#pracegover: um menino e uma menina estão sentados, mexendo cada em um computador. Eles estão de costas para a foto. Crédito de imagem: SEDUC ALAGOAS/ALEXANDRE TEIXEIRA E DIVULGAÇÃO SME DE SÃO PAULO

O ChatGPT, lançado pela empresa norte-americana OpenAI, em 2022, revolucionou o que todos sabiam sobre inteligência artificial (IA). Embora exista há muito tempo (as pesquisas começaram na década de 1950 e o desenvolvimento da IA generativa passou a ganhar força no fim da década de 2010), a IA agora está chegando às salas de aula.

A IA generativa se caracteriza por algoritmos capazes de criar uma variedade de textos, imagens, tabelas e muito mais a pedido do usuário. Para dar essas respostas, a ferramenta consulta todas as informações que estão disponíveis na internet. Quanto mais a IA for “treinada”, ou seja, quanto mais informações e comandos (os chamados prompts) ela receber, melhor e mais preciso será o retorno.

Um dos pontos mais importantes para usar a IA nas atividades escolares é manter um olhar crítico sobre o que ela é capaz de fazer e para que serve. Os especialistas ouvidos pelo Joca são unânimes: a tecnologia não vai substituir o trabalho do professor ou o desenvolvimento de conhecimentos e do pensamento crítico nos alunos. “Na minha visão, isso vai ser absorvido gradualmente pelas escolas, e a IA não vai substituir o pensamento crítico, e sim trazer novas possibilidades”, afirma Alexandre Chiavegatto Filho, professor de machine learning em saúde na Universidade de São Paulo (USP), diretor do Laboratório de Big Data e Análise Preditiva em Saúde (Labdaps) e colunista do jornal O Estado de S. Paulo.

Da mesma forma, Filipe Oliveira da Silva, Líder de Integração de Tecnologias da St. Nicholas School de Alphaville, acredita que a IA pode colaborar com os estudantes, desde que a utilização seja cuidadosa. “É importante observar diferentes situações em que a IA é usada e refletir sobre os pontos positivos e negativos. Isso ajuda a ter uma visão mais crítica sobre a tecnologia”, explica ele.

Na China, a partir de setembro de 2025, a IA será obrigatória em todas as instituições de ensino de Pequim, capital do país. Segundo o governo chinês, o objetivo é fazer com que a nação domine essa tecnologia desde a formação dos estudantes. No Brasil, apesar de não haver uma norma nacional, diversas escolas já adotaram a tecnologia nas salas de aula. Conheça a seguir dois casos de como isso acontece.

CRIAR, PESQUISAR, REVISAR

No Colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo, os estudantes têm aulas para aprender como funcionam os algoritmos por trás da programação de uma IA. “Não adianta ensinar os alunos a usar a IA se eles não sabem utilizar os prompts corretos, se não entendem como aquele algoritmo é alimentado”, diz Joice Leite, diretora de educação digital da instituição.

Na prática, o uso da IA nas aulas acontece de várias maneiras. Além de aprender sobre como alimentar uma IA, os estudantes utilizam a ferramenta para revisar os próprios textos, comparar diferentes modos de resolver problemas matemáticos ou criar mapas mentais. “Em aulas de biologia, por exemplo, o professor pediu que eles dessem os comandos corretos e solicitassem que a IA criasse a ilustração de uma célula. Depois, compararam o resultado com imagens dos livros e analisaram possíveis diferenças. Isso desenvolve não só a percepção do que é uma célula, como também o senso crítico de análise”, explica Joice.

ENTENDER, APLICAR, DEBATER

No Piauí, todos os estudantes do 9º ano e do ensino médio das escolas públicas estaduais têm aula de IA. Ao contrário do que muitos podem imaginar, boa parte dessas aulas começa sem computador, com atividades offline, para ajudar a entender como a ferramenta funciona. “Nas aulas, criamos ‘árvores de decisão’ para mostrar como a IA reconhece padrões. Funciona como um algoritmo, que segue uma sequência de instruções. Eu aplico isso na biologia, por exemplo, para que os alunos aprendam a diferenciar padrões entre os animais”, diz Amanda de Sousa, professora de biologia no Ceti Paulo Freire, em Guaribas.  

