#pracegover: Guilherme está parado, com os braços cruzados e sorrindo. Ele veste camisa roxa e gravata preta. Ao fundo tem algumas árvores. Crédito de imagem: arquivo pessoal

Guilherme Borges é meteorologista do Climatempo, um dos principais portais de previsão do tempo do Brasil. Seu interesse pela área começou de forma inesperada, mas logo se transformou em paixão. Borges está concluindo o doutorado em radiação atmosférica, com foco em mudanças climáticas e seus efeitos no planeta. Os alunos do 4º e 5º ano da Escola Criação e Camila S., de 13 anos, fizeram perguntas sobre a profissão de meteorologista e as causas das alterações no clima. Confira:

Quando você começou sua carreira e o que o motivou a trabalhar com meteorologia? 

Eu comecei minha carreira em meteorologia em 2013. Minha trajetória teve início de uma maneira bem diferente, porque, quando entrei no curso de meteorologia, meu sonho era ser engenheiro civil. Meu objetivo inicial era fazer a transição para o outro curso, mas, nesse meio-tempo, acabei me apaixonando pela profissão. Sempre gostei muito de matemática e física, e isso me fez continuar na área. Para mim, a meteorologia é fascinante, principalmente pelo desafio de entender os fenômenos naturais.

Qual é o trabalho de um meteorologista e do que é preciso para se tornar um? 

O trabalho do meteorologista consiste, basicamente, em analisar prognósticos de temperatura, chuva e outras variáveis atmosféricas, tanto de curto como de longo prazo. Para atuar na área, é preciso estudar muito cálculo e física, pois os modelos meteorológicos utilizam esses conhecimentos para interpretar a atmosfera. O meteorologista do Brasil precisa diagnosticar o clima diariamente, avaliando impactos em diferentes regiões, já que o país é enorme e tem muitas variações climáticas.

Como os meteorologistas captam essas informações? 

Para monitorar essas condições, utilizamos modelos meteorológicos que fazem cálculos baseados em diversas variáveis atmosféricas. Eles conseguem prever o tempo para os próximos quatro ou cinco dias, podendo se estender ainda mais. Além disso, analisamos padrões de variação, como pressão e ventos, pois tudo está interligado. Por exemplo, a diferença de temperatura leva a mudanças na pressão, e essa variação de pressão influencia os ventos. Tudo isso precisa ser monitorado diariamente.

Quais ferramentas vocês utilizam para essas análises? 

Nosso principal recurso ainda é o computador, pois ele permite calcular e verificar previsões meteorológicas de longo prazo. Trabalhamos com modelos meteorológicos globais, como o Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo (ECMWF, na sigla em inglês) e o Sistema de Previsão Global (GFS), que fornecem cenários de temperatura, chuva e outras variáveis. Além dos modelos globais, utilizamos regionais, entre outras estratégias. Essas ferramentas nos ajudam a tornar as previsões do tempo cada vez mais precisas.

Pode explicar um pouco mais sobre o que é um modelo meteorológico? 

É um conjunto de equações matemáticas que reúne dados atmosféricos, como temperatura, umidade e pressão, para prever as condições do tempo nos próximos um, dois, três dias… Basicamente, ele calcula como essas variáveis vão se comportar no futuro. Por exemplo, ao analisar as condições atuais, o modelo estima a quantidade de chuva ou variação de temperatura para os próximos dias.

Por que estão ocorrendo tantas ondas de calor no Brasil? 

Isso está diretamente ligado às mudanças climáticas. Ondas de calor e chuvas intensas são eventos extremos. Desde 1850, com o início da era pré-industrial, o planeta vem se aquecendo gradativamente, agravando esses fenômenos. Para se ter uma ideia, em 2023, tivemos nove ondas de calor; em 2024, oito; e, neste ano, já foram cinco.

Quais são as causas das mudanças climáticas? 

Elas estão relacionadas ao efeito estufa, que é um fenômeno natural. O Sol emite radiação para a Terra, que absorve parte desse calor e reflete outra parte de volta para o espaço. No entanto, existe uma camada atmosférica que retém uma parcela desse calor, mantendo o planeta aquecido. O problema é que, ao longo dos anos, essa camada se tornou mais espessa, com a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs). É como se estivéssemos colocando várias camadas de casacos sobre a Terra, o que potencializa o efeito estufa, provocando o aquecimento global.

GLOSSÁRIO 

ATMOSFERA: camada de gases, como oxigênio, nitrogênio e hidrogênio, que envolve o planeta. Esses gases nunca se dissipam, em razão da gravidade. A atmosfera é essencial para proteger a vida na Terra. Outros planetas também têm atmosfera. 

GASES DE EFEITO ESTUFA (GEEs): gases poluentes, como o dióxido de carbono (CO2). Ao ser liberados (por meios de transporte ou indústrias, por exemplo), eles sobem para a atmosfera terrestre e ficam “presos” ali, acumulando-se em uma espécie de camada. Essa camada impede o calor de sair da Terra e, ao ser intensificada pela ação humana, leva ao aquecimento global. 

PROGNÓSTICO: previsões de como uma situação pode se desenvolver.

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