Fenômeno pode indicar, segundo especialistas, forte temporada de furacões entre julho e setembro de 2024
Condições instáveis da atmosfera no Oceano Atlântico favoreceram a formação do furacão Beryl, em 30 de junho. No dia seguinte, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) classificou o fenômeno como de categoria 5, nível máximo da escala Saffir-Simpson (conheça o sistema abaixo). Essa é a primeira vez que um furacão do tipo se forma no Oceano Atlântico ainda no mês de junho, o que pode indicar, segundo especialistas, uma temporada crítica de furacões em 2024 — entre julho e setembro.
O furacão deixou a categoria 5 dias depois, mas seguiu com a potência elevada. Até a publicação desta matéria, o Beryl já havia causado ao menos dez mortes e uma trilha de destruição em ilhas e nações do Caribe, região na América Central. Em Granada, por exemplo, primeiro país cujo solo o furacão tocou, oficiais afirmaram que mais de 90% dos prédios das ilhas de Carriacou e Petite Martinique foram danificados. Outras nações afetadas foram São Vicente e Granadinas, Venezuela, Jamaica e Ilhas Cayman.
De acordo com a OMM, o que justifica a ocorrência tão intensa do furacão é o aquecimento incomum das águas do Oceano Atlântico na região, somado às condições iniciais para o estabelecimento do La Niña.
“Precisamos estar especialmente vigilantes em virtude do calor quase recorde do oceano na região onde os furacões do Atlântico se formam e à mudança para as condições do La Niña, que, juntos, criam as condições para mais formação de tempestades”,
disse, em nota, Ko Barrett, secretário-geral adjunto da OMM.
A escala Saffir-Simpson categoriza a intensidade dos furacões a partir da velocidade dos ventos. O sistema classifica os fenômenos em cinco categorias:
1 – Ventos entre 119 km/h e 153 km/h: mais velozes do que um guepardo, o animal terrestre mais rápido do mundo. Ocorrem quedas abruptas de energia e pequenos danos a construções.
2 – Ventos entre 154 km/h e 177 km/h: quedas de luz duram dias e há risco de danos a construções.
3 – Ventos entre 178 km/h e 208 km/h: pode ocorrer falta de luz e água por dias; pessoas precisam deixar o local.
4 – Ventos entre 209 km/h e 251 km/h: ocorrem danos grandes às estruturas das construções.
5 – Ventos de mais de 252 km/h: número próximo ao atingido por trens de alta velocidade. Ocorrem: destruição completa das construções, alagamentos graves e falta de água e energia por meses.
Os furacões surgem pela formação de ondas tropicais, criadas em áreas de baixa pressão atmosférica. Com a ajuda de ventos, as ondas começam a se transformar, ainda no oceano, em um furacão, caso encontrem outras fontes de energia, como clima quente e úmido. Para que um furacão seja formado, é preciso que a temperatura do oceano esteja acima dos 27 graus Celsius (ºC).
O fenômeno começou a ser batizado em 1953, pelo Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, para facilitar a divulgação de alertas para a população. Hoje, a lista de furacões é padronizada por uma agência das Nações Unidas em Genebra. O batismo é anual e segue a ordem alfabética, começando com nomes populares com a letra “A” e intercalando um feminino com um masculino. Quando o furacão é potente a ponto de marcar uma geração, o comitê “aposenta” sua nomenclatura. Ou seja, nunca mais haverá um Katrina, como o de 2005, em que mais de 1.800 pessoas morreram.
O La Niña é um fenômeno de resfriamento do Oceano Pacífico que começa com a chegada de águas mais frias vindas do fundo do mar, processo conhecido como ressurgência. O fenômeno pode ocasionar períodos de estiagem e frio no Sul do Brasil e aumento de chuvas no Norte e Nordeste durante esta época.
Fontes: Escritório das Nações Unidas em Genebra, Government of Saint Vincent and the Grenadines, Granada, ClimaInfo, Reuters, Agência Brasil, NOAA, Convoy of Hope, Organização Meteorológica Mundial, The New York Times e G1.
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