As atividades em classe são intercaladas com aulas na sala de computação, onde os estudantes utilizam programas de IA para fortalecer o aprendizado, aprimorar redações, resolver problemas matemáticos e muito mais. 

Para trabalhar o pensamento crítico e reforçar todos os cuidados necessários para lidar com a tecnologia, os alunos participam de debates e discussões sobre, por exemplo, um vídeo ou uma imagem gerados por IA, analisando características que revelem se são reais. A professora Amanda percebe que essas atividades não só ajudam na compreensão da IA, como aperfeiçoam a habilidade de argumentação dos estudantes. 

“Hoje tenho convicção de que a IA não é capaz de produzir o que o professor faz com seus alunos. Nós, professores, somos insubstituíveis. Agora vejo a IA como uma aliada”, conclui Amanda.

DICAS PARA USAR A IA COM SEGURANÇA

Utilizar a IA pode ser algo muito positivo, mas é preciso tomar alguns cuidados. Um exemplo tem a ver com o uso de imagens, textos, músicas ou qualquer criação de outras pessoas. Obras artísticas e culturais geralmente têm direitos autorais, ou seja, a lei diz que não podem ser reproduzidas. Além disso, a IA não deve ser utilizada como substituta da capacidade criativa — e sim para fortalecê-la. 

Veja essas e outras dicas de estudantes, professores e especialistas entrevistados pelo Joca: 

  • CONFIRA AS INFORMAÇÕES contidas nas respostas. A IA é imprecisa e pode errar! 
  • CUIDADO COM CRIAÇÕES FALSAS. Imagens, textos e vídeos gerados por IA podem causar desinformação. 
  • PRESTE ATENÇÃO À AUTORIA DE TEXTOS E IMAGENS. Muito do que está na internet tem direito autoral e não pode ser reproduzido. 
  • USE A IA PARA TURBINAR SEUS CONHECIMENTOS E IMAGINAÇÃO. Ela não substitui o seu trabalho, que é ser criativo e pensar criticamente. Essas habilidades são exclusivas dos seres humanos.

OPINIÃO DE ESTUDANTES QUE USAM A IA

“Acho que o principal cuidado é não confiar cegamente em tudo o que a IA diz, porque ela pode errar ou simplificar demais alguns assuntos. Além disso, é importante usar a IA como uma ferramenta de apoio, não como substituta do esforço pessoal.” MERIELLY A., 17 ANOS, GUARIBAS (PI)

“Basta escrever a pergunta e obter uma resposta rapidamente. Claro, nem sempre a resposta é 100% correta, então ainda é importante pesquisar por conta própria para confirmar as informações.” PEDRO F., 12 ANOS, SÃO PAULO (SP)

“A IA pode tornar o estudo mais dinâmico e acessível, sugerindo materiais complementares e personalizando o ensino. Mas acho essencial que ela não substitua o pensamento crítico e a dedicação individual.” RAI M., 17 ANOS, GUARIBAS (PI)

“Uso IA para resumir textos, revisar redações, tirar dúvidas sobre conteúdos específicos e até organizar meus cronogramas de estudo.” WENDEL M., 16 ANOS, GUARIBAS (PI)

FONTES: G1, ESTADÃO, ÉPOCA NEGÓCIOS, AGÊNCIA BRASIL, ALURA, FAST COMPANY E AMAZON WEB SERVICES.

FONTES: G1, ESTADÃO, ÉPOCA NEGÓCIOS, AGÊNCIA BRASIL, ALURA, FAST COMPANY E AMAZON WEB SERVICES.

Ixi! Você bateu no paywall!

Ainda não é assinante? Assine agora e tenha acesso ilimitado ao conteúdo do Joca.

Assinante? Faça Login

Voltar para a home

Ou faça sua assinatura e tenha acesso a todo o conteúdo do Joca

Assine

Enquete

Sobre qual assunto você gosta mais de ler no portal do Joca?

Comentários (0)

Compartilhar por email

error: Contéudo Protegido