Três estudantes do 9º ano do Colégio Santa Marcelina, de São Paulo, projetaram um bastão tradutor da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e foram finalistas da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), principal feira dessas áreas de conhecimento do país, realizada em março de 2024. A ideia surgiu para facilitar a comunicação entre ouvintes e não ouvintes durante interações rotineiras. O bastão foi pensado utilizando técnicas de robótica e programação que os alunos Lucas Cazorla Laurente, Guilherme Rocha Lessa e Thiago de Quina Barbosa desenvolveram sob a supervisão dos professores Caio Chaves Barbosa e Andressa Pinter Ninin, na disciplina chamada Iteenerário – ciência investigativa, promovida pelo Santa Marcelina para estimular a ciência entre os jovens. O trio também escreveu um artigo científico para apresentar o projeto na Febrace. Gabriela C., 10 anos, participante do Clube do Joca, entrevistou os estudantes para saber um pouco mais sobre a criação. Confira:

#pracegover: aluno está usando camiseta branca do uniforme escolar. Ele está parado diante de um notebook com uma das mãos erguidas. Na tela do computador aparece a imagem da mão erguida mostrando o movimento feito por ele. Crédito de imagem: arquivo pessoal

Por que vocês decidiram fazer esse bastão tradutor de Libras? 

Em 2022, tivemos uma aula de pensamento computacional e conhecemos sensores de computadores que identificavam imagens e diferentes movimentos. Então, pensamos: “Vamos usar isso para alguma coisa”. Focamos em auxiliar pessoas com o que aprendemos. Ouvimos bastante sobre deficiência auditiva e entramos em contato com pessoas com deficiência auditiva; então, decidimos fazer algo dentro disso.

Como foi o processo de criar esse bastão? 

Antes de tudo, focamos muito nessa aula de física e ciência que tivemos com os sensores. Pensamos em como desenvolver esse projeto, como colaborar com as pessoas, e então elaboramos o bastão. Enquanto estudávamos algoritmos, aprendemos o conceito de machine learning, que resumidamente são máquinas em que treinamos padrões por meio de um banco de dados. E aí, com base nesse banco, unimos isso com o uso do Arduino (plataforma que permite o desenvolvimento de softwares) e sensores, criando uma lógica que pudesse programar a leitura e tradução dos sinais de Libras.

#pracegover: os estudantes Guilherme, Lucas e Thiago, criadores do bastão tradutor de Libras, estão parados lado a lado. Diante deles há uma mesa com caderno e notebook e, ao fundo, um pôster com escritos. Crédito de imagem: arquivo pessoal

Como ele funciona exatamente? 

Primeiro tem a entrada de dados, que é a câmera, o sensor de fato do bastão, que é um banco de dados. Antes de tudo, alimentamos a base com várias imagens para o machine learning ser treinado. Quando o bastão (no caso, o banco de dados), já treinado com as informações, recebe as imagens que o sensor capta, seu sistema, por meio de inteligência artificial, checa dentro das informações armazenadas qual sinal mais se assemelha com a entrada de imagem que o bastão está recebendo. O sinal identificado é traduzido em formato de texto em uma tela no bastão.

Então ele identifica o gesto e aí mostra um texto traduzindo o sinal de Libras que a pessoa está falando? 

É exatamente isso: ele vai receber uma imagem, interpretá-la usando o banco de dados e o algoritmo de inteligência artificial e, então, fazer a tradução de Libras para português.

Vocês gostaram de participar da Febrace?

A gente aprendeu bastante coisa nova, vimos vários outros projetos, conhecemos o campus da Universidade de São Paulo (USP), que é gigante e muito legal de visitar. E conversamos com muita gente de outros lugares, de diferentes cantos do Brasil — foi algo muito legal e importante para levar para a vida.

Eu imagino que vocês tenham feito alguns testes com o bastão, mas ele já foi usado alguma vez em uma situação cotidiana? 

Funcionar de verdade, fora do papel e de fato ser algo funcional, sim. Só que ir para o mercado ou chegar à mão de alguém que realmente tem essa deficiência e a quem o bastão poderia ajudar, ainda não. Na própria Febrace ele foi utilizado e testado por deficientes auditivos, apenas ainda não chegou à rotina das pessoas, com a comercialização.

GLOSSÁRIO

SOFTWARE: sistema de coordenadas ou dados em um computador que executa o funcionamento de uma máquina.

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