A região reuniu acontecimentos importantes nos últimos 15 dias. Confira
Evo Morales renuncia à presidência da Bolívia
Em meio à forte pressão das Forças Armadas e dos grupos contrários ao governo, Evo Morales deixou o cargo de presidente da Bolívia, em 10 de novembro. Em discurso transmitido pela televisão, ele afirmou que sairia do poder para diminuir a violência no país. Em seguida, Morales viajou para o México, que lhe concedeu asilo político (um lugar seguro para ficar em outra nação).
Além de Morales, renunciaram ao cargo o vice-presidente do país e os presidentes e vice-presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado (órgãos que elaboram e aprovam leis). Como todos os que estavam acima de Jeanine Áñez, a segunda vice-presidente do Senado, renunciaram, ela citou a Constituição (maior conjunto de leis de um país) para se autodeclarar líder provisória da nação em 12 de novembro — e prometeu convocar novas eleições presidenciais.
O Tribunal Constitucional, a Polícia e o Exército do país anunciaram apoio à mudança. Os governos do Brasil e dos Estados Unidos reconheceram Áñez como presidente interina (que fica no cargo temporariamente), mas os da Argentina e da Venezuela, não. Morales diz que a autoproclamação da senadora foi ilegal e que ele é alvo de um golpe militar (quando militares assumem o poder ou apoiam que outro político o faça).
A Bolívia tem sido palco de protestos nas últimas quatro semanas. Avenidas foram bloqueadas, ruas foram tomadas por greves, três pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas (até o fechamento desta edição). Houve confrontos entre grupos a favor e contra o ex-presidente. Ainda há bloqueios nas estradas e algumas escolas seguem sem aulas. Após a declaração da nova presidente interina, apoiadores de Morales anunciaram novos protestos no país.
Por que os protestos começaram?
As manifestações tiveram início após a eleição presidencial de 20 de outubro, que resultou em vitória de Morales — ele foi o primeiro presidente indígena do país e ficou no governo nos últimos 13 anos; agora, iria para o quarto mandato. Grupos contrários ao então presidente saíram às ruas para protestar, dizendo que as eleições haviam sido fraudadas para beneficiá-lo. Já os favoráveis ao líder também tomaram as ruas, para defendê-lo.
Diante das denúncias de fraude eleitoral, a Organização dos Estados Americanos (OEA) fez uma verificação das eleições e constatou irregularidades no processo. O órgão recomendou, então, que uma nova votação fosse realizada. Morales convocou novas eleições na manhã do dia 10 de novembro, mas grupos contrários continuaram pedindo a renúncia dele — que acabou acontecendo.
Correspondentes internacionais
“Há muita gente ferida ou morta por causa dos enfrentamentos entre pessoas a favor e contra o governo. Por causa das manifestações, não estamos tendo aulas e não saímos de casa há quase um mês. O transporte de alimentos também foi afetado. Os protestos são justos porque o [agora ex-presidente] Evo Morales cometeu fraude eleitoral para não deixar o governo. Com a renúncia de Evo, esperamos que a paz volte ao país.” Maria Valentina G., 14 anos, e Tessai E., 12 anos, de Cochabamba, Bolívia.
Chile anuncia processo para nova Constituição
No dia 10 de novembro, o governo chileno atendeu a uma das principais exigências dos protestos que acontecem há um mês no país e já deixaram 20 mortos: a convocação de uma Assembleia Constituinte no Congresso. O objetivo é fazer uma nova Constituição, o maior conjunto de leis de um país. O texto atual foi herdado da ditadura de Augusto Pinochet (1974-1990). Segundo o presidente chileno, Sebastián Piñera, o novo documento deve incluir como responsabilidades do Estado serviços como educação e terá que passar pela aprovação dos chilenos em uma votação. Os prazos para essas medidas ainda não foram definidos.
Eleições no Uruguai vão para segundo turno
Os candidatos Daniel Martínez e Luis Lacalle Pou disputarão o segundo turno das eleições para a presidência do Uruguai, no dia 24 de novembro. No primeiro turno, realizado em 27 de outubro, Martínez saiu na frente com 39% dos votos, contra 28% de seu adversário
Argentina elege novo presidente
Alberto Fernández foi eleito o novo presidente da Argentina no dia 27 de outubro. Fernández recebeu 47% dos votos, superando o atual presidente, Maurício Macri, que terminou na segunda colocação, com 40%. O novo líder tomará posse no dia 10 de dezembro e comandará o país por quatro anos.
Com o resultado, a eleição foi definida no primeiro turno, sem a necessidade de uma nova etapa (segundo turno). Pela lei eleitoral argentina, o presidente pode ser eleito em primeiro turno em duas situações: se receber mais de 45% dos votos ou se obtiver mais de 40% dos votos e ficar dez pontos percentuais à frente do segundo colocado.
Fernández é advogado e professor da Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires. Sua vice é a advogada Cristina Kirchner. Além de ter sido primeira-dama do falecido presidente Néstor Kirchner, que governou entre 2003 e 2007, ela foi presidente da Argentina de 2007 a 2015. Kirchner está envolvida em dez processos na Justiça, sendo nove deles relacionados à corrupção. Ela se diz inocente.
Fontes: BBC, La Razó n, Los Tiempos, Folha de S.Paulo, Nexo e UOL.
Texto originalmente publicado na edição 141 do jornal Joca.
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