O crânio de Virgulino Ferreira da Silva e o de Maria Gomes de Oliveira — Lampião e Maria Bonita — passaram por restauração realizada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).

Por 20 anos, os vestígios do famoso casal de cangaceiros ficaram guardados pela família em caixas de madeira. O cangaço foi um movimento de bandos armados que atuaram no sertão nordestino entre o fim do século 19 e as primeiras décadas do século 20. Seus integrantes, conhecidos como cangaceiros, são lembrados de maneira controversa: para alguns, eram justiceiros; para outros, criminosos violentos.

Os crânios estavam com os parentes desde 2000, quando as netas de Lampião e Maria Bonita foram informadas de que o cemitério em que estavam sepultados, em Salvador (BA), passaria por mudanças e os restos poderiam se perder. 

A única filha do casal, Expedita, de 92 anos, disse que os restos dos pais eram tratados como segredo de família, guardados em casa assim “como se guardam roupas e sapatos”. Os crânios permaneceram com a família até setembro de 2021, quando foram entregues ao Departamento de Patologia da USP. Após três anos e meio de análises, serão provisoriamente armazenados no Museu de Arte Sacra de São Paulo.

Dificuldades

A reconstrução foi o primeiro desafio dos pesquisadores. O crânio de Maria Bonita estava quase intacto, mas o de Lampião chegou ao laboratório em fragmentos. 

Tentou-se extrair material genético para comparar com o DNA de parentes, porém isso não foi possível, diante da falta de conservação adequada. Ainda assim, os pesquisadores afirmam que não há dúvidas sobre as identidades.

A família pretende construir o Memorial do Cangaço, previsto para ficar pronto em três anos, para expor objetos preservados, como armas, punhal, joias, fotografias e um cacho de cabelo de Maria Bonita.

Trajetória dos crânios:

• 1938 – Após o casal ser morto na fronteira entre Sergipe e Alagoas, a cabeça de Lampião e a de Maria Bonita são expostas em frente a um prédio público de Piranhas (AL).

• 1938 – Os crânios são levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Maceió (AL).

• 1944 a 1969 – Os restos ficam expostos no Museu Nina Rodrigues, em Salvador (BA).

• 1969 – São sepultados no Cemitério Quinta dos Lázaros, por decisão da família.

• 2000 a 2021 – Ficam guardados em casa por Expedita Ferreira, filha do casal.

• 2021 – Os crânios são encaminhados à USP para estudo e reconstrução.

Quem foram Lampião e Maria Bonita?

Virgulino Ferreira da Silva nasceu em 1897, na então comarca de Vila Bela, em Pernambuco. Entrou para o cangaço por volta dos 19 anos, motivado pela vingança da morte do pai. Tornou-se o mais famoso chefe cangaceiro, atuando entre 1922 e 1938.

Maria Gomes de Oliveira nasceu em 1910, em Malhada da Caiçara, na Bahia. Companheira de Lampião, ficou conhecida como Maria Bonita. Foi a primeira mulher a integrar o bando e passou a ser chamada de “rainha do cangaço”.

Fontes: Correio Braziliense, G1 e Aventuras na História. 

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