Diferentes maneiras de ler o jornal dentro e fora da sala de aula
O Joca é um jornal infantojuvenil que pode ser adquirido por meio de assinatura de famílias e escolas. Para além do uso nas disciplinas curriculares, como português e matemática, periódicos infantis permitem a formação cidadã dos leitores, ou seja, auxiliam as crianças a entender seu papel na sociedade, considerando os direitos e deveres de cada uma.
Quando trabalhado com o auxílio de educadores, o jornal também facilita o processo de educação midiática — conjunto de habilidades necessárias para acessar conteúdo informacional, on-line ou impresso. Para isso, as instituições de ensino que assinam o Joca, com o auxílio da equipe pedagógica interna, encontram diferentes maneiras de incentivar a leitura dentro e fora da sala de aula.
Na Emef Professora Maria Diva Franco de Oliveira, de Mogi Guaçu (SP), as professoras do ensino fundamental I Vandenilda Kawati e Daniela Mendonça começaram, em 2024, a falar com os estudantes dos 5ᵒˢ anos sobre fake news. As educadoras e os estudantes logo concluíram que uma boa ideia para combater a desinformação dentro da escola seria promover a leitura do Joca nos demais anos também.
Assim surgiu o Jocantinho, um espaço pensado pelas duas turmas do 5º ano que promove a leitura das edições impressas do jornal. Os estudantes, em coletivo, desenvolveram os convites para entregar às outras salas e até mesmo um material de curiosidades sobre o Joca, para quem ainda não o conhecia.
O espaço tem, além da decoração e dos jornais, um regulamento próprio para todos que frequentam o ambiente e uma cesta de likes — placas redondas com o desenho de uma mãozinha fazendo o sinal de “curtir”.
Os estudantes do 5º ano interessados em participar do projeto foram divididos em uma escala. Em dois dias da semana, durante os dois intervalos diários, seis desses alunos vestem um crachá escrito “leitor do dia”, que os torna responsáveis pelo Jocantinho.
Assim, quando os estudantes menores visitam o ambiente, quatro dos quintanistas escalados ajudam na leitura dos jornais, recomendando seções de interesse do leitor, auxiliando na leitura, promovendo conversas sobre uma matéria ou até mesmo apresentando o formato do jornal.
Enquanto isso, os outros dois cuidam da cesta de likes — cada visitante, caso queira, pode pegar uma ficha, escrever seu nome atrás, com o auxílio dos mais velhos, e deixar uma curtida.
“O projeto é importante para ter uma noção das coisas que estão acontecendo no mundo. Eu prefiro ler o jornal infantojuvenil em grupo, porque gosto de ler com meus amigos.”
Samuel F., 3º B
“O Jocantinho é bem legal, faz todo mundo ler melhor. Prefiro ler o Joca sozinho, porque é mais tranquilo e melhora a atenção.”
João Lucas N., 4º A
“[É importante ter um cantinho para ler e se informar] para ficar mais esperta.”
Laura M., 1º A
“[O Jocantinho é importante] para aprender a ler e saber o que acontece.”
Rafael e João, 2º B
“Precisamos nos informar e, hoje, também tem muita fake news. Sei que posso confiar no Joca (…), aprendemos curiosidades. Passo no Jocantinho sempre que tenho um tempinho, normalmente às segundas e sextas. Mas em casa eu leio o Joca on-line, amo fazer isso!”
Isabely B., 5º A
“[Com um cantinho de leitura de jornal], podemos aprender novas curiosidades, palavras, informações sobre o mundo… E também obter fontes confiáveis. Prefiro ler o jornal em grupo no Jocantinho, porque tem como compartilhar novas descobertas com os colegas.”
Camilly V., 5º A
“Não é só sobre ler e se informar, é se educar. No Jocantinho, você não precisa abrir o site para ler. Eu vou para lá duas vezes na semana, mas, na minha opinião, podia ter todo dia.”
Maria Eduarda R., 5º B
“[Isso] é superimportante para o aprendizado, é divertido e traz várias informações legais.”
Maria Victória L., 5º B
Na Escola Espaço Pensar, em São Paulo (SP), os estudantes do 6º ano já estão bem familiarizados com o jornal infantojuvenil, uma vez que o colégio desenvolve a leitura do material há alguns anos. As turmas do 2º ao 6º ano leem o Joca na sala de aula, respeitando o nível de desenvolvimento de cada idade. Quando o jornal chega ao colégio, é feito, em cada sala, um momento coletivo para explorar a edição nova, escolhendo pelo menos duas matérias de interesse que possam ser lidas em grupo. Posteriormente, a coordenadora pedagógica Deborah Vallilo, com os professores, avalia quais textos podem auxiliar nas disciplinas.
“Geralmente, a gente faz uma curadoria para observar quais matérias respeitam os diferentes níveis de ensino. Mas eu me lembro de uma do jogador Vini Júnior, quando ele sofreu ataques racistas, que trabalhamos com todas as turmas, para trazer a conscientização antirracista”,
diz Deborah.
Cada estudante carrega seu jornal na pasta de lição, possibilitando, assim, que a família tenha acesso ao material. “Porque o trabalho está sendo feito por aqui, mas que bacana seria se esse pai abrisse o jornal com a criança e visse o que é interessante para a família ler”, explica. A coordenadora conta que, apesar do trabalho habitual e de outros projetos da escola, não é possível afirmar que todos os alunos conquistaram a facilidade e o gosto pela leitura.
“O meu sonho é que todos eles tenham prazer pela leitura, mas alguns ainda seguem com dificuldades. Temos que estar sempre buscando temas pelos quais se interessam, para que essa aprendizagem seja efetiva”, finaliza.
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