Em memória das vítimas, os Estados Unidos acenderam dois holofotes no local onde estava o World Trade Center (imagem por Gary Hershorn/Getty Images)

Em 2021, é completado 20 anos dos ataques de 11 de setembro, quando extremistas da Al-Qaeda sequestraram quatro aviões comerciais e direcionaram a dois alvos: o Pentágono (sede da defesa e estratégia dos Estados Unidos), em Washington, e o World Trade Center, de Nova York, conhecido como as Torres Gêmeas.

Esse foi um dos eventos mais impactantes das últimas décadas. Canais de televisão do mundo inteiro interromperam a programação para noticiar o atentado. Vigílias foram realizadas em memória das vítimas (foram quase 3 mil vítimas fatais) e os Estados Unidos adotaram um sistema de segurança reforçado, especialmente em aeroportos, para impedir que outro ataque acontecesse. Especialistas em política internacional debatiam para descobrir como o mundo seria daquele momento em diante.

A maioria das pessoas lembra onde estava em 11 de setembro de 2001, até mesmo quem tinha pouca idade na data. O Joca coletou depoimentos de adultos que eram crianças na época sobre como eles se sentiram naquele dia, o que lembram e o que entenderam. Dois membros da nossa equipe, Felipe Sali (editor de conteúdo) e Joanna Cataldo (repórter), também compartilharam suas lembranças.

Além disso, conversamos com Stéphanie Habrich, fundadora e diretora executiva do Joca, que estava em um dos prédios do World Trade Center no dia dos ataques.

MEMÓRIAS DE 11 DE SETEMBRO

“Até hoje, lembro do dia 11 de setembro pelo menos uma vez por dia. Lembro sempre com gratidão. Gratidão por poder ter vivido tudo o que pude viver e conquistar, desde então, tudo o que ainda poderei viver daqui para a frente. 

Imaginando que o avião estivesse nos bombardeando, tentei entrar em outros prédios mais distantes. Mas certamente eu não era a única a pensar que estavam nos bombardeando, pois a cada prédio que eu tentava entrar, as portas já estavam fechadas ou fechavam na minha frente e não me deixavam entrar. 

Naquele dia, muita coisa, por causa do choque, se passou sem que eu me desse conta do que estava acontecendo. Estávamos todos em choque. Nesse estado, não pensamos ou observamos muito. Mas a noite, com certeza, foi um momento muito emocionante para mim (…) eu fui até o Union Square, que fica delimitado pela 14th Street e 17th Street. Quando cheguei, o parque já era uma maré de velas e pessoas.

Mas estar no Union Square com todas essas pessoas que, como eu, estavam tentando digerir o dia e entender alguma coisa foi muito reconfortante e único. As pessoas se falavam, contavam suas histórias, demonstravam sua indignação. Juntos na mesma dor, pensávamos também nos que não puderam se salvar. 

Fiquei os dois dias seguintes em casa, exceto pelas noites, na frente da televisão, ainda sem muitas reações, ainda em uma situação de conseguir entender o inexplicável, ouvindo as histórias das pessoas que iam sendo identificadas e sobre a busca pelos culpados. Penso que foi a primeira vez que ouvi o termo Al-Qaeda.”

Stéphanie Habrich, fundadora e diretora executiva do Joca

“Eu tinha 9 anos na época. Estava com meu pai na padaria e vi o atentado passando na televisão. As imagens mudas me fizeram acreditar que havia sido um acidente; só descobri do que se tratava mais tarde, quando assisti ao jornal falando sobre o assunto. Fiquei bem confuso, e nem meus pais souberam me explicar muito bem. Na escola, a professora tentou explicar resumidamente, mas me deixou com ainda mais dúvidas. Cada dia que ligava a TV e percebia que ainda estavam falando sobre os atentados, minha cabeça registrava que aquilo era importante. Eu calculava a importância das coisas pelo tempo que os canais de televisão gastavam falando sobre elas. Por volta dos meus 14 anos, comecei a ler sobre o que aconteceu e levei um novo choque por finalmente entender a complexidade e gravidade da situação. Hoje sei que, se tivesse um veículo como o Joca, poderia ter me informado melhor ainda criança e ficado menos angustiado.”

