Conheça Nikolas Darsaclis, dublador de Mundo Bita Imagina-se
O desenho animado Mundo Bita apresentou, em abril deste ano, o primeiro personagem com Transtorno do Espectro Autista (TEA) da série. Léo é um menino de 8 anos que ama escrever e participar de aventuras com os amigos, Tina, Lila, Dan e Tito. O personagem é dublado por Nikolas Darsaclis, de 18 anos, que também é autista. A repórter mirim Carolina M., de 13 anos, entrevistou Nikolas para saber como funciona o mundo da dublagem. Confira:
Como você começou nessa carreira?
É uma pergunta clássica. Iniciei em 2021, em um programa da Food Network. Depois, continuei fazendo trabalhos para empresas como Nickelodeon e alguns filmes. Sabe um bem legal que fiz? Dublei um personagem no filme do Super Mario — eu faço um dos gorilas que grita “eu te amo, DK” da plateia.
Você sempre quis ser dublador?
Nem sempre. Na verdade, eu só descobri a dublagem entre 2017 e 2018.
Como uma dublagem é feita?
É muito simples. Nós damos voz ao personagem em um estúdio de gravação. O ator é escalado para a dublagem e, muitas vezes, entra para gravar sem nem saber qual é a produção. Às vezes, nós assistimos a uma versão que não tem música nem efeitos, só a voz. O dublador tenta decorar o máximo do texto e, então, dubla em cima da cena, encaixando a voz ao personagem.
E quais são os maiores desafios que você enfrenta para dublar?
O maior desafio é dar a intenção para o personagem. Isso significa que tenho que dublar entendendo pelo que o personagem está passando. Tem que ter a emoção certa que a cena está pedindo. Por exemplo, se o personagem estiver correndo, você tem que falar de um jeito meio ofegante também.
Como você fez para se tornar dublador? Passou por testes?
A primeira coisa a fazer é um curso de dublagem. Também é legal cursar teatro, para saber interpretar o personagem. Eu fiz vários workshops e já estudei no IAB [Instituto Artístico Brasileiro].
E qual foi o personagem que você mais gostou de dublar?
Pode ser coincidência, mas é o Léo, do Mundo Bita.
E por quê?
Porque ele vai mostrar que toda pessoa, mesmo diferente, é especial (…) nós dois somos autistas. Ele é o primeiro de vários personagens autistas que ainda pretendo interpretar.
Quando você descobriu que interpretaria o Léo?
Foi no último dia de aula de um curso que eu estava fazendo no Beck Studios. Fui chamado antes da aula para fazer um teste, mas não sabia que era para o Léo. Quando descobrimos que passei, eu fiquei muito feliz e os meus pais ficaram emocionados.
Produção brasileira criada, em 2011, pelo pernambucano Chaps Melo. A série traz episódios animados e clipes musicais, acumulando mais de 13 milhões de seguidores no YouTube. Os episódios estão disponíveis no serviço de streaming HBO Max.
O site da Organização Mundial da Saúde (OMS) explica o TEA como “uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva”.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição 224 do jornal Joca.
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