Pesquisadores do Instituto Arqueológico Alemão encontraram grandes construções típicas de cidades feitas por pessoas que viviam na floresta amazônica, no norte da Bolívia, antes da chegada dos europeus à região. As descobertas foram publicadas na revista científica Nature, em 25 de maio.

Tudo indica que as obras foram feitas por povos que pertenciam à chamada cultura casarabe, que existiu entre os anos 500 e 1400, e ocupou uma área de aproximadamente 4.500 km2 (cerca de três vezes o tamanho da cidade de São Paulo). Nessa região, eles ergueram pirâmides de mais de 20 metros de altura (mais ou menos o tamanho de um prédio de seis andares) e estruturas para guardar água, como canais e reservatórios.

Um dos pontos de mais destaque, chamado Cotoca, tinha 147 hectares (um hectare equivale a um campo de futebol). Ele incluía 18 espaços menores, além de canais e calçadas que faziam ligação com outras construções, lagos e o rio Ibare, perto da região.

Até então, a ciência tinha poucas informações sobre as construções da cultura casarabe, já que a vegetação da região não permitia que elas fossem vistas. Para driblar esse problema, os pesquisadores usaram aparelhos chamados de “lidar”, uma espécie de radar com luzes infravermelhas que permite enxergar além das árvores sem desmatar a região.

O estudo é o primeiro a mostrar que, antes da chegada dos europeus à América, existiram povos na Amazônia responsáveis por grandes construções, que exigiam um número alto de trabalhadores e materiais. Antes disso, eram conhecidas apenas aldeias de tamanhos e estruturas menores na região.

De acordo com a pesquisa publicada na Nature, mesmo os maiores povos da época, que tinham populações numerosas e estradas que ligavam diferentes locais, não tinham o hábito de erguer estruturas tão grandiosas como as da cultura casarabe.

A floresta amazônica se estende pelo território de nove países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.

Fontes: Folha S.Paulo, G1 e Nature.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 189 do jornal Joca.

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