O trabalho pode ajudar a entender como o vírus se espalha e contribuir para a criação de testes de diagnósticos e vacinas contra a doença
Pesquisadores brasileiros identificaram o genoma (conjunto de todos os genes) do vírus que infectou um empresário de São Paulo, o primeiro brasileiro a contrair o novo coronavírus. Genes são fragmentos de DNA, estrutura com “instruções” que determinam como um organismo deve viver e se desenvolver.
A descoberta, divulgada no dia 28 de fevereiro, foi feita por cientistas do Instituto Adolfo Lutz e do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina de São Paulo, em parceria com a Universidade de Oxford, da Inglaterra.
A identificação do genoma (entenda abaixo) ajudará a entender como o vírus se espalha, além de contribuir para a criação de testes de diagnóstico e vacinas contra o novo coronavírus.
Em outros países, a identificação do genoma do vírus costuma levar 15 dias. Já no Brasil, o processo levou apenas dois – rapidez que foi comemorada pela equipe de pesquisadores.
O primeiro brasileiro a contrair coronavírus mora em São Paulo e esteve recentemente na Itália, país que passa por uma epidemia da doença, com 1.049 pessoas infectadas.
Em 29 de fevereiro, um segundo brasileiro foi diagnosticado com a doença. Ele também esteve na Itália há alguns dias.
Com isso, o Brasil tem, ao todo, duas pessoas com coronavírus.
Como foi feito o trabalho dos pesquisadores?
O DNA possui bases nitrogenadas (bases que contêm o elemento químico nitrogênio). Existem quatro tipos de bases nitrogenadas: adenina (representada pela letra A), guanina (G), citosina (C) e timina (T).
A ordem em que essas bases aparecem é uma espécie de “instrução” que determina qual será a altura ou a cor dos olhos de um indivíduo, por exemplo. A ordem das bases pode variar e seguir diversas combinações (ATCGA, TAGCT…). No caso dos vírus, essa ordem determina sua resistência e pode até explicar sua origem.
O trabalho dos pesquisadores brasileiros, portanto, foi descobrir como era a sequência de bases nitrogenadas do vírus contraído pelo empresário de São Paulo e, assim, saber quais eram as características desse transmissor.
Para fazer esse estudo, os especialistas coletaram uma amostra de saliva do paciente e usaram nela uma máquina capaz de “ler” o código genético.
A análise concluiu que o genoma do vírus tinha, ao todo, 29 mil letras. Veja, abaixo, um pequeno fragmento de sua sequência genética:
AAATGGGATTTAACTGCTTTTGGCTT
Parte da equipe que identificou o código genético do coronavírus. Foto: arquivo pessoal
Fontes: Instituto Adolfo Lutz, Jornal da USP, BBC e Live Science
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