Felipe Sali (editor de conteúdo do Joca), 29 anos, São Paulo SP

“Eu tinha 8 anos. Acordei, liguei a TV e vi os jornalistas noticiando o atentado. Quando o segundo avião bateu, pensei que estivesse passando a reprise do primeiro. Só percebi que era grave quando fui para a escola naquela tarde e todo mundo só falava nisso, tanto meus colegas como os professores. Tinha um clima de tensão no ar. Só lembro dos jornais noticiando boletins de resgate, número de mortos, pessoas encontradas vivas, familiares fazendo vigília e eu sem entender nada direito. Não lembro dos professores tratando desse assunto em sala de aula.”

Glauco Lessa, jornalista, 28 anos, Rio de Janeiro – RJ

“Eu tinha 6 anos e não entendi a gravidade da situação. Estava tão confusa que, na minha cabeça, o próprio Bin Laden estava dentro de um dos aviões, mas havia sobrevivido e saído correndo para se esconder. Lembro de ter medo do Bin Laden vir para o Brasil e acreditava que os atentados aconteceriam por aqui também. Foi quando comecei a ouvir sobre guerras na televisão que fiquei em desespero. Tive certeza de que o mundo inteiro entraria em guerra e que meus irmãos e primos seriam convocados. Eu não entendia muito bem o que era uma guerra, mas sabia que as pessoas morriam nela. Não consigo me recordar de terem falado sobre isso na sala de aula.”

Raquel Luma, publicitária, 26 anos, Praia Grande – SP

“Lembro de estar em casa e ver os canais de televisão noticiando o atentado. Eles intercalavam imagens das Torres Gêmeas com imagens do Pentágono (que foi atacado no mesmo dia). Eu estava tão confuso que lembro de acreditar que o Pentágono era uma das torres que tinha caído no chão. Mas não entendi a gravidade da situação na época. Só depois de adulto que comecei a entender o que foram os ataques de 11 de setembro e como aquilo foi impactante para o mundo.”

Franklin Moura, bancário, 28 anos, São Paulo – SP

“Eu tinha 6 anos na época, mas me lembro bem porque foi bem traumático e marcante. Estava na escola com a professor auxiliar, então a professora titular entrou na sala correndo com cara de desespero e contou que os Estados Unidos estavam sendo atacados. A classe inteira ficou bem desesperada, não entendemos bem o que estava acontecendo, mas ficamos tensos ao ver a professora tensa. Alguns pais começaram a buscar filhos mais cedo na escola, preocupados que algo pudesse acontecer no Brasil. Meus pais assistiam ao jornal toda noite, e quase toda edição ao longo de vários meses era sobre o 11 de setembro. Era bem assustador, não entendia muito bem o que estava acontecendo e quem era esse tal de Bin Laden, só sabia que ele era o líder. Por muito tempo, tive medo de entrar em um prédio alto e ele ser atingido por aviões e até andar de avião.”

Joanna Cataldo, repórter no Joca, 26 anos, São Paulo – SP

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Comentários (6)

  • sibele lemos

    2 anos atrás

    sem palavras... tão... estranhamente próximo do que acontece no afeganistão hoje em dia...

  • aluno.beatrizdias@colegiomagister.com.br

    2 anos atrás

    Esse ataque foi assustador, mas, é um marco histórico.

  • Arthur Rizzotti Merencio

    2 anos atrás

    Verdade...???

  • aluno.daviparente@colegiomagister.com.br

    2 anos atrás

    isso é muito triste... muitas pessoas morreram...

  • aluno.marinanascimento@colegiomagister.com.br

    2 anos atrás

    gente muito triste ?????

  • Miguel Felice

    2 anos atrás

    ou que pesado

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