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Vital Brazil

Numa manhã de outubro, alunos do 3º ano do Fundamental comentam notícias que acabaram de ler no jornal. No Cazaquistão, o foguete Soyuz parte rumo à Estação Espacial Internacional; no Brasil, 14 mil toneladas de medicamentos vencem todos os anos sem que o Governo consiga evitar o descarte no lixo ou esgoto comuns; ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha é preso pela Operação Lava-Jato. Não são assuntos particularmente atrativos para crianças de 8 anos, mas quem observa a turma percebe um claro interesse.

Esse é o efeito causado pelo Joca, jornal quinzenal que o Vital Brazil assina para trabalhar alguns hábitos e habilidades de seus alunos de 2º a 5º ano do Fundamental, em aulas de Língua Portuguesa. “Único jornal para jovens e crianças”, como o veículo se define em sua primeira página, o Joca tem 12 páginas de notícias, reportagens, entrevistas, fotos e infográficos sobre temas diversos – de política e economia a esportes, ciência e tecnologia –, mas escritos com linguagem acessível a leitores de 7 a 12 anos (também existe versão eletrônica).

O jornal não traz uma pauta superficial – longe disso –, mas preocupa-se em contextualizar os assuntos do momento para crianças. Assim, uma notícia sobre as eleições explica o que fazem o prefeito e os vereadores. Numa reportagem sobre o vírus H1N1, um quadro mostra a diferença entre os sintomas da gripe comum, da Influenza A e da dengue. E, para tratar do escândalo dos Panama Papers – sim, o assunto foi pauta do Joca –, um glossário explica o que são impostos, paraísos fiscais e contas offshore.

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“Não é um jornal bobinho, mas não assusta”, diz Cristina Aparecida Lopes, professora do 3º ano. “E, mesmo quando um aluno não entende uma notícia, um colega vai lá e explica para ele”. O que a professora garante é que a leitura do Joca – em tudo um jornal tradicional, impresso e encadernado como qualquer outro – empolgue alunos nascidos e criados na era digital. “Um aluno me falou que não gostava de assistir aos telejornais com os pais, mas que passou a gostar porque agora consegue entender”, diz Cristina. “Uma outra aluna disse: ‘Estou me sentindo uma adulta’”.

Mas o que, do Joca, empolga as professoras? Os ganhos para o aprendizado não são poucos.

Ler e aprender por prazer

A cada duas semanas, os alunos do Fundamental I dedicam uma hora ao Joca. A atividade pode ser uma leitura livre na Biblioteca, leituras coletivas de alguma reportagem – geralmente sobre um tema relacionado ao conteúdo de outras disciplinas – ou um debate inspirado no que os alunos acharam de mais interessante. (O Vital assina exemplares suficientes para que cada aluno possa levar um para casa, em esquema de rodízio de turmas, para ler com os pais).

Tais momentos, no entanto, não são aulas. Isso é crucial. “Não queremos escolarizar a leitura de jornal. Ela não é cobrada, avaliada com testes ou pontuada com nota”, diz Teresa Santos, coordenadora do Ensino Fundamental. “Queremos promover o hábito de ler jornais pelo prazer e pelo interesse”.

Se prazer é o meio, os fins são outros. Em primeiro lugar, há o despertar de uma postura engajada e interessada pelo mundo, não necessariamente ligada a um veículo impresso, mas a uma busca por informações com regularidade. “Esse hábito dá à criança, uma noção de pertencimento, de sentir-se parte de um mundo bem mais amplo do que a sua vida cotidiana”, diz a professora Cristina Aparecida.

Além disso, especificamente para o ensino da Língua Portuguesa, o veículo jornal – com sua diversidade de gêneros discursivos, como reportagens, notícias, entrevistas, legendas de fotos – é uma grande ferramenta. Segundo a professora Juliana Cristina Fiore, do 5º ano, “criar uma competência leitora desses gêneros e perceber as características de cada um – por exemplo, que a notícia é sempre descritiva, objetiva, escrita na 3ª pessoa – ajuda muito na produção dos textos”.

A ampliação de vocabulário e de repertório também é notada na qualidade da argumentação dos alunos quando produzem artigos de opinião, diz a professora. (Notícias e artigos de opinião são gêneros regularmente trabalhados no 5º ano do Fundamental.) Isso sem falar nos efeitos em termos de leitura de gráficos e percentuais, algo também bastante comum ao universo jornalístico.

Publicado originalmente no blog do Colégio Vital Brazil no Estadão

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