz Pádua, diretora de arte do Joca. Foto: Dasha Horita

A nossa cultura não valoriza muito a arte. O que que te levou a querer trabalhar com isso?
Uau! Olha, acho que é uma vocação mesmo, acho que eu nasci para fazer isso, não tinha muita saída. Eu me formei em jornalismo, porque para o que eu queria fazer, que é o que eu faço hoje, não tinha faculdade na época. Então eu meio que fui “num’’ caminho meio “torto’’. Eu fiz jornalismo, trabalhei com isso por uns bons anos. Aí, quem fazia a diagramação de um jornal para onde eu escrevia ficou doente. Eu, como tinha uma noção, fui fazer a diagramação desse jornal. Aí eu pensei: “Nossa, eu acho que isso aqui me faz bem”. Então, eu migrei. Comecei a fazer muitos cursos, me especializei e fui trabalhar nessa parte de design editorial. Atualmente, já existe faculdade mais voltada a essa parte de editorial. Mas é aquela questão da arte: mesmo não sendo valorizada, a gente gosta de coisas que não são. E, olha, é importante, porque a gente tem que continuar insistindo para que as coisas não acabem, simplesmente.

Qual foi a melhor parte de ser diretora de arte?
Eu acho que a melhor parte é ter autonomia para criar, sabe? Então, assim: “Olha, isso aqui é muito legal e eu posso complementar, colocar isso…”. Não que seja: “Vai ser assim e acabou”. Não é assim. Mas eu tenho mais liberdade para apresentar sugestões e até mesmo para apontar alguns caminhos, algumas definições de como seria legal a gente fazer… essa é a parte mais legal.

Qual foi o trabalho mais difícil que você fez no Joca?
Eu acho que foi o encarte sobre Brumadinho [clique aqui para ver este material especial do Joca], porque é muito triste. A gente fez a sugestão das imagens e tinha imagens muito tristes. A maioria delas não foi publicada, mas foi um trabalho bem difícil e triste de fazer.

Qual foi o maior aprendizado que você obteve trabalhando no Joca?

Acho que, como não existe uma mídia voltada especificamente para crianças e adolescentes, eu falo no sentido de informação mesmo, a faixa etária de vocês é sempre tratada assim: “Ah não vai entender, não vai conseguir…”. E o que eu aprendo no Joca é que entende sim, entende muito bem e tem vontade de saber. É uma coisa de ter respeito para com a inteligência das crianças e a capacidade delas de compreensão.

Qual foi o maior aprendizado que você obteve trabalhando como diretora de arte?
As coisas acontecem mais rápido do que você consegue acompanhar. Por exemplo: você domina a área de tecnologia, aí você fala: “Nossa! Já sei muito sobre computação”. Você vai perceber que não. Tem de ter um cuidado para estar sempre aberto para ouvir. Porque, afinal, tem a ver com comunicação.

Você acha importante a mulher assumir um posto de direção?
Eu acho fundamental. A gente tem que tomar cada vez mais espaço. Eu acho que é importante e que é um caminho sem volta, e ele tem que ser natural, tem que fazer parte da nossa sociedade a ponto de isso não ser mais pauta. Já está tão normal, tão comum, que esse não deve ser mais um ponto de luta. Mas eu acho muito importante.

Ixi! Você bateu no paywall!

Ainda não é assinante? Assine agora e tenha acesso ilimitado ao conteúdo do Joca.

Assinante? Faça Login

Voltar para a home

Ou faça sua assinatura e tenha acesso a todo o conteúdo do Joca

Assine

Enquete

Sobre qual assunto você gosta mais de ler no portal do Joca?

Comentários (0)

Compartilhar por email

error: Contéudo Protegido