Órgão foi editado geneticamente para ser aceito pelo organismo humano
No dia 21 de março, foi anunciado em um comunicado oficial do Massachusetts General Hospital (MGH), localizado em Boston, Massachusetts (Estados Unidos), a realização do primeiro transplante de rim de um porco para um humano vivo. A cirurgia foi comandada pelo médico brasileiro Leonardo Riella e, de acordo com o MGH, foi bem-sucedida. O procedimento foi executado no dia 16 de março.
O nome dado para o transplante de órgãos ou tecidos de uma espécie a outra é xenotransplante. Nesse caso, o doador foi modificado geneticamente para que o sistema humano aceitasse bem o novo rim. Tratado em laboratório, o órgão sofreu cerca de 69 edições genômicas (informações genéticas de um organismo) para remover características suínas que poderiam ser prejudiciais ao seu funcionamento no corpo humano. O órgão foi fornecido pela eGenesis, da Universidade de Cambridge, também localizada em Massachusetts.
Quem recebeu o rim foi um homem de 62 anos, portador de uma doença renal (que afeta esse órgão) já em estágio avançado. O procedimento cirúrgico foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), instituição reguladora dos EUA equivalente à brasileira Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
De acordo com a FDA, procedimentos do gênero só podem ocorrer em casos graves, quando já não há possibilidade de outros tratamentos. O paciente em questão havia feito um transplante de rim humano anteriormente, mas o órgão começou a apresentar problemas em 2023.
Antes da operação, o MGH e a eGenesis trabalharam durante cinco anos em pesquisas na área de xenotransplante, publicando um artigo científico com as descobertas na revista Nature. Além disso, a tecnologia CRISPR-Cas9, que venceu o prêmio Nobel de química em 2020, foi essencial para que a cirurgia fosse bem-sucedida.
CRISPR é uma técnica que permite a edição de um genoma a partir do uso da enzima Cas9, que age como uma “tesoura” molecular e, assim, consegue alterar seções do material genético de um organismo.
Já foram realizados outros xenotransplantes: em 2022, um homem de 57 anos recebeu um coração suíno e, em 2023, outro paciente passou pela mesma cirurgia. No entanto, ambos morreram algumas semanas após o transplante em consequência de sua condição de saúde e de processos de rejeição do corpo ao novo coração.
Fontes: Massachusetts General Hospital, CNN, CNN, O Globo e CNN.
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