O ilusionista Luiz Fosc já se apresentou para mais de 100 mil pessoas ao longo da carreira. Ele é sócio da plataforma Mágica Online (comunidade virtual sobre o tema), faz shows até no exterior e não acaba por aí! Fosc entrou para o Guinness World Records por bater o recorde mundial em um tipo de embaralhamento de cartas. Tantos talentos chamaram a atenção de Augusto N. V., 11 anos, de Belo Horizonte, Minas Gerais, que pediu ao Joca para ser repórter mirim em um bate-papo com Fosc. Confira a seguir.

Como você entrou no mundo do ilusionismo?
Foi por volta dos 11 anos. Comecei por causa de um tio, que fez algumas mágicas durante um churrasco. Fiquei no pé dele para conseguir aprender. Meu pai comprou algumas coisas e montei meu kit de mágica. Aí, fiz um show na escola e a galera gostou muito. Mas, depois, não fiz mais. Só voltei a fazer mágica com 22 anos. Vi o DVD de um show do David Blaine [ilusionista dos Estados Unidos] e quis aprender. Fiquei maluco com o fato de ele cortar o baralho com uma mão só.

Por que fazer mágica?
Eu sempre brinco que a mágica é um hobby que deu errado. Se tivesse dado certo, continuaria sendo um hobby. Comecei de brincadeira e foi ficando sério. Passei a ser convidado para shows, palestras. Hoje, qualquer coisa que vou fazer, tenho ideias e raciocínios pela mágica. Além de uma profissão, é um estilo de vida.

De onde veio a ideia de bater o recorde de maior quantidade de embaralhamentos faro em 12 horas?
Sempre gostei de desafios. Quando descobri que minha esposa estava grávida, em abril de 2017, pensei em fazer algo para homenagear meu filho. Vi o Guinness e fiquei com a ideia de um recorde na cabeça. Acabei decidindo tentar com o embaralhamento faro. Já existia um recorde, de um norte-americano, que fez 2.784 embaralhamentos faro ao longo de dez horas. Quis bater esse recorde e entrei para o site do Guinness: bit.ly/recorde-fosc.

O que é embaralhamento faro?
Vou explicar o passo a passo:
• É preciso colocar um baralho (52 cartas) com as cartas em ordem [de ás a rei, de todos os naipes].
• O baralho é “cortado” exatamente na metade.
• Em seguida, ele dever ser embaralhado com cada carta sobrepondo outra, sem pular nenhuma. As cartas devem ser entrelaçadas perfeitamente.
• Se isso for feito oito vezes, o baralho volta para a ordem correta das cartas [de ás a rei]. Eu fiz 5.568 embaralhamentos faro, por 12 horas, sem errar. Dá para executar muitas mágicas usando o faro. Eu sempre brinco que a mágica é a arte de esconder a arte. Você treina para as pessoas não verem o que você fez. O movimento, como o embaralhamento, tem que ser invisível para as pessoas.

Como foi a sua preparação para o recorde?
Eu fiz muito alongamento e exercícios nos dedos, pois embaralhar por 12 horas exigia fortalecer os músculos. Também treinava com baralhos. Se meu recorde foi de 5.568, com os treinos eu devo ter feito uns 100 mil embaralhamentos. Para a parte mental, ouvia algumas músicas, como a “9ª Sinfonia” de Beethoven. Ela dura uma hora, e eu ficava embaralhando nesse tempo, porque, no dia, eu não poderia parar. Pela regra do Guinness, u tinha cinco minutos de intervalo a cada hora. Mas eu não usei todas as pausas. Meu irmão, por exemplo, trazia milk-shake para eu tomar sem precisar parar.

Que mensagem você deixa para quem se inspira na sua história?
Corra atrás. O mundo é feito das pessoas que sonham e querem fazer com que esse sonho aconteça. Quando me perguntavam: “Por que você vai fazer esse desafio do recorde?”, eu sempre respondia com outra pergunta: “Por que não fazer?”.

Pode dar uma dica para quem também quer ser mágico?
Sou sócio da plataforma magicaonline.com.br. Temos mais de 200 horas de material. É como se fosse uma biblioteca de mágica para pesquisar por técnica, nome, efeito que você quer causar. Os membros da plataforma se ajudam, dando dicas uns para os outros. A minha dica é entrar no Mágica Online. Se eu tivesse algo assim quando comecei, teria abreviado muitos anos de treinamento que não eram o que eu pensava.

Comecei a me interessar por mágica quando vi uma apresentação em um show de talentos norte-americano. Fui pesquisar mais e tive contato com o Luiz Fosc. Não quero ser mágico profissional, mas vou levar como algo que eu pratico. A mágica desenvolve muitas habilidades”, Augusto N. V., 11 anos

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 160 do jornal Joca.

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