Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (Ufpa) encontraram plástico em 98% dos peixes que coletaram na Amazônia. No total, foram achados 383 pedaços plásticos em 67 dos 68 animais recolhidos em nascentes e riachos do Pará. Ou seja, uma média de seis fragmentos do material estava dentro de cada peixe analisado pelos cientistas. Não havia sinais do produto em apenas um peixe. O estudo foi compartilhado em julho na revista científica Environmental Pollution.

Do total de partículas plásticas, 201 estavam no aparelho gastrointestinal dos peixes (formado por boca, estômago, intestinos e outros órgãos responsáveis pela digestão dos alimentos) e 182 nas brânquias (por onde os animais aquáticos respiram).

Segundo os pesquisadores, no sistema digestivo, o plástico pode dar uma falsa sensação de saciedade aos peixes e até causar ferimentos que podem levá-los à morte. Nas brânquias, o material diminui a capacidade desses animais de se alimentar e se reproduzir.

Outros cientistas já investigaram esse tipo de contaminação em peixes que vivem nos rios e oceanos e que são consumidos por seres humanos. Mas é a primeira vez que se estuda o plástico em peixes pequenos que habitam nascentes dos rios.

Com apenas 10 centímetros de comprimento quando adultos, esses peixes não costumam virar alimento para as pessoas, mas têm função essencial no equilíbrio da natureza, pois comem insetos. Sem esse controle, poderia haver o aumento de doenças transmitidas por insetos, como a dengue, prejudicando os seres humanos.

O caminho do plástico
O material chega às nascentes pela chuva, que arrasta esgoto não tratado e lixo jogado nas ruas para os rios. Para evitar essa contaminação, os especialistas recomendam medidas como usar menos itens plásticos, fazer reciclagem e melhorar o sistema de tratamento de lixo e esgoto.

Fontes: Environmental Pollution, G1 e SBT Altamira – TV Vale do Xingu.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 156 do jornal Joca.

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