Betinho vôlei
Na Olimpíada Rio 2016, Betinho foi um dos selecionados para carregar a tocha olímpica pelas ruas do Brasil. Foto: Divulgação

Roberto Bosch, mais conhecido como Betinho, começou no vôlei aos 13 anos, em 1978, na categoria mirim da Associação Atlética Banco do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ). Depois, não parou mais. Fez parte de clubes como Flamengo e Fluminense e, em 1982, passou a integrar a seleção brasileira — com a qual teve oportunidade de participar da primeira edição da Liga Mundial de Vôlei, disputada em 1990, e de jogar ao lado de atletas como Tande e Giovane, que ajudaram a popularizar o esporte no Brasil.

Em 1990, aos 25 anos, Betinho deixou a vida de atleta profissional, mas não abandonou o vôlei: em 1999, fundou no Rio de Janeiro a Escola de Vôlei do Betinho, instituição de vôlei de praia que ensina a prática a pessoas de todas as idades.

Quatro anos depois, com os aprendizados adquiridos na escola, inaugurou a organização não governamental Mão na Bola, com treinamentos de vôlei de praia, além de atividades culturais e educativas para crianças e adolescentes de baixa renda. Os projetos funcionaram até 2018, quando Betinho se mudou para São Paulo, onde começou a trabalhar como coach (pessoa que dá treinamentos e orientações).

Carolina entrevista Betinho
A repórter mirim Carolina L., 14 anos

À repórter mirim Carolina L., de 14 anos, o ex-atleta contou um pouco sobre o início de sua trajetória, as conquistas no esporte e o trabalho de ensinar vôlei. Confira.

Quando você percebeu que queria jogar vôlei profissionalmente?
Para mim, treinar e jogar vôlei sempre foram uma diversão. Quando era adolescente, ficava no clube até as 20h, tinham que me arrancar do ginásio para me levar embora (risos). Então, escolher essa profissão acabou sendo algo mais ou menos natural. Com 16 anos, ganhei o meu primeiro salário, pelo Fluminense, e pensei: “Estou ganhando dinheiro para fazer algo que eu adoro fazer”. Acho que, se você faz algo de que gosta muito, a remuneração vem como consequência.

Qual foi a competição mais marcante para você?
A última que eu joguei, que foi o mundial no Rio de Janeiro, em 1990. Ali estavam os jogadores que formaram a base da seleção brasileira campeã olímpica em 1992. Para mim, aquele campeonato era bem difícil, porque era no Maracanãzinho, um ginásio carioca. Estava com toda a minha família, os meus amigos… Era a minha casa. Esse foi um campeonato em que o friozinho na barriga foi bem grande. Acho que é normal sentir isso, todo atleta sente.

Betinho, aos 20 anos, levantando o troféu de melhor jogador do mundo do Campeonato Mundial Juvenil de 1985. Foto: Divulgação

O vôlei atrapalhou os seus estudos de alguma forma?
Na adolescência, o esporte passou a ser um trabalho, até porque a carga de treinamento era muito grande. A gente treinava oito horas por dia. Quando eu comecei a jogar na seleção, viajava muito. Em determinado momento, tive que optar entre o vôlei e a faculdade. Fiz vestibular e passei para o curso de economia. Tentei fazer os dois, mas ficou difícil de administrar. Então, ficou claro para mim que eu tinha que fazer uma escolha e optei pelo vôlei. Foi uma ótima decisão, não me arrependo nem um pouco.

Você já se machucou sério, já teve que ficar um tempo sem jogar?
Eu torci os meus tornozelos, direito e esquerdo, várias vezes. Uma vez que você torce e não cura direito, tem mais chances de sofrer lesões. Na época, a gente amarrava o pé, colocava bota com esparadrapo e voltava a treinar mesmo mancando um pouco. Não era o certo, e isso acabou fragilizando os tornozelos e passei a torcê-los com mais facilidade.

O que você diria para uma pessoa que quer seguir essa carreira?
O que eu diria para uma pessoa que quer seguir qualquer carreira, seja lá qual for: tenha bem claro na sua cabeça como você pode contribuir para a sua comunidade. Eu acho que tem que ter amor, comprometimento com o que você faz. Se você encontra o seu dom, o seu propósito de vida, você segue fazendo. Falando do vôlei, especificamente, acho que você tem que ser muito disciplinado, ter uma resiliência muito grande e uma capacidade enorme de superar desafios. E é preciso treinar muito.

Como você começou a se envolver com aulas de vôlei?
Fui convidado a dar aula em uma escola. Quando comecei, eu me apaixonei. Acho que o vôlei é uma ferramenta para ensinar disciplina, respeito e convivência com pessoas diferentes. Ao ensinar técnica e tática, você acaba levando vários valores e vivências para as pessoas. No fim das contas, isso é o mais importante, é o que fica. Na ONG Mão na Bola, por exemplo, o vôlei de praia era a ferramenta principal de transformação. Trabalhávamos com pessoas de comunidades carentes.

*Matéria originalmente publicada na seção “Repórter mirim” no Joca 140. 

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