Por Larissa Mariano

IDENTIFICAR SENTIMENTOS é uma ação quase inconsciente do comportamento humano. Sabemos quando estamos nervosos, tristes ou animados. 

Em muitas situações, porém, são tantas sensações que fica difícil entender o que está causando o problema e a melhor maneira de agir em relação a isso. Como demonstrar um incômodo ou pedir ajuda? Em busca de respostas, a Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Joaquim Bastos Gonçalves, localizada na cidade de Carnaubal, no Ceará, e a Emef Desembargador Arthur Whitaker, da capital São Paulo, desenvolveram modos de trabalhar a chamada educação socioemocional com os estudantes. 

Em São Paulo, os alunos do 4° ano compartilham com a professora Gisele Mannelli um espaço para entender melhor os próprios sentimentos. Por meio de exercícios introduzidos na rotina das aulas, eles começaram a compreender suas reações e algumas das razões que os levavam a ter determinadas atitudes. Uma das atividades foi assistir à animação Divertida Mente, descrever como as emoções eram retratadas no filme e, por fim, elaborar gráficos para indicar os níveis que cada um sentia em relação aos sentimentos abordados na animação. 

#pracegover: Alunos e profissionais estão parados, lado a lado, em uma quadra posando para a foto. Crédito de imagem: Reprodução

Para Gisele, o primeiro passo é criar um vínculo com os estudantes, proporcionando um local de escuta confiável. “Eles entendem as emoções, sabem que sentem raiva, medo, mas muitas vezes não sabem como lidar. A raiva é o sentimento que eles mais têm dificuldade de elaborar — a reação mais fácil é explodir. O que eu tento trabalhar é parar, pensar no momento e se questionar: ‘Por que eu agi assim? Como seria se um colega fizesse o mesmo?’.” 

“Para mim, entender o que sinto é sobre ter limite e controlar minhas emoções. Fazendo essas atividades, eu me sinto bem, porque minha emoção dentro da sala de aula é a alegria”, conta Eduardo S., 9 anos. “Quando tento entender minhas emoções, penso no filme Divertida Mente e imagino que é assim dentro da minha cabeça. Eu me sinto feliz com essas atividades porque aprendo coisas novas”, diz Larissa Q., 9 anos. 

No Ceará, a escola de Carnaubal tem o projeto Adote um Estudante, iniciativa do professor Guilherme Barroso que oferece atendimento de psicólogos voluntários para alunos desde a pandemia de covid-19. Antes de começar, há uma conversa com a família e, depois, as sessões passam a ser realizadas semanalmente, com uma orientação educacional sobre a melhor maneira de conduzir o atendimento. 

#pracegover: Criança está pintando com cores diferentes uma folha que indica o nível de sentimentos. Crédito de imagem: ARQUIVO PESSOAL

Além disso, são desenvolvidas práticas de psicoterapia no ambiente escolar, como rodas de conversa e atividades de socialização envolvendo arte e música. “Percebemos diminuição de crises de ansiedade, aumento na ressocialização e uma melhora no desempenho dos estudos”, afirma o diretor Helton Souza Brito. “Olhar a vida de outra forma e dispor do apoio da escola é muito importante. É dar um novo olhar para tudo”, descreve Erivan C., de 17 anos, participante do projeto.

Educação socioemocional 

“As aprendizagens emocionais estimulam a autopercepção e a mudar como nos relacionamos com o que sentimos”, diz Rafaela Paiva, consultora pedagógica do Laboratório Inteligência de Vida (LIV) e doutora em educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O LIV é um programa de desenvolvimento de aprendizagens socioemocionais com estudantes. A metodologia é aplicada em diversas escolas do Brasil.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 230 do jornal Joca

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