Entre 19 e 20 de setembro, o Azerbaijão, no Cáucaso do Sul, retomou o conflito de décadas com a Armênia ao atacar a região de Nagorno-Karabakh, (autoproclamada República de Artsakh). Apesar de essa área estar no território do Azerbaijão, a maioria da população é de origem armênia e lutava por independência. 

Desde o ataque, mais de 100 mil habitantes de Nagorno-Karabakh saíram da região com destino à Armênia — que acusa o Azerbaijão de promover uma “limpeza étnica”, ou seja, expulsar de seu território multidões de uma mesma etnia (neste caso, os armênios étnicos, pessoas de origem armênia). O Azerbaijão afirma que os moradores de Nagorno-Karabakh e arredores são bem-vindos, desde que respeitem o governo local. O Ministério da Defesa do país diz que as ações dos dias 19 e 20 tiveram o objetivo de neutralizar ameaças ao governo.

Em 28 de setembro, o presidente de Nagorno-Karabakh anunciou que a República de Artsakh deixará de existir em 1o de janeiro de 2024.

Ajuda humanitária
Em 1º de outubro, a Organização das Nações Unidas (ONU) fez uma missão ao Azerbaijão para investigar se as pessoas de origem armênia de Nagorno-Karabakh estão sofrendo violência.

O ACNUR (Agência da ONU Para Refugiados) enviou caminhões de suprimentos para os refugiados que chegam à Armênia, com materiais como camas dobráveis e itens de higiene. O Programa Alimentar Mundial (PAM) forneceu milhares de refeições. Já o Fundo da ONU Para a Infância (Unicef) entregou produtos médicos e diz estar planejando ajuda em serviços de saúde.

AS REGIÕES ENVOLVIDAS

Nagorno-Karabakh (República de Artsakh)
Capital: Khankendi (chamada de Stepanakert pelos armênios).
Área: 4.400 quilômetros quadrados (km2), quase três vezes a da cidade de São Paulo.
Idioma principal: armênio.
Religião predominante: cristianismo ortodoxo.

Armênia
Capital: Ierevan.
Área: 29.800 km2.
Idioma principal: armênio.
Religião predominante: cristianismo ortodoxo.

Azerbaijão
Capital: Baku.
Área: 86.600 km2.
Idioma principal: azerbaijano. Religião predominante: islamismo.

O QUE É O CÁUCASO DO SUL?
Área rica em petróleo, metais, gás natural e carvão, está em um ponto estratégico, conectando Europa e Ásia, entre os mares Negro e Cáspio (mapa). A influência sobre o Cáucaso é disputada há anos por Rússia e Turquia (que se desentendem desde antes da formação dos países, na época dos impérios Russo e Turco-Otomano). Os russos são fortes aliados da Armênia. Já a Turquia se posiciona historicamente a favor do Azerbaijão. Na linha do tempo abaixo, saiba mais sobre as relações entre essas nações e como elas influenciam no que está acontecendo agora.

Linha do tempo: Armênia e Azerbaijão

1915-1923
Acontece o “genocídio armênio”: o Império Turco-Otomano é acusado de genocídio (extermínio de um povo) contra os armênios, que estavam sob poder do Império Russo.

1917
O Império Russo é desfeito. Armênia e Azerbaijão, que faziam parte dele, tornam-se independentes.

1922
É criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), bloco de países liderado pela Rússia. Armênia e Azerbaijão são incorporados à URSS. A região de Nagorno- Karabakh é colocada dentro das fronteiras do Azerbaijão (mesmo com a maioria da população tendo origem armênia).

1923
A URSS cria uma região autônoma para Nagorno-Karabakh. O Azerbaijão e outros países não reconhecem a independência da área.

1988-1994
Os conflitos entre Armênia e Azerbaijão crescem, gerando uma guerra. A URSS deixa de existir em 1991, e Nagorno-Karabakh se autoproclama República de Artsakh. Em 1994, um acordo de paz é firmado, mas ataques isolados seguem ocorrendo.

2020
Uma nova guerra dura cerca de 40 dias, envolvendo Armênia, Azerbaijão e a República de Artsakh. Outro cessar-fogo é assinado.

2022-2023
A Armênia acusa o Azerbaijão de bloquear o corredor de Lachin, principal estrada que conecta Nagorno-Karabakh aos armênios. Em setembro de 2023, o Azerbaijão ataca a região.

Fontes: Ministério da Defesa de Artsakh, Ministério da Defesa da Armênia, Ministério da Defesa do Azerbaijão, ONU, Sede de Informações de Artsakh, Azatutyun, Al Jazeera, Shamshyan, O Globo, The Guardian, CNN, Reuters, Folha de S.Paulo, TV Cultura, BBC E G1.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 213 do jornal Joca.

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