Muitas vezes, ter contato com as notícias pode trazer sentimentos como medo, insegurança e tristeza. Na escola em que a professora Thaís Goldstein dá aulas, em São Paulo (SP), isso foi explorado pelos alunos ao estudar a guerra na Ucrânia. “A guerra começa sendo quase como um filme acontecendo de verdade, mas, quando os estudantes souberam mais, perceberam que é algo assustador”, diz . Por isso os professores decidiram usar notícias para que os jovens entendessem a situação. “As primeiras discussões vieram cheias de fake news [notícias falsas], porque eles estavam falando sobre o que ouviam. Então tivemos que mostrar o que estava acontecendo e os motivos para tudo isso”, explica Thaís.

O estudante Beni M., 9 anos, também de São Paulo, compartilha do sentimento. “Às vezes, fico triste pelas pessoas e penso como seria se fosse comigo. Mas acho importante ter notícias, mesmo que tristes, para as pessoas ficarem informadas.”

Para Fabrizio S., 14 anos, do Colégio Ciman, em Brasília (DF), uma solução é conversar sobre as notícias que o deixam aflito. “Eu pergunto para meus professores qual é o contexto e como eles acham que o problema pode ser solucionado. Acredito que isso seja muito importante para entender melhor e formar nossa própria opinião, além de tentar me tranquilizar”, conta.

O que diz a especialista?
“Uma das coisas mais importantes quando esses sentimentos vêm é identificar que você tem um lugar seguro (um amigo, cuidador ou professor, por exemplo) e algo que te faz ficar mais calmo. Além disso, é importante não guardar o motivo do medo só para si, porque outra pessoa pode trazer um esclarecimento maior do assunto. Também é preciso entender que é comum ter reações normais, como medo, em situações anormais. E que, geralmente, essas reações melhoram com o tempo”, afirma Kamila Moratti, psicóloga do Médico Sem Fronteiras, programa que auxilia pessoas que sofrem em crises humanitárias, e mestre em saúde mental da criança e do adolescente.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 185 do jornal Joca.

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