O real que circula hoje no Brasil foi lançado em 1994, como parte de um grande plano para reduzir a inflação

Por Silvia Balieiro, editora do TINO Econômico

No dia 1º de julho de 1994, o real, o dinheiro que usamos hoje, entrou em circulação. O lançamento da moeda fez parte do Plano Real, um grande projeto elaborado por economistas para controlar a inflação, que é o aumento generalizado de preços.

Antes de o Plano Real entrar em vigor, o Brasil passou por períodos de forte instabilidade econômica, com inflação muito alta — era a hiperinflação. O preço de um produto podia dobrar em apenas um mês. Com isso, as famílias tinham cada vez mais dificuldade de pagar as contas.

Para derrotar a hiperinflação, economistas se reuniram várias vezes, ao longo de anos, para traçar estratégias que conseguissem controlar os preços. Uma característica comum a todas essas tentativas foi a mudança do nome da moeda oficial do país. Com isso, nosso dinheiro já teve outras denominações, como cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo e cruzeiro real. Isso tudo em um intervalo de apenas sete anos, de 1986 a 1993.

No entanto, todas essas estratégias só conseguiam frear a inflação por pouco tempo. Depois das tentativas fracassadas, os economistas foram aprendendo com os erros e finalmente alcançaram o sucesso na missão de segurar a inflação com o Plano Real.

Segundo especialistas, o que garantiu o êxito do Plano Real foi a implantação gradual de medidas econômicas, que levou quase um ano para ser concluída. “Os planos anteriores eram anunciados tarde da noite e passavam a valer no dia seguinte, ninguém tinha tempo para se preparar”, diz Rodolfo Olivo, professor da FIA Business School.

Quer um exemplo de como a situação econômica do país mudou? Antes do Plano Real, em 1993, a inflação atingiu 2.400% ao ano. Em 2023, três décadas depois, foi de 4,62%.

O controle dos preços proporcionou o incremento da lista de compras de supermercado das famílias mais pobres, com isso, a venda de iogurte, por exemplo, aumentou 86%. A estabilidade também permitiu que elas pudessem organizar melhor os gastos, poupar e planejar investimentos. Os 30 anos do Plano Real é o tema da reportagem de capa do TINO Econômico de junho.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 225 do jornal Joca.

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