Crédito de imagem: Alexi Rosenfeld/Getty Images/reprodução

Em 11 de agosto, o hip-hop completou 50 anos. Apesar de não se tratar de um consenso, essa é a principal data determinada para o nascimento do estilo, em razão de uma festa histórica organizada nesse dia, em 1973, no bairro do Bronx, em Nova York, Estados Unidos. No encontro foram introduzidos elementos hoje considerados símbolos do hip-hop, como a presença de um DJ mixando dois discos de vinil ao mesmo tempo enquanto um mestre de cerimônias (MC) improvisa raps.

O que é hip-hop?

É um movimento cultural com origem nas comunidades negras dos EUA, surgido na década de 1970. Nasceu como uma importante manifestação cultural de resistência para os descendentes de famílias africanas e latinas que viviam no país e hoje é apreciado mundialmente.

Universo hip-hop

Confira alguns dos principais elementos artísticos do estilo e profissionais que trabalham na área.

DJ: disco-jóquei (do inglês disc jockey), é o responsável por conduzir as músicas e batidas em um encontro de hip-hop.

Beatbox: tipo de batida musical que uma pessoa produz usando apenas a voz e o ar que sai da boca, podendo utilizar as mãos e outras partes do corpo para incorporar o som.

MC: o mestre de cerimônias compõe raps, participa de batalhas de rima e pode até improvisar com versos rítmicos que rimam enquanto um DJ toca ou um beatboxer faz uma batida.

Break dance: dança rápida e desafiadora, com giros, movimentos no solo e outros passos combinados com paradas abruptas. Os dançarinos são os b-boys ou b-girls.

Grafite: arte de rua feita com tinta em spray em espaços públicos, como muros, fachadas de prédios e trens.

Eles fazem parte do movimento

“Na cidade onde moro [São Paulo], o grafite mantém o hip-hop vivo. Aqui é muito grande, e essa cultura é forte como um todo, desde o rap, o break, DJ etc. […], acredito que por ser a maior cidade do país. E tem bastante cultura nas regiões mais afastadas do centro também. O que eu busco passar nas minhas obras é a realidade que eu vivo mesmo, a cultura da periferia; da força das mulheres, que muitas vezes são arrimo de família; muito da vestimenta da galera daqui, da cultura. Então eu pinto nada mais nada menos do que eu vivo e vejo. E sempre busco questões que dialoguem com o nosso cotidiano, que façam as pessoas que olham o meu grafite, a minha arte, pensar, não somente ver cores, como também conseguir visualizar ali alguma informação, seja de alegria, seja algum tipo de questionamento.”

Joks Johnes Alves Leite, grafiteiro

“O hip-hop para mim foi uma libertação, uma mudança de vida, pois mudou todas as formas de pensar. Com ele, venho libertando e transformando pessoas, dando aulas [de dança], contribuindo para que tenham uma vida melhor. Desde que eu comecei o projeto Identidade em Movimento (IDM), vi muitos jovens aprendendo sobre comprometimento, responsabilidade e autoestima. O hip-hop é isso, ele faz isso. O hip-hop é vida. Com a dança, quero que a galera entenda que todos os desafios possíveis podem ser superados, que todas as coisas ruins dessa vida podem ser esquecidas quando estiverem dançando. A dança é a alma para a vida, é a cura de uma dor interna que só a alma sente. Levamos a dança como estágio de liberdade.”

Dudu, coreógrafo e professor de dança
Dudu dançando com o grupo IDM. Crédito de imagem: Produtora Cultural IDM/divulgação

“Comecei a dançar e praticar break em 2016, com 17 anos, quando eu entrei no grupo de dança IDM, com o professor Dudu […]. Quando comecei a dançar e me envolver com o hip-hop, tive minha vida completamente transformada, comecei a ter comprometimento e responsabilidade, força de vontade de querer ajudar o próximo e amor pela arte e dança, porque a cultura tem esse potencial de transformar a vida de alguém. Hoje vejo como um papel importante o de contribuir para trazer e impactar jovens com o hip-hop, até mesmo com a minha arte, porque ela liberta, transforma, te tira da solidão, melhora sua autoestima, ocupa o seu tempo ocioso com arte e, automaticamente, você contribui para ajudar alguém, você impacta a vida de alguém com suas expressões e sentimentos. A mensagem que eu deixo é que, com a dança, podemos ser livres e quem realmente queremos ser. Hoje sou dançarina do grupo IDM, e procuramos transformar a vida de outras pessoas, como fomos transformados.”

