Conheça as possíveis causas da tragédia e entenda a renúncia do primeiro-ministro do Líbano
Em 4 de agosto, uma grande explosão em um armazém da zona portuária de Beirute, capital do Líbano, deixou mais de 160 pessoas mortas e cerca de 6 mil feridas, até o fechamento desta edição. O impacto foi tão forte que danificou casas e prédios de vários bairros próximos, fazendo com que 300 mil pessoas ficassem desabrigadas. O governo libanês declarou que as perdas materiais podem chegar a 15 bilhões de dólares (cerca de 80 bilhões de reais).
Tudo indica que a tragédia começou com um incêndio, que bombeiros tentavam conter quando a explosão aconteceu. Autoridades locais investigam as causas do incidente e anunciaram que ele só tomou uma proporção tão grande por causa do armazenamento incorreto de 2.570 toneladas de nitrato de amônio, substância química usada para produzir fertilizante (produto que facilita o crescimento de plantas) e até explosivos. O material estaria no local há cerca de seis anos, em um depósito sem a segurança necessária.
Nova renúncia de primeiro-ministro
O país já vivia uma forte crise econômica e política desde o ano passado, que levou à renúncia do então primeiro-ministro Saad al-Hariri, em outubro de 2019. A explosão de agora reacendeu o clima de tensão. Nos dias seguintes ao incidente, manifestantes tomaram as ruas de Beirute em protesto contra o governo. Há suspeitas de negligência de autoridades libanesas na fiscalização do material armazenado, que teria levado à explosão.
Em consequência à pressão que se formou no país, o primeiro-ministro Hassan Diab renunciou, em 10 de agosto. Michel Aoun, presidente da nação, afirmou ter pedido que Diab fique no cargo até a formação de um novo governo. Por ser uma república parlamentarista, o Líbano tem um primeiro-ministro e um presidente, além do parlamento.
Possíveis causas da explosão
Além da suspeita de irregularidades no armazenamento do nitrato de amônio, autoridades libanesas não descartam algum tipo de ataque. “Há possibilidade de interferência externa, por meio de um projétil, bomba ou outra ação”, declarou Michel Aoun. O presidente disse ainda que a investigação segue em três etapas. “Primeiro, como o explosivo (nitrato de amônio) foi trazido e estocado. Segundo, se a explosão foi causada por acidente ou negligência. E, terceiro, a possibilidade de interferência externa.”
A história do Líbano é marcada por conflitos. O país enfrentou uma guerra civil (entre grupos de uma mesma nação) de 1975 a 1990. Parte do território era controlada por grupos cristãos e a outra, por grupos muçulmanos. Os dois lados se enfrentaram para tomar a frente do país. O Líbano também encarou conflitos contra Síria e Israel.
Ajuda internacional
Líderes de 15 países se reuniram em conferência virtual, em 9 de agosto, para discutir formas de ajudar a região. A União Europeia prometeu 30 milhões de euros (cerca de 133,5 milhões de reais). O presidente da França, Emmanuel Macron, que co-organizou o encontro a distância, foi o primeiro chefe de Estado a visitar Beirute depois do desastre.
Outros países, como os Estados Unidos, também anunciaram apoio financeiro. O Brasil planeja enviar 5,5 toneladas de itens como medicamentos e alimentos. A missão deve ser liderada pelo ex-presidente Michel Temer, descendente de libaneses. No entanto, como foi preso em 2019 (saiba mais na edição 128 do Joca), ele aguarda autorização da Justiça para sair do país.
Glossário
República parlamentarista: sistema de governo em que a função de chefe de Estado é de uma pessoa (costuma ser o presidente, com papel mais simbólico) e a de chefe de governo é de outra (normalmente, o primeiro-ministro). No presidencialismo, os dois cargos são ocupados pela mesma pessoa, o presidente.
Fontes: CNN, G1, Folha de S.Paulo, UOL e R7.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição 154 do jornal Joca.
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