Como muitos meninos e meninas, Rodrigo Iglesias, 39 anos, queria ser jogador de futebol. Tentou até os 15 anos, quando começou a considerar a carreira acadêmica em esportes. Sua paixão virou estudo: ele se graduou em ciência do esporte e é licenciado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) como formador de atletas. Com passagem pela equipe feminina do Corinthians, Iglesias atualmente é auxiliar técnico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino. Antes de embarcar para a Olimpíada de Paris, ele concedeu esta entrevista para Carla M., de 10 anos.

Qual a sua formação e por que você se interessou em ser técnico? 

Eu sou graduado em ciência do esporte, pela Universidade de São Paulo, e fiz alguns cursos de futebol e licenças da CBF. Por que eu me interessei em virar treinador? Acho que foi uma história clássica de muitos brasileiros e brasileiras: quando criança, eu queria ser jogador de futebol. Tentei jogar até mais ou menos 15 anos e, então, percebi que preferia seguir para o lado acadêmico. Escolhi a faculdade de educação física e esporte da USP — eu queria trabalhar com atletas de alto rendimento.

É muito puxado ser auxiliar técnico da seleção? 

Quais as diferenças entre treinar um time e uma seleção? Há uma demanda enorme de trabalho. Passamos pelo menos oito horas por dia discutindo, conversando, trabalhando. Uma das diferenças é que, pela seleção, eu tenho menos jogos do que no Corinthians, por exemplo. A seleção é convocada para competições da Federação Internacional de Futebol (Fifa), que não acontecem sempre. Eu consigo me organizar um pouco mais em relação aos horários, aproveitar o fim de semana com a família. Vou poucas vezes ao campo; basicamente, o meu trabalho é mais focado em observar os nossos atletas e realizar a preparação antes dos jogos.


#pracegover: Iglesias veste camiseta azul com o símbolo da seleção brasileira e calça bege. Ele está sentado ao lado de Carla, que veste camiseta branca e cor-de-rosa. Crédito de imagem: arquivo pessoal

Como é a dinâmica do dia a dia dos jogos na Olimpíada? 

A Olimpíada é uma competição extremamente difícil porque envolve seleções de altíssima qualidade e um período curto entre um jogo e outro. Então focamos em uma preparação antes do início dos Jogos Olímpicos e, depois da primeira partida [Brasil x Nigéria, no dia 25 de julho], começamos a rotina de recuperação, deslocamentos etc. A logística do dia a dia a cada disputa é similar: chegamos ao estádio duas horas antes de jogar, tem a preparação inicial, o aquecimento no campo, a partida. Depois voltamos para o descanso, a recuperação e o treinamento para o próximo jogo, tudo isso intercalando viagens e diferentes horários.

Qual sua opinião sobre o futuro do futebol feminino no Brasil? 

A modalidade já é uma realidade bem estabelecida no país; temos um futebol feminino de alta qualidade, principalmente nos grandes jogos. Na minha opinião, a modalidade ainda oscila em termos de projetos mais consolidados, o que traria um futuro mais promissor. Fizemos o caminho contrário: primeiro os times principais, adultos, foram desenvolvidos, para depois se formar as categorias de base. Mas agora isso está mudando. Temos equipes com categorias de base cada vez maiores, e isso torna o futuro do futebol feminino cada vez melhor.

O que você acha da nossa seleção feminina de futebol? 

Temos atletas muito, muito boas, que estão cada vez mais encorajadas em fazer acontecer, porque mudamos a proposta do que faziam antes. Temos tido bons resultados nos amistosos, mas agora vamos testar isso em uma competição como a Olimpíada. Vimos placares favoráveis na Copa Ouro, que foi uma disputa preparatória muito legal. Conseguimos enfrentar os Estados Unidos, uma das principais seleções do mundo, e isso trouxe mais confiança. Estamos felizes, queremos continuar melhorando muitos aspectos, mas estamos satisfeitos.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 227 do jornal Joca.

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