Denise Dias, dançarina

“Eu trabalho com beatbox há uns 11 anos, mais ou menos, e já organizei batalhas, eventos, já participei de eventos como atração […] E é uma coisa muito maluca hoje poder ver que eu consigo viver e pagar minhas contas tendo essa experiência com o beatbox. […] O desafio de tudo isso é justamente a questão de estar evoluindo, pensando em conteúdos novos. Eu tenho meu trio com o Caio e a Cah e [estamos sempre] pensando em maneiras de apresentar o beatbox para as pessoas […] Quem vê um trio de beatbox de primeira acaba se assustando, é como se fosse uma arte circense. São três pessoas apresentando músicas que você escuta na rádio, escuta com seus amigos no Spotify, e você vê aquilo ao vivo… Às vezes, parece até ser mentira, que tem alguém dando um play no computador […] Então é muito importante a gente se manter estudando, antenados ao que está acontecendo, ao que está ocorrendo hoje na cultura mundial, para cativar mais pessoas.”

JokaBL, beatboxer

“O meu propósito na música é fazer com que as pessoas acreditem em si, que se inspirem nelas mesmas e em pessoas boas que estão ao redor delas também. Então a mensagem que eu gosto de passar na música é de salvação, determinação e perseverança. Eu quero que as pessoas acreditem no que eu estou falando ali na música e que peguem de inspiração para poder inspirar os outros. A mesma mensagem que eu gosto de passar na batalha [de rap], gosto de passar na música. Eu quero fazer música para mudar vidas, para que as pessoas acreditem mesmo que tudo pode melhorar e que elas corram atrás também do próprio progresso sem atrasar ninguém, que é o mais importante […]. A minha contribuição no cenário de batalhas funciona da seguinte maneira: eu tenho o propósito de salvar vidas com o meu freestyle e mudar muitos pensamentos, tirar várias pessoas da depressão, porque, querendo ou não, freestyle é uma válvula de escape para a depressão, que foi o que também me salvou em 2015, 2017. Eu quero poder salvar as outras pessoas que se encontram perdidas. O meu intuito é esse, fazer com que elas voltem para casa com perspectiva, esperança, fé, determinação e acreditando que tudo pode acontecer, só basta se levantar e ter força de vontade, não deixar nada te abalar. E não se intimidar com nenhuma barreira que a vida vai colocar na sua frente.”

MC Youngui
MC Youngui. Crédito de imagem: arquivo pessoal

Os pontos mais gratificantes e desafiadores de ser DJ no Brasil hoje é principalmente manter a cultura viva, as raízes, sabe? Poder tocar com toca-disco e representar um movimento que a gente sabe que não começou hoje. Acredito que é só o começo, (…) nós estamos conseguindo buscar cada vez mais realizar os nossos sonhos, dar continuidade, e o movimento se renova, né? Então seja na música, na cultura em geral, dança, grafite, o hip hop são quatro elementos, né? E é muito importante lembrar de cada um deles, eu acho que esse é um ponto muito desafiador. É muito gratificante fazer parte dessa cultura há dez anos e ver o quanto isso transforma a vida das pessoas e transformou a minha, principalmente no quesito “estudar”. O hip-hop, além dos quatro elementos, tem o quinto que é o conhecimento. E isso me trouxe uma vontade de estudar que a escola não tinha me trazido; sobre entender a minha história, buscar identificação com os líderes do movimento preto lá, desde as antigas — isso era hip-hop também. A gente vê que está tudo alinhado, é uma continuidade, e poder fazer parte disso é muito gratificante.

DJ Faul*

*ESSA MATÉRIA FOI ATUALIZADA EM DOIS DE OUTUBRO, ÀS 11H15, COM O DEPOIMENTO DO DJ FAUL.

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Comentários (3)

  • Preparamos as tabelas da Olimpíada e Paralimpíada de 2024 - Jornal Joca

    1 ano atrás

    […] estilo de dança, que se originou nos Estados Unidos na década de 70 com o Hip-hop. Nos jogos de 2024, haverá a competição masculina e feminina, em 9 e 10 de agosto. Os b-boys e […]

  • hhhhhh

    1 ano atrás

    adorei todos

  • oi

    1 ano atrás

    Achei muito interessante...

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