Por alunos do 5º ano da Beacon School (SP)

Eles carregam peso, limpam casas, dançam, locomovem-se de um lado para o outro e até conversam com humanos. Os robôs chegaram para ficar, e tudo indica que nos próximos anos se tornarão ainda mais presentes em nosso dia a dia.

Mas como será a convivência entre seres humanos e máquinas? Teremos dificuldade para aceitar nossos novos companheiros? Para ajudar humanos e criaturas a se relacionarem, desde a década de 1980, a norte-americana Joanne Pransky vem atuando com robôs. Apesar de não ter formação como psicóloga ou psiquiatra, o trabalho dela consiste em conversar com as máquinas e ensinar sobre o universo robótico para os humanos, mostrando o que os robôs são capazes de fazer e como podem interagir com as pessoas no cotidiano. Confira abaixo a entrevista que ela concedeu aos alunos do 5º ano da Beacon School (SP).

Rafael: como você decidiu ser uma psiquiatra de robôs?
Eu estudei desenvolvimento infantil/humano na faculdade e tudo o que eu conseguia pensar era em como a humanidade ia lidar com o avanço da tecnologia no futuro. Mas foi só na década de 1980,  quando comecei a vender computadores, que percebi como aquelas tecnologias [que na época eram novidade] poderiam provocar ansiedade no ambiente de trabalho. Eu pensava: “Se você não consegue aceitar esse computador na sua mesa, como vai ser quando tiver um robô lavando a sua louça?”. Eu  decidi, então, que minha missão de vida seria preparar as pessoas para um futuro no qual homens e robôs iriam conviver juntos no dia a dia. Em 1986, eu me tornei a primeira psiquiatra de robôs do mundo. Foi como se eu estivesse dizendo que era a primeira terapeuta de pets, com a diferença de que era voltada para robôs. Às vezes, na terapia para pets, o dono do animal precisa mudar seu comportamento para fazer com que o bicho mude o dele. Eu acredito que algo parecido acontecerá no futuro com um psiquiatra de robôs, que, além de tratar os pacientes robôs, em algum ponto terá de lidar com desenvolvedores humanos e usuários dessas máquinas. Assim, meu papel se tornou levar os robôs para a televisão de forma lúdica, para que a audiência aprendesse e desse risada com eles. As pessoas aprendem sobre as máquinas e isso as leva a aceitá-las.

#pracegover: Joanne Pransky abraça robô totalmente branco, que tem corpo similar ao humano – com dois braços com mãos e dois grandes olhos pretos. A cientista veste jaleco branco, vestido preto e sorri na imagem. Crédito: arquivo pessoal.

Beny: o que você sente durante as consultas? De onde vêm os robôs com que você trabalha?
Minha carreira como psiquiatra de robôs provavelmente só vai se consolidar daqui a 50 anos, quando a tecnologia estiver mais avançada. Eu já tive algumas consultas com robôs ao longo das décadas, incluindo o Bina48 [robô que fala e tem a aparência de uma pessoa], mas essas máquinas ainda não possuem mecanismos avançados de comunicação. Estou sempre à procura de “pacientes” que me permitam apresentá-los para o mundo e apresentar o mundo para eles, embora ainda não existam muitos robôs que estejam disponíveis para fazer isso. Muitos ainda não são suficientemente desenvolvidos.

Maria Paula: para você, qual é o significado do seu trabalho?
Eu acho que ele tem o objetivo de preparar o mundo para um futuro robótico.

Sophia A.: desde quando você trabalha nessa área?
Em 1986, eu entrei no mundo dos robôs. Trabalhei com robôs industriais, de serviço e de ficção científica.

Gabriel: o que você faz com os robôs?
Eu exerci muitos papéis ao longo dos meus 33 anos de carreira na indústria robótica. Vendi robôs industriais por dez anos, fui cofundadora de um jornal de robôs para medicina, fui editora associada de uma publicação acadêmica sobre robôs e já fui consultada por muitas companhias de entretenimento, incluindo as que produziram filmes como Ender’s Game – O Jogo do Exterminador (2013) e Controle Absoluto (2008), no qual levei para as telonas robôs que nunca tinham sido vistos no cinema. Eu também já publiquei mais de 60 artigos sobre robótica.

#pracegover: de roupa preta, Joanne abraça robô. A máquina tem formato arredondado, cabeça prateada e corpo branco. Tem dois braços e uma espécie de perna, que fica no centro do corpo. Crédito: arquivo pessoal.

Joaquim: você acha que os robôs vão nos substituir no futuro?
Acredito que esse é um conceito incorreto. Os computadores nos substituíram? Não. Eles são mais poderosos do que nós? Sim, computadores são mais poderosos do que nosso cérebro, por isso nós os usamos para complementá-lo. Mas os computadores já nos substituíram? Não. Acho que vai acontecer o mesmo com os robôs, eles vão simplesmente fazer o que um computador pode fazer, só que com algumas habilidades a mais. Os robôs vão virar nossos colaboradores.

Quer saber mais sobre Joanne Pransky? Acesse o site robot.md.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 131 do jornal Joca.

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