O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, vai concorrer a um novo mandato nas eleições do ano que vem. Quem anunciou a novidade foi seu vice, Tareck El Aissami.

“Em 2018, teremos, se Deus e o povo quiserem, a reeleição de nosso irmão”, afirmou o político em comício do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) nessa quarta-feira, 29 de novembro.

Bastante aplaudido, o vice-presidente ainda disse que a eventual reeleição de Maduro será uma resposta à “perseguição financeira e às sanções dos Estados Unidos”.

A oposição, que ainda não apresentou concorrente, criticou o anúncio. Henry Ramos Allup, líder do partido oposicionista, disse que se Maduro quer fazer algo pelo país “tudo o que tem a fazer é deixar o poder e permitir que a Venezuela escolha um governo honesto e eficiente”.

As eleições do ano que vem ainda não têm candidatos estabelecidos. Além de Maduro, estão entre os possíveis nomes para a disputa o próprio Allup, o ex-governador Henri Falcón, o líder do partido Ação Democrática (AD) Julio Borges e a ex-deputada María Corina Machado.

Ex-motorista de ônibus, Nicólas Maduro está na presidência desde a morte de Hugo Chávez, em 2013, que o apontou como seu sucessor. Ele é criticado pela oposição por comandar  o país como ditador e usar violência para reprimir aqueles que são contra o governo. Muitas pessoas deixaram de apoiá-lo com a crise de abastecimento do país.

Seu mandato vai até 2019. Por lei, as eleições devem ser realizadas em dezembro de 2018, mas a oposição não descarta uma antecipação.

Saiba mais: 

República Bolivariana da Venezuela
CAPITAL: Caracas
POPULAÇÃO: mais de 30 milhões de pessoas
ÁREA: 916.445 km2
IDIOMAS: espanhol e línguas indígenas
RELIGIÃO: cristianismo (maioria)
EXPECTATIVA DE VIDA: 72 anos (homem) e 78 anos (mulher)
MOEDA: bolívar

Situação atual do país
FOME: um terço dos cidadãos come duas ou menos vezes por dia.
ESCASSEZ DE PRODUTOS: os hospitais estão sem remédio, e a população sem itens básicos, como papel higiênico.
INFLAÇÃO: subiu 800% em 2016. Por exemplo, um pão que custava 1 real passou a valer 9 reais um ano depois.
NOVA CONSTITUIÇÃO: o atual presidente e seus aliados irão reescrever as leis que vigoram no país.
PROTESTOS: entre fevereiro e maio de 2017, 43 pessoas morreram em manifestações contra o atual governo.

Por que a Venezuela chegou a esse ponto?
A Venezuela foi comandada por Hugo Chávez por 14 anos (de 1999 a 2013). A economia funcionava assim: o país vendia petróleo para o mundo a um preço alto e importava de outras nações produtos de que necessitava. O dinheiro do óleo (que representa 95% das exportações da Venezuela) financiava programas sociais e de saúde para os mais pobres. Com a queda do preço do petróleo, o país passou a ganhar menos e não tem mais dinheiro para manter os programas.

Confira o depoimento de Sergio Scanzoni, 15 anos, que mora em Caracas e escreveu com exclusividade para o Joca.

A minha vida na Venezuela 

O recente furacão Maria destruiu tudo por onde passou, causando mortes e falta de água, eletricidade e alimentos. A Venezuela enfrenta os mesmos problemas. A diferença é que nosso país não foi vítima de nenhum fenômeno natural. Foi a corrupção do governo que acabou com a força policial e nosso Exército, organizações que têm como principal função proteger o povo.

Os assuntos que mais me atormentam são insegurança e falta de alimentos. Como adolescente, minhas atividades incluem muito deslocamento, seja para ir ao clube ou a um centro comercial. Mas, para cada uma dessas atividades, existe um perigo. Em muitos países, um roubo é terrível. Aqui, as ruas ficam desertas às sete horas, os postes de luz não funcionam e há buracos em quase todas as vias. Qualquer carro que ande pelas ruas pode ser abordado.

Minha família já enfrentou dois sequestros nos últimos dois anos, e isso até hoje nos atormenta. Todos ficamos com medo quando temos que sair de casa. Não gosto de viver assim. Tenho sorte por estudar em um colégio (Academia Washington) que tem alimentos e medicamentos. Neste momento, embora todos os mercados tenham produtos à venda, os preços aumentam muito a cada semana e centenas de pessoas não têm dinheiro suficiente para alimentar a família. Estou em fase de crescimento e preciso comer muito. Minha família pode cobrir nossos gastos, mas imagino como deve ser difícil a vida de um adolescente com pouco dinheiro.

O governo pediu para a população criar coelhos para acabar com a fome, ao invés de importar alimentos ou criar vacas, animais que têm muita carne, ao contrário desses bichinhos. Lamentavelmente, essas são as “soluções” do governo. Outro problema grave é a falta de medicamentos. Vivemos em um país com baixa higiene, e diversas pessoas estão doentes. E muito difícil conseguir remédios e, geralmente, eles têm que ser trazidos de outros países.

Por tudo isso, é triste o futuro da Venezuela. Meus pais querem que eu estude em outros países, apesar de a educação aqui ser excelente. No meu colégio, preparam os alunos para estudar fora porque sabem que aqui tudo vai piorar. É por isso que quero que o mundo saiba o que está acontecendo na Venezuela e que façam alguma coisa, em especial a ONU (FAO e as Forças de Paz), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e os líderes dos países da América Latina, com exceção de Evo Morales.

Ajudem a Venezuela!*

*depoimento publicado originalmente na edição 103 do Joca versão impressa.

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