Os hikikomori (termo usado para definir pessoas que ficam reclusas em casa) se tornaram alvo de uma medida pública na Coreia do Sul. Em maio, o governo do país anunciou que vai oferecer, por mês, cerca de 650 mil won sul-coreanos (aproximadamente 2.400 reais) para pessoas entre 9 e 24 anos que vivem sem sair de casa. A iniciativa tem o objetivo de reintegrar esses jovens à sociedade. 

Para o governo sul-coreano, jovens reclusos são aqueles que vivem em um espaço confinado por longo período, isolados do mundo exterior e com dificuldade significativa em levar um estilo de vida mais próximo do convencional. Segundo o Instituto Coreano de Saúde e Assuntos Sociais, cerca de 340 mil pessoas entre 19 e 39 anos são vistas como solitárias ou isoladas no país. Na nação asiática de 51,7 milhões de habitantes, quase um terço das famílias é formada por apenas uma pessoa. 

Cena do curta-metragem American Hikikomori, filme de 2015 | #pracegover: homem, vestindo moletom branca e calça xadrez azul e branca, está sentado em uma cama, com lençol branco, coberta cinza e travesseiro branco. A parede do quarto é branca e tem uma cortina azul-escura. Crédito de imagem: divulgação

Por que isso acontece? 
Os principais motivos apontados para o isolamento são doenças mentais, problemas de saúde, questões familiares e dificuldades financeiras. Para Kim Soo Jin, gerente sênior da Seed:s, agência especializada em programas para jovens isolados, o comportamento tem a ver com cobranças da sociedade por determinadas atitudes na vida pessoal ou profissional. Quando não é possível corresponder às expectativas, a autoestima é impactada negativamente. Em alguns casos, isso leva ao isolamento. 

Em entrevista ao Joca, a psicóloga clínica Lívia Okada analisou o impacto que a falta de interação pode gerar aos jovens. “A pré-adolescência e a adolescência são fases em que se fura a bolha familiar com mais intensidade, é um momento em que esses indivíduos vão poder explorar novas experiências e começar a se agrupar com pessoas similares, com os mesmos interesses. A falta da interação pode causar prejuízo nessa construção da identidade, do pertencimento, e, em casos mais extremos, contribui para o desenvolvimento de quadros de adoecimento mental, como ansiedade e depressão.” 

Impactos econômicos 
O governo sul-coreano também se preocupa com as consequências para a economia, pois quem vive isolado gera menos riqueza para o país a partir, por exemplo, do trabalho. Isso se soma ao fato de a nação ter uma das menores taxas de fecundidade (número médio de filhos por mulher) do mundo. 

Com o tempo, esse cenário diminui ainda mais a quantidade de pessoas aptas para o mercado de trabalho e que vão, por exemplo, pagar impostos (taxas para o governo). Além disso, aumenta o número de idosos em relação ao de jovens — com menos pessoas ativas economicamente há menos recursos para cuidar dos mais velhos. 

O isolamento não é uma questão preocupante apenas na Coreia do Sul. No Japão, cerca de 1,5 milhão de jovens são considerados solitários ou reclusos. Muitos saem apenas para comprar mantimentos, enquanto outros nem sequer deixam o quarto. 

Fontes: CNN, CNN Brasil, Folha de S.Paulo, G1 e The Guardian. 

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 207 do jornal Joca

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