Garrafas de plástico descartadas na Cidade do México. Foto: Christopher Pillitz/Getty Images

A reciclagem ocupa um lugar central nas discussões sobre meio ambiente e sustentabilidade. Durante décadas, tem sido uma das principais soluções para lidar com o excesso de lixo e a exploração de recursos naturais, aparecendo em campanhas educacionais, programas de políticas públicas e discursos de muitas empresas.

Porém, a pergunta que surge hoje é se a reciclagem, sozinha, é suficiente para combater a crise do plástico que o planeta enfrenta. Afinal, a produção do material cresce em um ritmo muito mais rápido do que a capacidade de reaproveitamento. Nesse cenário, o debate é se estamos diante de uma solução capaz de solucionar os profundos problemas na relação entre sociedade e planeta.

O que você precisa saber:

A reciclagem é o processo que transforma materiais descartados — como plástico, papel, vidro e metal — em novos produtos ou matéria-prima. Isso evita a extração de novos recursos naturais da Terra e reduz o acúmulo de lixo.

Desde 1950, a produção de plástico cresceu mais de 200 vezes, segundo a revista científica The Lancet, mas menos de 10% de todo esse material foi reciclado até hoje. Nesse ritmo, a previsão é de que, em 2060, a produção global chegue a um bilhão de toneladas por ano.

O maior acúmulo de lixo marinho do mundo, no oceano Pacífico, é composto principalmente por resíduos plásticos. Localizada entre a Califórnia e o Havaí, essa concentração tem área estimada em 1,6 milhão km², mais do que o dobro da França, e massa de cerca de 80 mil toneladas. No Brasil, a quantidade de plástico descartada anualmente seria suficiente para cobrir mais de 7 mil campos de futebol.Acima de 98% dos plásticos vêm de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, liberando, por ano, o equivalente a um bilhão de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera, contribuindo, assim, para o aquecimento global.

Os argumentos

SIM 

  • Reaproveitamento: a reciclagem aproveita pelo menos parte dos materiais no ciclo produtivo, estimulando a criação de empregos em setores de coleta, transporte e transformação dos resíduos.
  • Inovação e novos produtos: o reaproveitamento de resíduos incentiva o desenvolvimento de novos materiais e produtos sustentáveis, como plásticos reciclados de alta qualidade, bioplásticos e itens com menor impacto ambiental.
  • Consciência ambiental: praticar a reciclagem incentiva hábitos conscientes de consumo e reforça a importância de reduzir, reutilizar e descartar corretamente, estabelecendo uma cultura de responsabilidade ambiental.

NÃO

  • Capacidade limitada: mesmo com avanços, a infraestrutura de reciclagem, exclusivamente, não consegue acompanhar o ritmo de produção. Globalmente, a maioria do plástico descartado ainda não é reciclada, e grande parte termina em aterros ou oceanos.
  • Falsa sensação de segurança: a reciclagem pode gerar a impressão de que é possível consumir sem consequências. Além de afetar o meio ambiente, o plástico descartado se fragmenta em micropartículas, até 70 vezes mais finas do que um fio de cabelo, que entram na cadeia alimentar, trazendo riscos à saúde humana.
  • Incentivo ao consumo: as evidências científicas mostram que, sem políticas de redução de consumo e produção, a reciclagem sozinha não diminui o volume total de resíduos. Ela pode acabar sendo usada para legitimar a continuidade do consumo desenfreado, sem atacar a raiz do problema: o quanto compramos.

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Reciclagem é suficiente para salvar o planeta?

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