A Ministra dos Direitos Humanos despachando com as Secretarias de Igualdade Racial, Pessoas com Deficiência, e Secretaria Nacional dos Direitos das Crianças e do Adolescente. Foto: Divulgação/Facebook
Desenhos do livro “Meninas Incríveis”: “Meninas podem programar, podem ser inventoras, inovadoras, podem praticar todos os esportes”, diz Ana Paula Sefton. Ilustração: Felipe Tognolli/Divulgação. Montagem: Flávia Souza.

O Dia Internacional das Meninas, celebrado neste 11 de outubro, foi criado em 2012 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para alertar sobre os seus direitos e questões que as envolvem.

Um dos principais problemas enfrentados por elas é o casamento infantil. O Brasil é o quarto país do mundo onde meninas casam antes dos 18 anos. São três milhões de casamentos infantis por ano no país, segundo dados da ONU.

“Outro problema é a gravidez precoce que afeta 400 mil meninas entre 15 e 19 anos”, diz Déborah De Mari, 36, criadora do projeto Força Meninas. “A maior parte não estuda nem trabalha para ficar cuidando da criança”, afirma. Por esses e outros motivos, 130 milhões de garotas entre 6 e 17 anos estão fora das escolas.

“Esse é um dia para lembrar de projetos sociais que tentam reduzir as disparidades históricas”, aponta Luíze Mello, de 22 anos, fundadora do Matemática para meninas. Conheça esse e outros projetos brasileiros que priorizam a educação e incentivam a igualdade entre meninos e meninas.

 Matemática para Garotas
“Em um dado momento eu estava em uma premiação de olimpíada de matemática e, como de costume, havia menos garotas do que rapazes… Eu queria mudar isso e dar aulas, mas não conhecia um curso voltado para garotas”, conta Luíze Mello, de 22 anos, criadora do projeto Matemática para Garotas.

Bacharel e mestranda em matemática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Luíze começou cedo nas olimpíadas de matemática e já conquistou 11 medalhas de ouro nesse tipo de competição. “Elas tiveram papel chave, eu viajei a muitos lugares graças às olimpíadas: Manaus, Equador, Itália, Grécia, Bulgária…”

Para que outras meninas tenham a mesma oportunidade, Luíze dá aulas para aumentar a participação delas em olimpíadas e no próprio ambiente matemático desde cedo.

Luíze dá aulas no projeto Matemática para Garotas. Foto: Divulgação/Facebook

Segundo Luíze, a desigualdade nas oportunidades entre meninos e meninas no aprendizado dos números está presente desde a criação. As meninas não costumam ser incentivadas a brincar com quebra cabeças e problemas de raciocínio lógico – jogos comuns entre os meninos.

Além das aulas semanais de matemática no Rio de Janeiro, a fundadora do projeto pretende ampliá-lo oferecendo bolsas de estudo para incentivar ainda mais a participação de meninas na área.

Meninas Incríveis
Aos quatro anos de idade, uma menina veste sua máscara do Capitão América, sua saia de frufru, suas botas da Patrulha Canina, brinca de ninar um bicho de pelúcia e, em seguida, com jogos. Ela brinca do jeito que quer, sem que as “normas” de como ser menina ou menino a preocupem. Outra menina, aos 11 anos, se desafia em esportes radicais e é atleta de escalada, conquistando premiações importantes.

Estas são duas das 20 histórias sobre meninas brasileiras de até 17 anos contadas no livro Meninas Incríveis, que será lançado em 2019. O propósito é ressaltar os feitos de meninas e inspirar outras a se aventurarem e a perseguirem seus projetos e ideais sem limitações.

Projeto Meninas Incríveis. Ilustração @felipetognoli

“Meninas podem programar, podem ser inventoras, inovadoras, podem praticar todos os esportes, podem criar e disseminar ideias através de textos, músicas e artes em geral, podem ser líderes de turmas, diretoras e/ou donas de empresas, políticas, presidente do país…. Enfim, podem pensar, atuar, criar e sentir em suas infinitas possibilidades”, diz a idealizadora do projeto, a pedagoga Ana Paula Sefton, de 39 anos.

Com o livro, Ana pretende alimentar uma rede de trocas entre as meninas que tiveram suas histórias contadas no livro e as meninas leitoras. E, quem sabe, lançar um segundo livro com novas histórias que surjam a partir dessa experiência.

Para ela, incentivar que as meninas façam o que quiserem também é importante não só para elas, mas também para meninos e adultos. “A história e a ilustração têm alto potencial de inspirar outras meninas. Ao mesmo tempo em que os meninos e os adultos podem conhecer essas histórias e perceber quantas coisas legais estão sendo feitas por meninas por aí”, diz.

