Esta matéria foi originalmente publicada na edição 240 do jornal Joca
Representantes de povos indígenas do Brasil, outros países da América do Sul e ilhas do Oceano Pacífico participaram da 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília (DF), de 7 a 11 de abril. O encontro, que é anual, teve 7 mil presentes e foi marcado por reivindicações pela garantia dos direitos indígenas estabelecidos na Constituição Federal.
O tema principal foi a demarcação de terras, mas também houve manifestações e discussões sobre qualidade na educação, segurança das mulheres e exploração de garimpos ilegais. Além disso, foi debatida a participação dos povos originários em espaços de decisão para lidar com as mudanças climáticas, como a 30a Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorre em novembro, no Pará.
Alcineide Piratapuya, que estuda relações internacionais na Universidade de Brasília (UnB), participou pela quinta vez do ATL. Ela acredita que os movimentos indígenas estão mais organizados e que há abertura dos governantes para negociações. Mesmo assim, segundo Alcineide, há muito o que fazer: “Temos demandas em relação a direitos básicos, de saúde e educação e sobre os impactos que as mudanças climáticas trazem para nós”.
O Joca já esteve no ATL e gravou um vídeo mostrando como funciona o encontro, aponte a câmera para o QR code no fim da página para assistir.
CRIANÇAS ENTREGAM DOCUMENTO COBRANDO AÇÕES CONTRA MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Durante o ATL, um grupo de crianças indígenas e não indígenas entregou uma carta às ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas) cobrando ações contra o desmatamento e as mudanças climáticas. O manifesto defende a preservação de florestas e rios e o direito das crianças de existir em um mundo ecologicamente equilibrado. “Somos o presente e queremos ser ouvidos”, diz o texto de apresentação do documento.
LEIA UM TRECHO DA CARTA:
“Sempre falam que somos o futuro, mas somos o presente e o agora! Os ancestrais nos ensinaram a ouvir a natureza e agora pedimos que os outros adultos nos ouçam. Estamos ouvindo o som do mundo de vocês desmoronando. E vocês? Conseguem ouvir? Escutem nosso chamado: somos parte da solução. Sabemos que existe um jeito de salvar o nosso mundo e estamos prontos para caminhar juntos, unidos para proteger nossas terras, nossos rios e nossas culturas. Queremos água limpa, sem poluição e sem minério. Não queremos que nossos rios e igarapés sejam sujos com petróleo. Defendemos todos os seres vivos. Se não cuidarem do nosso mundo, não vai haver futuro para nós, crianças. E a luta não é só nossa, é de todo mundo.”
GLOSSÁRIO
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: conjunto de leis que organiza uma nação. Todos são obrigados a respeitá-la. Na Constituição brasileira é possível encontrar, por exemplo, as regras que determinam os deveres dos políticos e os limites de suas ações e os direitos e deveres dos cidadãos brasileiros.
FONTES: AGÊNCIA BRASIL, MUSEU DAS CULTURAS INDÍGENAS, ARTICULAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS INDÍGENAS DO BRASIL E INSTITUTO INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL SOCIOAMBIENTAL.
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.