Festival Latinidades no Quilombo Mesquita, em 2024. Crédito de imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Dados divulgados no dia 9 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que 62% dos 1.330.186 quilombolas do país vivem no campo e 38% em cidades e áreas urbanas. O levantamento leva em consideração todas as pessoas que se autodeterminam quilombolas; a pergunta passou a ser feita para os entrevistados, pela primeira vez, no censo de 2022. Já entre as áreas quilombolas oficialmente delimitadas, 12,63% vivem em situação urbana e 87,37%, rural.

O que são quilombolas? 

Quilombolas são pessoas que se autodeclaram pertencentes aos quilombos, comunidades rurais formadas por descendentes de pessoas negras que foram escravizadas durante o período colonial no Brasil. Nessa época, os quilombos eram abrigos escondidos nas florestas, construídos pelos escravos que fugiam das grandes fazendas escravistas e criavam comunidades entre si. Desde a Constituição de 1988, os quilombos são considerados comunidades tradicionais brasileiras, carregando aspectos culturais, sociais e históricos da população negra do Brasil.

Os dados mostram um contraste com o perfil geral da população brasileira, que é, na maioria, urbana (87,41%). Segundo a pesquisadora do IBGE Marta de Oliveira Antunes, o resultado tem relação direta com o histórico da escravização no país. Estados como Piauí (87,9%), Amazonas (84,92%) e Maranhão (79,74%) concentram a maior parte dessa população em contextos rurais, enquanto o Distrito Federal e Rondônia lideram em proporção urbana.

Análises demográficas 

A análise do censo também leva em consideração o perfil demográfico da população quilombola, indicando um grupo mais jovem do que a média nacional, com idade mediana de 27 anos, em áreas rurais dentro de territórios, e 35 anos da população geral. Há também uma diferença no índice de envelhecimento: 54,98 para quilombolas contra 80,03 da população nacional. A predominância masculina é presente em áreas rurais e, a feminina, nas urbanas. Além disso, o analfabetismo é um desafio no quadro geral: 18,99% dos quilombolas com 15 anos ou mais são analfabetos, taxa quase três vezes maior do que a da população brasileira.

Falta de saneamento básico 

Outro fator de destaque do relatório foram as condições de saneamento básico para essa parcela da população, que revelam precariedade: 90% dos quilombolas em territórios vivem com algum tipo de deficiência nesse serviço, sendo 93,8% em áreas rurais. Um terço dos domicílios em situação rural possui falta de acesso à água, a esgoto e à coleta de lixo. A falta de água é o aspecto mais desigual: em áreas rurais dentro de territórios, 41,61% enfrentam precariedade, utilizando coletas em poços, por exemplo. Apenas 72,34% desses moradores dispõem de banheiro exclusivo, abaixo da média nacional urbana (99,41%). 

Glossário: 

Constituição: conjunto de leis de um país. No Brasil, a mais recente é de 1988.


Fontes: IBGE, Agência Brasil e G1.

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