por Martina Medina

Não ter que pagar para estudar é uma das vantagens de morar no Brasil, segundo Celina M., 16 anos, refugiada da República Democrática do Congo e moradora de São Paulo (SP) há 3 anos. “Só quem tem dinheiro pode estudar no Congo. Então muitos jovens ficam o dia todo em casa sem fazer nada. Meu pai buscava dinheiro para pagar a minha escola, então eu estudava”, explica. “Mas aqui é melhor: estudo sem pagar e tem comida na escola.”

Porém, o principal motivo da vinda de Celina ao Brasil foi mesmo a guerra. Segundo país mais rico da África, o Congo é palco de conflitos políticos e econômicos que já deixaram cerca de 6 milhões de mortos e desaparecidos. Esta é a maior guerra desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Os congoleses formam a segunda maior população de refugiados no Brasil. Do total de habitantes em situação de refúgio por aqui, 13% vêm do Congo. Segundo os dados da ONU (Organização das Nações Unidas), 1,7 milhões de congoleses foram forçados a deixar suas casas em 2017, o que representa um deslocamento de 5,5 mil pessoas por dia.

“Meu irmão mais velho veio primeiro para cá. Conversei com os meus pais e eles me deixaram vir também porque a vida no Congo é muito difícil com a guerra”, diz Celina. Foram catorze horas de viagem de avião sozinha até o Brasil. Celina contou com a ajuda de funcionários do aeroporto por ser criança e porque ainda não sabia falar português, já que a língua oficial do Congo é o francês.

Ela mantém contato com parte da família que continua no Congo, mas não tem certeza se seus parentes estão realmente bem. “Quando falo com a minha mãe, ela me diz para eu não ler as notícias para evitar ficar muito triste com o que está acontecendo. Ela fala também para eu ficar calma que Deus vai fazer milagre para a guerra acabar”, conta.

“Mas mesmo que ela não me conte nada sobre a guerra, a gente vê todos dias as mortes. Eu estou feliz no Brasil mas não sei como minha família está no Congo. É muito triste“, conta. Celina diz ainda que ela e o irmão que estão no Brasil tentam conseguir dinheiro para trazer seus pais e o outro irmão, que continuam lá.

Ela não pretende voltar a viver em seu país de origem e quer continuar no Brasil para ter oportunidade de estudar e trabalhar. “Posso voltar para o Congo para ver minha família, mas nunca mais quero morar lá. Lá não tem muito trabalho”, afirma. “Se Deus quiser vou conseguir uma bolsa para fazer medicina no Brasil e trabalhar aqui.”

Confira o depoimento completo de Celina e de outras quatro crianças refugiadas aqui.
Saiba mais sobre a situação dos refugiados no Brasil e no mundo nesta matéria.
Clique aqui e entenda a diferença entre refugiado e imigrante.

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Comentários (1)

  • Suzy Zaparoli

    5 anos atrás

    nossa ela e uma guerreira!

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