Plano de Menina
Antiga moradora da periferia de São Paulo, Viviane Duarte enfrentou muitas barreiras até se tornar uma jornalista e uma empreendedora bem-sucedida. “Nas entrevistas de emprego, eu era eliminada logo de cara por morar longe, por não ter viajado ao exterior ou não ter feito curso de inglês”, conta. “Batalhei muito e consegui ocupar espaços de poder, mas sei que sou minoria. Quero que milhares de meninas consigam isso.”

Para realizar esse sonho, Viviane criou o Plano de Menina. Presente em oito comunidades da capital paulista, o projeto inclui oficinas de educação financeira, carreira e auto-estima lecionadas por mulheres de destaque em várias áreas – da advocacia à medicina.

Plano de Menina. Foto: Divulgação/Facebook

O objetivo é capacitar as participantes e facilitar aproximações com figuras importantes. “As meninas se inspiram e se veem representadas nessas mulheres. Assim, ousam furar a bolha de onde elas estão e buscar outros espaços. A gente também traz possibilidade de empregos, cursos técnicos, bolsas de estudo e participação em eventos”, explica Viviane.

No total, duas mil meninas passaram pelo projeto desde 2015, quando foi criado. A meta é dobrar esse número até o ano que vem. Entre as histórias de destaque, estão meninas que não aceitavam o cabelo e hoje assumem seu black power, além de cursarem faculdades e conseguirem bons empregos.

“Quando a gente empodera uma menina, a gente empodera toda uma sociedade. É importante que a sociedade aceite que elas estejam onde querem estar”, diz Viviane.

Força Meninas
Buscando resolver a desigualdade entre meninos e meninas na infância, Déborah De Mari, de 36 anos, criou o Força Meninas. O objetivo é ensinar liderança para meninas de 6 a 14 anos por meio da inteligência emocional.

Nas aulas, as pequenas identificam suas habilidades e são apresentadas ao trabalho de mulheres de diferentes áreas com características parecidas. Elas também aprendem a questionar padrões de beleza e a se comunicar melhor. Já passaram pelo workshops 600 meninas e a meta é chegar a mil até o final de 2018.

Meninas participam de oficina do Força Meninas. Foto: Divulgação/Facebook

“Como diz a norte-americana Reshma Saujani [CEO da start-up Girls Who Code, voltada ao ensino de programação a garotas], criamos meninas para serem perfeitas e os meninos para serem corajosos. Queremos formar meninas que façam o que quiserem sem desistir pelo medo de falhar”, diz Déborah.

O projeto tem apoio da Fundação Malala, criada pela paquistanesa Malala Yousafazi, de 20 anos, grande defensora do direito à educação.

Meninas Ocupam
Para celebrar o Dia Internacional das Meninas, a Organização Não Governamental (ONG) Plan Internacional, criou uma ação que leva meninas a ocuparem espaços de liderança por um dia em instituições públicas e privadas. O projeto acontece em várias cidades do mundo e está no Brasil desde 2016.

A ministra dos Direitos Humanos despachando com as Secretarias de Igualdade Racial, Pessoas com Deficiência, e Secretaria Nacional dos Direitos das Crianças e do Adolescente. Foto: Divulgação/Facebook

Aaliyah Cristina, de 16 anos, por exemplo, ocupou a posição do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, no último dia 9 de outubro. Em seu curto mandato, ela discutiu a importância dos direitos das meninas na cidade. Ingrid foi repórter por um Dia Na TV Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Júlia e Érica ocuparam a posição do Defensor Público Geral em São Luís.

No total, 12 cidades brasileiras terão meninas participando do projeto até o fim de outubro. Em Salvador, na Bahia, meninas serão vereadoras por um dia. Em São Luís, no Maranhão, elas vão ocupar cargos no Ministério Público. Já em Teresina, no Piauí, serão defensoras públicas.

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Comentários (8)

  • telma aparecida santana liberti

    5 anos atrás

    ...quero comemorar o próximo 11 de outubro com minhas meninas FERAS EM MATEMÁTICA. #aguardem!!!!!

  • ANA PAULA

    5 anos atrás

    Acho esse trabalho muito importante...com certeza elas vão mudar o mundo para melhor.

  • Joca

    5 anos atrás

    Com certeza, Ana Paula :)

  • Professores - Pedro Calil

    5 anos atrás

    Oie

  • Professores - Pedro Calil

    5 anos atrás

    EU ACHEI ENTERESANTE E APOIO O DESENVOUVIMENTO DAS GAROTAS

  • Professores - Pedro Calil

    5 anos atrás

    OI

  • Marisa Salomão Jardini

    5 anos atrás

    que incrível trabalho!!!! Parabéns equipe! Vou propagar...hoje estou aposentada da sala de aula, mas não dá convivência, do conversar com as meninas....tenho sobrinhas e sobrinhos e a galera de amigos rsrsrs ????

  • Joca

    5 anos atrás

    :)

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