Beatriz Santomaur

Vinte e quatro pessoas estão entre as finalistas para a indicação do Jovem Campeão Climático (Presidency Youth Climate Champion, PYCC, em inglês), que vai atuar na Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (COP30). A intenção é que o escolhido proporcione o diálogo entre as organizações da juventude e os integrantes da COP, além de, ao longo do ano, participar de negociações internacionais. 

O PYCC recebeu 154 inscrições, sendo 62% de mulheres. Era obrigatório ser brasileiro, ter entre 18 e 35 anos, fluência em inglês, fazer parte de movimentos ambientais e ter participado da COP29, no Azerbaijão, em 2024. 

A COP30 será realizada em novembro, pela primeira vez no Brasil. A mobilização de jovens para debater e participar das decisões das lideranças sobre as mudanças climáticas é grande e acontece em todo o mundo. No Brasil, Sara Emanuelly e Marina Guião (saiba mais a seguir) são exemplos de como se envolver com o tema.

COPS E NEGOCIAÇÕES 

Marina Guião fez uma das provas finais do ensino médio on-line, dentro de um trem, chegando à COP26, na Escócia. Nessa época, ela participava do Fridays for Future, movimento jovem internacional ligado à temática socioambiental. Com 18 anos, Marina começou a faculdade de ciências políticas e relações internacionais, em Portugal, e hoje, aos 21, já participou de outras três COPs (Egito, Emirados Árabes Unidos e Azerbaijão). Em breve, volta ao Brasil para atuar na COP30. 

Integrante do Youngo (grupo de infância e juventude para discussão das questões climáticas com a Organização das Nações Unidas) e da Youth Climate Leaders, Marina acompanha as negociações internacionais relacionadas ao clima, estudando e propondo posicionamentos. “Por muito tempo, a juventude esteve fora das decisões. Mas temos conhecimento técnico e precisamos mostrar outras preocupações, ideias e soluções, seja para resolver emergências, seja para preparar os ambientes para lidar com as mudanças climáticas”, diz. 

Com a família morando em Volta Redonda (RJ), Marina diz que ainda vai decidir se, depois da COP30, voltará a residir na cidade, buscará um mestrado ou seguirá para outras partes do mundo.

QUILOMBOLA, ESTUDANTE DE DIREITO E ATIVISTA 

Desde os 16 anos, Sara Emanuelly da Conceição Raul é ligada à Engajamundo, Organização Não Governamental (ONG) composta por 2 mil jovens ativistas envolvidos com temas de mudanças climáticas. Atualmente, a jovem de 22 anos é coordenadora da delegação da ONG para a COP30 e do Grupo de Trabalho Sobre Mudanças Climáticas. Ela chama a atenção para o racismo ambiental e a justiça climática, conceitos que mostram que moradores de favelas e periferias são os mais afetados por problemas ambientais e eventos climáticos extremos (como temporais, ondas de calor e secas). 

Moradora de uma comunidade de baixa renda em São Luís (MA), Sara é descendente de lideranças quilombolas. “Não escolhi, mas já nasci ativista, em um ambiente de resistência e sobrevivência. Luto por causa da cor da minha pele, do jeito do meu cabelo, enfrentando a discriminação.” Sara foi buscar na faculdade de direito, que cursa na Universidade Federal do Maranhão, o caminho para exercer a justiça social. “Tenho paixão por justiça social e direitos humanos. Quero estar na linha de frente, fazer com que meu povo saiba que tem direitos e as coisas podem ser diferentes”, diz ela.

GLOSSÁRIO

Ativista: quem atua ativamente por uma causa, como as mudanças climáticas ou temas sociais. 

Negociações internacionais: acordos feitos entre países ou outras instituições que levam em conta as regras estabelecidas por órgãos internacionais.

Fonte: governo federal.

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