Esta entrevista faz parte do projeto Para ler o mundo: a jornada de crianças e jovens na educação midiática global, realizado em parceria com os países nórdicos
Ene tem 15 anos e estuda na escola N. Zahles Gymnasieskole, localizada em Copenhague, na Dinamarca. Assim como o colega Lawitz, ele conversou com a equipe do Joca sobre sua relação com as notícias, os meios de comunicação e o uso da internet na rotina escolar e familiar.
Você usa seu celular ou computador durante as atividades escolares?
Sim, principalmente o computador, por exemplo, em aulas de estudos sociais e para fazer pesquisas. Basicamente, só para coisas da escola.
Quais são as principais fontes de notícias que você acessa diariamente?
Uso bastante a DR, que é uma fonte de notícias dinamarquesa. Gosto de checar as notícias lá.
Você também utiliza redes sociais?
Sim, uso.
Quais notícias você gosta de acompanhar?
Gosto especialmente de acompanhar a política dos Estados Unidos. Tenho muito interesse nisso e também me ajuda a entender melhor o inglês.
Você costuma receber notícias de fontes voltadas para sua faixa etária?
Não diria isso. Acesso mais fontes para todas as idades.
Por quê?
Acho melhor assim. Já acompanhei um programa com notícias explicadas para crianças, mas acredito que já cresci e passei dessa fase.
Você já fez algum projeto em que criou vídeos, podcasts ou outra versão de mídia?
Sim. No início do ano, fizemos um podcast individualmente. Cada um escreveu um ensaio sobre como imaginava o futuro, gravou e isso virou um podcast.
Você acha que a escola te prepara bem para entender e usar a internet de forma segura e crítica?
Às vezes, sim, porque nos avisam sobre fake news e o avanço da inteligência artificial. Mas, em outras ocasiões, não alertam direito, e podemos acabar acreditando em notícias falsas que parecem reais.
Quando vê uma notícia que parece problemática, você leva para a escola e discute com colegas ou professores?
Em algumas situações, sim, especialmente nas aulas de estudos sociais, em que falamos sobre o que está acontecendo no mundo. Outras vezes, acabo esquecendo do que li.
Como você avalia se uma publicação on-line é verdade ou mentira?
É uma pergunta difícil. Com toda essa questão da inteligência artificial (IA), fica complicado. Mas geralmente consigo perceber a diferença porque a IA ainda comete erros, como movimentos que não parecem humanos. Às vezes, uma informação pode até ser verdadeira, mas dependendo de quem a apresenta, ela vem com determinado viés.
Você sente que precisa estar preparado para reconhecer diferentes pontos de vista e separar isso dos fatos?
Sim, às vezes. Não falamos muito sobre isso, mas meu pai me ajuda bastante. Ele trabalha com política dos Estados Unidos, então, se eu pergunto se algo é fake news, ele tenta confirmar da melhor forma possível, mesmo estando longe de lá.
Você sente que muito da sua educação midiática vem de casa?
Sim, no meu caso, vem bastante dos meus pais.
Com que idade você e seu pai começaram a conversar sobre esses temas?
Na verdade, fui eu quem comecei a perguntar, quando esses assuntos passaram a aparecer bastante no mundo. Acho que foi quando eu estava no 7º ano, e aí começamos a conversar mais sobre isso.
Você já acreditou em uma notícia que depois descobriu que era falsa? Como reagiu?
Já, com certeza. Não lembro de um exemplo específico, mas provavelmente reagi com surpresa ou me senti enganado, porque parecia verdadeira — talvez até fosse uma boa notícia.
Como descobriu que não era verdade?
Pesquisando. Tento entender mais sobre o tema e ver se a informação se sustenta.
Se pudesse criar um projeto de mídia ou canal na escola, além do podcast, sobre o que seria?
Provavelmente sobre saúde mental dos jovens. Acho que esse é um tema ainda negligenciado, apesar de ter ganhado mais atenção no século 21. Ainda sinto que falta algo.
Você tinha jornais ou revistas infantis em casa quando era mais jovem?
Sim, mas era mais para minha irmã mais nova. Temos um jornal infantil que pega as grandes notícias dos periódicos adultos e traduz para uma linguagem que as crianças possam entender. Ela gosta bastante.
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