Uma entrevista com Daniel Gejer, ator que faz parte do elenco do filme
No dia 1º de setembro, o filme Down Quixote começou a ser exibido para o público no estado de São Paulo. Trata-se de uma releitura do livro Dom Quixote, escrito pelo espanhol Miguel de Cervantes. O longa-metragem traz um elenco composto por pessoas com síndrome de Down, condição genética que diferencia as células desses indivíduos em comparação com as de quem não tem a síndrome.
Os atores e atrizes do filme fazem parte do Grupo Adid de Teatro, que surgiu, em 1998, como um dos cursos oferecidos pela Associação Para o Desenvolvimento Integral do Down (Adid). A ideia da produção veio depois que a pandemia de covid-19 se espalhou pelo país, impedindo que o grupo continuasse ensaiando a peça que apresentaria naquele ano (que seria de Dom Quixote).
Assim, o professor da turma, Leonardo Cortez (diretor e roteirista do filme), optou por transformar o espetáculo teatral em material audiovisual e fez os ensaios de Down Quixote por encontros on-line de vídeo.
A história se passa em Tiradentes, cidade de Minas Gerais, e retrata justamente a realidade do grupo de teatro, que teve que paralisar os ensaios de Dom Quixote em consequência da pandemia de covid-19. As cenas mesclam a vida do protagonista, Diogo, durante o isolamento social, com as aventuras fantasiosas de um cavaleiro andante, o personagem Dom Quixote.
Para saber mais sobre como foi integrar o elenco, nosso repórter mirim, Theo E., 10 anos, conversou com Daniel Gejer, ator de 46 anos que interpretou o papel de Segismundo e dele mesmo, Daniel. Confira como foi esse bate-papo.
Você se preparou para ser ator? Como?
Sim, muito. Eu estou no teatro desde 1998.
Ah, que legal. Você quer continuar atuando?
Continuarei, sim.
E o que você vai fazer depois desse filme?
Vou fazer a peça Down Quixote no fim do ano.
Você gostou de trabalhar no filme? Qual foi a cena que você mais gostou de fazer? Como foi?
Gostei muito. A cena de que mais gostei foi com o Diogo falando no telefone. Eu falo com ele pelo telefone, né? Ele está em Tiradentes e eu estou em São Paulo. Aí ele liga para a namorada dele, mas ela não atende. Ele atende o celular, e sou eu. Aí eu falo com ele sobre como ele está, como eu estou e se está tudo bem.
Como o diretor fez para reunir os atores durante a pandemia? Porque, pelo que eu vi, o elenco estava espalhado pelo país.
Fizemos on-line, [pela plataforma de videoconferência] Zoom.
Nossa, que interessante! E os atores que fizeram o filme já se conheciam? Você conhecia alguém do grupo?
Sim, porque nós somos do mesmo grupo de teatro, né? Então a gente já se conhece.
Mudaria alguma coisa para você e para os demais atores se o diretor também tivesse síndrome de Down?
Não. Para mim, é tudo igual. Para a gente, é normal.
Quais valores o filme quer transmitir?
Que a gente é capaz de seguir o próprio sonho. A gente passa [a mensagem sobre] como é capaz e se mostra no on-line (no Zoom) e no presencial.
Você quer falar alguma coisa a mais?
Seguinte: assistam ao filme, porque é um filme importante. Agora [momento em que a entrevista foi feita] nós estamos em um festival do Rio de Janeiro, o Festival do Rio de cinema.
FESTIVAL DO RIO
Foi criado, em 1999, com a junção de dois outros eventos de cinema nacional que eram realizados desde 1980: a Mostra Banco Nacional e o Rio Cine Festival. O evento promove a valorização do cinema, trazendo novidades e clássicos do audiovisual nacional e internacional, além de sessões especiais com participação de grandes nomes da área. A edição deste ano foi a 24ª e ocorreu entre os dias 6 e 16 de outubro. Clique aqui e leia mais sobre o filme Down Quixote na página do Festival do Rio.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição 196 do jornal Joca.
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