Esta entrevista faz parte do projeto Para ler o mundo: a jornada de crianças e jovens na educação midiática global, realizado em parceria com os países nórdicos
Durante a visita à escola Hiidenkivi Comprehensive School, na Finlândia, acompanhamos uma aula de educação midiática e conversamos com Saara Varmola, professora responsável por ministrar a aula. Ela nos explicou como conduz o tema com os alunos, as ferramentas que utiliza e quais considera os pontos principais para formar jovens mais críticos em relação à mídia.
Como você trata a educação midiática em sala de aula?
Há tanta informação disponível hoje… então a questão é: como delimitamos essa informação? Como conseguimos extrair conhecimento dessa massa enorme de dados?
Uma parte importante desse processo é refletir sobre o uso de dispositivos. Como os jovens utilizam bastante esses aparelhos, falamos sobre quanto tempo vale a pena passar neles e onde esse tempo deve ser gasto. Essas são questões que geralmente surgem nas aulas.
Quais ferramentas você utiliza?
Quando ensino finlandês, ou seja, a disciplina de língua e literatura finlandesa, uso muitos textos retirados diretamente de jornais. Por exemplo, ao falar sobre artigos de opinião, mostro exemplos reais da mídia impressa.
Os alunos também realizam tarefas como planejar e produzir um podcast, refletindo sobre quais temas devem ser abordados. Além disso, usamos redes sociais em algumas atividades, mas sempre com orientação para que sejam acessadas de modo responsável — não apenas para entretenimento ou “rolar o feed”, e sim como um recurso para se expressar e influenciar a sociedade.
Em sua opinião, quais são os principais elementos para uma boa educação midiática?
Acredito que esse processo começa antes mesmo da escola — ou seja, em casa já se deve conversar sobre quanto tempo pode ser gasto com dispositivos de mídia.
Mesmo crianças pequenas, com 7 ou 8 anos, já precisam começar a refletir sobre como crescer como usuárias da mídia. Como utilizá-la de maneira útil, para obter informações — e tudo bem usar um pouco para se entreter também, mas de forma que isso não ocupe muito tempo da vida e não se acredite em tudo que aparece por aí.
O essencial é ajudar os estudantes a se tornar usuários críticos da mídia. Crescer com um olhar crítico em relação ao que se consome é algo que deve ser ensinado dos 7 aos 15 anos — e, claro, deve continuar sendo desenvolvido também na vida adulta.
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