O Relógio do Apocalipse, ou Doomsday, criado em 1947 pelo Boletim dos Cientistas Atômicos da Universidade de Chicago (BPA, em inglês), nos Estados Unidos, é um aparelho simbólico que tem como objetivo alertar os governos e toda população sobre os perigos que atingem a Terra.

Ele serve para mostrar o quão perto o planeta está de ser destruído.

Os cientistas Lawrence Krauss e Thomas Pickering mostram o relógio simbólico

Recentemente, o grupo de cientistas divulgou o relógio simbólico marcando dois minutos e meio para a meia-noite, sendo que meia-noite é o horário que os cientistas estipularam para o fim do mundo. Assim, cada vez que o relógio é adiantado, significa que o mundo está mais perto do fim.

Apenas em 1953, o relógio esteve mais adiantado do que agora, marcando dois minutos para a meia-noite. Na época, os Estados Unidos e União Soviética começavam a testar as bombas nucleares em diversas áreas remotas do globo.

Testes de bomba no Atol de Bikini, feito pelos EUA, em 1953

Desde que foi criado os ponteiros foram ajustados 22 vezes e a última vez que isso ocorreu foi em janeiro deste ano. Na ocasião, o relógio foi adiantado em meio minuto após a posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos.

Integrantes do Boletim dos Cientistas Atômicos

Atualmente, os responsáveis pelo relógio se preocupam com o risco nuclear, mas também têm medo das consequências das mudanças climáticas e dos avanços tecnológicos, como a inteligência artificial e a biologia sintética, que é a manipulação no código genético de organismos vivos.

Para Rachel Bronson, diretora-executiva e editora do boletim, o ajuste do relógio em janeiro deu-se devido à falta de consideração dos governos a respeito dessas questões, que são mundiais.

História do relógio

O relógio foi criado em 1947 e simbolizava a preocupação dos cientistas com o risco de uma guerra nuclear durante a Guerra Fria*.

*Guerra Fria é o nome do período após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando Estados Unidos (EUA) – capitalista – e União Soviética (URSS) – socialista –  não concordavam com diversas questões. A expressão “guerra fria” surgiu porque as duas potências não se enfrentaram em conflitos armados, mas ambas tinham a bomba atômica. Portanto, se uma guerra começasse de fato, haveria a destruição total do inimigo e de, talvez, boa parte do planeta.

“Esse relógio é um símbolo que representa o quanto estamos perto ou longe de uma catástrofe global. Queremos mostrar com isso que estamos próximos de destruir a vida na Terra”, explica Rachel.

O relógio foi ajustado para sua melhor marca desde que foi criado quando foi firmado o acordo entre Estados Unidos e Russia para reduzir as armas em 1991. Na ocasião, o relógio apontou 17 minutos para a meia-noite.

O relógio não mede a passagem do tempo e não é um objeto. Criado pelos cientistas, é um símbolo que sofre ajustes nos ponteiros de acordo com as decisões do conselho de ciência e segurança do BPA. Os integrantes se reúnem duas vezes por ano para determinar o quanto falta para a meia-noite.

Para Rachel, “o importante é a tendência. Isso me preocupa muito. Estamos chegando mais perto ou nos afastando da meia-noite? Acreditamos que não está tão perigoso quanto em 1953, mas estamos caminhando para isso”.

VEJA OUTRAS DATAS EM QUE O RELÓGIO FOI AJUSTADO

1947: 7 minutos para meia-noite
O Relógio do Apocalipse aparece pela primeira vez na capa da revista do Boletim dos Cientistas Atômicos. O objetivo do aparelho simbólico é alertar a comunidade internacional e os líderes mundiais para os perigos do potencial atômico mundial.
1949: 3 minutos para meia-noite
 O relógio é adiantado depois da denúncia feita pelos Estados Unidos de que a União Soviética testou seu primeiro artefato nuclear, iniciando oficialmente a corrida armamentista da Guerra Fria. Os soviéticos negaram a denúncia.
1953: 2 minutos para meia-noite
 Depois de muito debate, os Estados Unidos decidem, em 1952, desenvolver a bomba de hidrogênio, uma arma mais poderosa do que qualquer bomba atômica. Nove meses depois, os soviéticos apresentam a sua própria Bomba-H.
1960:  7 minutos para meia-noite
 Pela primeira vez, americanos e soviéticos procuram evitar o confronto direto em conflitos regionais, como o que envolveu Egito e Israel em 1956. Iniciam-se projetos que buscam pactos de confiança e diálogos construtivos para reprimir as hostilidades diplomáticas.
1981: 4 minutos para a meia noite
 A invasão soviética no Afeganistão endurece a postura nuclear americana. Os EUA se retiram das Olimpíadas de Moscou e acreditam que podem vencer a Guerra Fria. O presidente Reagan diz que armas nucleares são a melhor forma de vencer o conflito.
1984: 3 minutos para meia-noite
A relação entre Estados Unidos e União Soviética atinge um de seus piores níveis em décadas. Praticamente não há diálogo. Reagan lança o projeto Guerra nas Estrelas, um escudo contra mísseis balísticos posicionado no espaço, deixando o mundo em alerta novamente.
1991: 17 minutos para meia-noite
 Com a Guerra Fria oficialmente terminada, Estados Unidos e Rússia começaram a cortar seu arsenal nuclear. O Tratado de Redução de Armas Nucleares gradualmente reduz o número de ogivas de ambos os países. O relógio dos minutos atinge seu ponto mais afastado do 12.
2007: 5 minutos para meia-noite
 O mundo entra em uma nova era nuclear. Os Estados Unidos e a Rússia se mantém prontos para um ataque em qualquer lugar do planeta. A Coreia do Norte realiza um teste, enquanto a comunidade internacional expressa preocupação com o programa nuclear iraniano.
2010: 6 minutos para meia-noite
Com o diálogo entre Estados Unidos e União Soviética avançando, o mundo vê Obama ser o primeiro presidente americano a pedir um mundo livre de armas nucleares. Os perigos continuam grandes, mas há esperança, diz o Boletim, apesar do fracasso em Copenhague.


Bomba nuclear

Hoje, se uma guerra começar e uma bomba nuclear explodir, o mundo inteiro sofrerá consequências. Essas bombas são armas com alto poder de destruição e podem chegar a destruir uma cidade, arrasando construções e matando milhares de pessoas. Elas liberam, ao explodir, uma enorme quantidade de radiação e calor.

Bombas nucleares foram usadas apenas duas vezes na história. No final da Segunda Guerra Mundial (1945), os Estados Unidos jogaram bombas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Aproximadamente duzentas mil pessoas morreram. Milhares de pessoas, em função da radiação liberada pelas bombas, desenvolveram doenças graves e vários tipos de câncer. Muitas dessas doenças foram transmitidas, de forma hereditária, para os descendentes dos atingidos.

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