Data também marca a eleição de Nelson Mandela, primeiro presidente negro do país
Em 27 de abril, a África do Sul celebrou o Dia da Liberdade, data que marca, simbolicamente, o fim do apartheid. Nesse mesmo dia, 30 anos atrás, aconteceram as primeiras eleições verdadeiramente democráticas no país — antes disso, a maior parte da população não podia votar por ser negra. Pouco depois, em 10 de maio de 1994, Nelson Mandela entrou para a história como primeiro presidente negro da África do Sul.
Em comemoração, o atual presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, discursou na Union Buildings, sede governamental localizada em Pretória, capital administrativa do país. “Ao longo de três séculos, a dignidade dos habitantes negros desta terra foi deliberada e cruelmente negada, primeiro pelo colonialismo e depois pelo apartheid. Milhões de sul-africanos negros (…) estavam à mercê de leis e práticas que eram aplicadas para servir aos interesses de uma minoria branca”, disse Ramaphosa.
O apartheid (“separação” em africânder, um dos idiomas oficiais da África do Sul) foi um regime que vigorou no país que tentava isolar pessoas negras e brancas. Entre outras imposições, indivíduos de raças diferentes não podiam se casar nem ao menos frequentar os mesmos lugares. Além disso, por meio de medidas governamentais (como as Leis do Passe e o Ato de Terras Nativas), direitos básicos eram negados à população negra, como o de votar e o de ir e vir.
Nelson Rolihlahla Mandela nasceu em 18 de julho de 1918, como integrante da família real xhosa. Ao crescer, tornou-se ativista pelos direitos dos povos negros. Foi preso algumas vezes, até ser condenado por terrorismo em 1964, passando quase 27 anos na cadeia. Em 1990, Mandela foi solto por pressão interna e de outros países e, quatro anos depois, foi eleito presidente da África do Sul. Como líder do país, Mandela foi responsável por evitar uma guerra civil (quando pessoas da mesma região entram em conflito) e continuou lutando por direitos humanos e igualdade. Ele também recebeu mais de 250 prêmios, como o Nobel da Paz. Mandela morreu em 5 de dezembro de 2013, aos 95 anos, em decorrência de uma infecção pulmonar.
COLONIALISMO: dominação política, econômica e cultural de uma nação sobre outra. A África do Sul foi colônia holandesa e britânica, por exemplo. Entre os séculos 17 e 20, milhões de africanos foram segregados (separados), escravizados e traficados para outros países. DEMOCRACIA: forma de governo em que a decisão da maioria determina, por meio das eleições, quais candidatos serão os governantes do país. Também é caracterizada pela distribuição equilibrada do poder — ou seja, ele não fica concentrado em uma única autoridade ou órgão.
“Celebrar o Dia da Liberdade é comemorar a igualdade entre todos os seres humanos, e isso é muito importante para um país que passou 47 anos sob um regime em que só as pessoas brancas tinham direitos (…). Hoje, na África do Sul, a gente tem várias lideranças políticas que, de 30 anos para cá, vêm crescendo e retirando o percentual de votos do Congresso Nacional Africano [CNA, partido no poder desde Mandela, em 1994]. [Nas eleições de maio], existe a possibilidade de que, pela primeira vez, o CNA não consiga a representatividade [necessária] para indicar automaticamente um presidente.” Alexandre dos Santos, professor de história e políticas africanas do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio.
FONTES: GOVERNO DA ÁFRICA DO SUL, ALESP, EMBAIXADA DA ÁFRICA DO SUL, PRESIDÊNCIA DA ÁFRICA DO SUL (X), PODER360, GLOBO, FOLHA DE S.PAULO, G1, O GLOBO, MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES E NATIONAL GEOGRAPHIC.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição 223 do jornal Joca.
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