O aplicativo funcionará como um game para ensinar línguas nativas ameaçadas de extinção
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade de Tübingen, na Alemanha, estão desenvolvendo um aplicativo que funcionará como um game para ensinar línguas nativas (ou seja, faladas por indígenas) ameaçadas de extinção. Batizada de BILingo, a tecnologia tem a colaboração de povos originários e usa inteligência artificial.
As primeiras línguas que estão integradas ao app são a bororo, de um grupo indígena do estado do Mato Grosso caracterizado pela riqueza de vida cerimonial, e a makurap, de indígenas que vivem em Rondônia.
Nos dois casos, as línguas correm sério risco de desaparecer caso nada seja feito. Isso porque as populações dos dois grupos indígenas diminuem drasticamente com o passar dos anos e os mais jovens das aldeias estão criando o hábito de se comunicar em português. Quando um idioma morre, desaparecem também ensinamentos, histórias, cultura e determinada visão de mundo. De acordo com um estudo publicado pela Organização das Nações Unidas Para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), pelo menos 40% das 7 mil línguas faladas no mundo estão em risco de extinção — a maioria delas indígena.
Como vai funcionar
Primeiro, as equipes lideradas por Fabrício Gerardi e Gustavo Polleti trabalham catalogando palavras e frases desses idiomas. Com base nesse estudo, vão desenvolvendo um aplicativo que funcionará como um game interativo. O usuário deverá reproduzir fonemas, completar frases, traduzir palavras e aprender ao longo da experiência. Ele também ganhará pontos e desbloqueará novas fases.
“Eu acredito ser inédita uma iniciativa com esse número de dados e intensidade”, disse Gerardi em entrevista ao UOL. “As colaborações envolvem quem tem expertise em linguística com o trabalho das comunidades indígenas. Nós oferecemos o layout, e o conteúdo é criado por elas.”
A ideia é baseada no Duolingo, aplicativo lançado, em 2012, para ensinar idiomas de maneira divertida. Apesar de ser muito usado para aprender inglês e espanhol, por exemplo, ele não dispõe de um acervo de línguas indígenas.
O BILingo deve ser lançado em 2026 e será gratuito.
Línguas indígenas brasileiras
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 274 línguas indígenas faladas por pessoas que pertencem a 305 etnias diferentes no Brasil. Mas, há 500 anos, existiam mais de mil.
Fontes: UOL, Povos Indígenas no Brasil, Museu Virtual Bororo, IBGE e Gov.br.
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