Reprodução de Instagram

Ainda no período medieval, trovadores (contadores de histórias, cantigas e poemas do trovadorismo) se reuniam em momentos de socialização para entreter a nobreza e o público em geral. Com o tempo, essa prática passou a ser conhecida como “sarau”, termo derivado do latim seranus, de “serão”, que significa algo extraordinário realizado ao anoitecer. Os saraus atuais podem apresentar poemas, dança, teatro, músicas e muito mais a uma plateia.

Nas escolas, essa prática surge como um catalisador para a expressão pessoal e artística dos estudantes — às vezes com um tema predefinido e outras, com total liberdade de escolha. Para muitos, esse é o primeiro contato de uma relação duradoura com a arte.

Na E. E. Jardim Nova Cumbica II, em Guarulhos (SP), estudantes do 6° ano do ensino fundamental ao último ano do ensino médio participarão de um sarau que será realizado em maio, com o tema “Jardins”. Até lá, eles vão criar e produzir textos, peças e apresentações artísticas. Segundo a professora Renata Belli, a prática colabora para que os alunos aprendam a se expressar melhor e reconheçam diferentes textos literários. “O sarau contribui diretamente para que conheçam e utilizem elementos da linguagem em diferentes formas”, diz ela.

Os estudantes estão animados com o evento. “O sarau é um momento em que os alunos podem expressar sua imaginação e sentimentos por meio da cultura. Nós pretendemos fazer uma música sobre o meio ambiente”, comentam Santiago O. e Miguel S., de 13 anos. “É muito legal. Vou apresentar um poema de Vinicius de Moraes chamado ‘O relógio’”, conta Vinicius S., de 11 anos.

Sarau com o EJA. Arquivo pessoal

Poesia para celebrar 

Na Escola Municipal de Timóteo (MG), o sarau também é uma atividade frequente. Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, o encontro foi especial. Os alunos declamaram cordéis de Tião Simpatia, com destaque para A Lei Maria da Penha em Cordel. “Além de ser uma oportunidade de mostrar talento artístico, é um momento de aprendizado. Ações como essa despertam o interesse pela literatura e arte”, diz Jairo de Souza, professor de língua portuguesa e responsável pelo projeto. 

Os alunos também apresentaram teatros, músicas e encenações que demonstravam a luta das mulheres (incluindo o dia 8 de março de 1857) pela emancipação feminina.

“Para mim, o sarau foi importante para destacar a relevância das mulheres no mundo. Isso quer dizer que nós, mulheres, podemos ser o que quisermos — desde dona de casa até presidente de empresa”, comenta Maísa L., 12 anos.

Arquivo pessoal

Slam em Paraisópolis 

A Organização Não Governamental (ONG) Pró- -Saber leva o slam para os jovens de Paraisópolis, comunidade de São Paulo (SP). O slam é como uma poesia performática, que envolve competição entre os declamadores, como se um verso fosse a resposta ao anterior. Geralmente, o gênero aborda temáticas sociais. 

Em 28 de março, um slam reuniu jovens para destacar a arte feminina em uma “edição das minas”. “Sempre falo para os alunos: se vocês querem escrever poesia, precisam ler, porque é necessário ter referências, inspirações. É importante pensar em como a poesia vai atingir você. Não se trata apenas de ‘ganhar’ o slam”, explica Daniele Alves, educadora do Pró-Saber. “O slam aproxima os jovens da escrita, da literatura. A competição em si deixa de ser o foco; o mais importante é ouvir a poesia de alguém e expressar a sua”, reforça Gabriel de Jesus, de 22 anos, apresentador do último slam da ONG.

Reprodução de Instagram

GLOSSÁRIO

TROVADORISMO: movimento literário e poético que surgiu na Idade Média. Foi a primeira manifestação literária da língua portuguesa.

FONTES: PRÓ-SABER, INSTITUTO DE EDUCAÇÃO POLÍTICA E CIDADANIA E JORNAL DA USP.

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